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sábado, 5 de maio de 2007

O xiquexique na caatinga

A foto

Nesta foto podemos observar uma área de caatinga com predominância do xiquexique. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE em agosto de 2002.

O fato


O xiquexique é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus gounellei. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 2,5 a 3,7 m de altura, com copa medindo de 1,5 a 4,5 m. Os frutos são bagas arredondadas, achatadas vermelho-escuro com 5 a 6 cm de comprimento e 6 a 6,5 cm de diâmetro com 25,3 a 97,4 g. Os frutos do xiquexique são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente os pássaros. Esta planta tem apresentado um bom desenvolvimento em áreas de solos degradados e de irregularidades na distribuição das chuvas. Assim, pode-se considerar que o xiquexique, como outras cactáceas do semi-árido é uma opção para o repovoamento de áreas onde não mais é possível o cultivo de lavouras tradicionais como milho, feijão, etc. Contudo, o xiquexique ainda possibilita seu aproveitamento na alimentação dos rebanhos e na culinária com alguns doces e geléias.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O corte e queima do mandacaru para alimentação dos caprinos na caatinga


A foto


Nesta foto, podemos observar os agricultores cortando e queimando mandacaru para alimentação dos animais na seca. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato

O mandacaru é uma das plantas da caatinga nordestina de maior utilização pelos agricultores na seca como suplementação alimentar dos animais. No período de seca que ocorre, geralmente nos meses de agosto a janeiro, os pequenos agricultores que tem rebanhos de caprinos e ovinos, cortam o mandacaru, queimam os espinhos e ofertam para os animais. Segundo dados de experimentos realizados em algumas comunidades da Bahia e Pernambuco, os animais que recebem suplementação de mandacaru, conseguem superar o período de seca e em alguns casos, ainda aumentam um pouco de peso. Todavia, os animais que buscam alimentos apenas na caatinga, perdem até 25% do peso e muitos morrem. O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Cereus; Espécie: Cereus jamacaru P. DC. É uma planta arbustiva, ampla distribuição. Porte variando de 2,5 a 12,0 m de altura, copa medindo de 3,5 a 6,5 m de diâmetro. Os frutos são bagas vermelho-vivo com 5 a 15 cm de comprimento e 25 a 37 g. Sua composição é de: Matéria seca (13,92%); Proteína bruta (7,89%); Fibra bruta (14,56%); FDN (50,49%); FDA (42,82%); e DIVMS (76,44%).

O consumo da coroa-de-frade pelos caprinos na caatinga


A foto



Nesta foto, podemos observar um agricultor ofertando coroa-de-frade para os caprinos. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato



No período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste, os pequenos agricultores enfrentam muitas dificuldades para alimentar seus rebanhos. Em anos de chuvas irregulares, já no mês de agosto os animais não encontram mais comida suficiente para sua sustentação na caatinga. Para agravar esta situação, a falta de água é outro fator de preocupação para os pequenos criadores. Contudo, algumas plantas da caatinga, com destaque para o mandacaru, a coroa-de-frade, o facheiro e o xiquexique, entre outras, são utilizadas de forma regular na suplementação dos animais. A coroa-de-frade (Melocactus bahiensis Britton & Rose), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Melocactus. Espécie: Melocactus bahiensis. É uma planta de caule globoso, cônico de ampla distribuição no semi-árido é muito utilizada pelos agricultores. Porte variando de 5,7 a 26,57 cm de altura e diâmetro de 12,5 a 24,5 cm. Frutos são bagas vermelho-claro com 1,6 a 2,5 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm de diâmetro com peso de 0,52 a 1,23 g. Esta cactácea contém bastante água e uma porção significativa de proteína que contribui na alimentação dos animais. Sua composição é de matéria seca (12,41%); proteína bruta (7,69%); fibra bruta (27,23%); FDN (51,27%); FDA (38,59%); e DIVMS (78,42%).

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A sobra do mandacaru consumido pelos animais


A foto



Nesta foto, podemos observar o que sobra do mandacaru após o consumo pelos animais. A foto foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em outubro de 2004.

O fato



O mandacaru é cortado pelos agricultores e queimado para retirada dos espinhos. Após este procedimento é ofertado livremente aos animais. Os animais consomem a parte tenra do mandacaru deixando como sobra a parte lenhosa. Quando a planta é nova, o consumo é bem maior, todavia, em plantas mais velhas, onde o caule é mais fibroso, há uma sobra considerável do mandacaru. Alguns agricultores que dispõem de máquina forrageira, trituram o mandacaru e aproveitam totalmente. Contudo, a melhor forma de evitar os espinhos é a queima ou sua retirada com faca, pois, mesmo triturado, os espinhos podem causar danos aos animais. Em nossas observações, registramos alguns acidentes com animais que consumiram mandacaru triturado sem a retirada ou queima dos espinhos.

A retirada dos espinhos do mandacaru


A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor cortando os espinhos do mandacaru para ser ofertado aos bovinos. A foto foi obtida no município de Riachão do Jacuípe, Bahia em outubro de 2005.


O fato



Tradicionalmente, o mandacaru é queimado para retirada dos espinhos antes de ser ofertado aos animais. A prática da queima do mandacaru é secular na região seca do semi-árido nordestino, contudo a queima tem causado diversos transtornos, tanto para os agricultores, quanto para os animais. Em algumas comunidades do sertão baiano, os agricultores desenvolveram uma técnica de retirar os espinhos do mandacaru sem a queima. Eles utilizam uma faca e cortam de forma superficial a camada dos espinhos. Desta forma, o aproveitamento do mandacaru poder ser feito mais racionalmente e sem danos para os homens e animais.

As ameaças de extinção do mandacaru


As fotos



Nestas fotografias, podemos observar o corte do mandacaru para alimentar os animais na seca. As fotos foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores para alimentação de seus rebanhos em períodos de seca, esta planta não apresenta condições de sustentação para grandes animais, tipo bovino. O mandacaru é uma alternativa utilizada para suplementação de pequenos rebanhos de caprinos e ovinos na caatinga seca, animais com pouca exigência alimentar que consome um volume bem menor do que um bovino de 150 a 200 kg de peso vivo. A utilização do mandacaru para este fim, pode contribuir de forma positiva para sua extinção. No município de Riachão do Jacuípe, observamos em levantamentos realizados no período de 1996 a 2006 que a densidade do mandacaru foi reduzida em mais de 75%. No período de observação, não foi registrada nenhuma atividade de plantio do mandacaru por parte dos agricultores, contudo, observou-se um ligeiro aumento nos rebanhos, principalmente de bovinos. Como alguns agricultores utilizam máquinas forrageiras para trituração do mandacaru, cada dia mais, esta cactácea esta diminuindo na região.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O consumo da favela pelos caprinos na caatinga


As fotos


Nestas fotografias, podemos observar caprinos consumindo brotos e casca da favela no período de seca. A fotografia foi obtida na comunidade de Xiquexique no município de Curaçá, BA, em 2005.






Os fatos


A favela (Cnidoscolus phyllacanthus (Muell. Arg.) Pax. Et K. Hoffman) é uma forrageira nativa das caatingas do Nordeste com sua distribuição geográfica nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, muito consumida pelos animais, principalmente no período de seca. A favela é arbusto de grande porte da família das EUPHORBIACEAE com ramos lenhosos e crassos, com porte variando de 3,5 a 7,8 m, esgalhada irregularmente e armada com espinhos nas folhas. Quando os ramos são cortados, exsudam látex branco. Suas folhas são simples, alternas, espessas, lanceoladas, nervuras com espinhos urticantes. As flores são alvas, hermafroditas. Os animais consomem as folhas maduras quando estas caem no chão no final do período de chuvas. Na seca, alimentam-se dos brotos e casca da favela. Suas sementes são consumidas por animais silvestres e pelos caprinos que regurgitam as cascas nos apriscos. Em uma pesquisa para se verificar o consumo de favela pelos animais na caatinga no período de seca nas comunidades de Xiquexique, Pedreira e Pirajá no município de Curaçá – BA, no período de setembro a outubro de 2005. Foi observado o consumo da favela pelos caprinos nas três comunidades. Os animais ramoneiam a favela no período entre as 8 e 10 horas da manhã, consumindo, principalmente os brotos e a casca. Os agricultores informaram que no período de maio a julho quando as folhas maduras da faveleira caem os animais dão preferência a este tipo de alimentos. Na comunidade de Xiquexique os agricultores estão evitando o corte da favela para garantir alimentos para os animais na seca. Quanto à ocorrência da favela nas comunidades, observou-se uma variação de 12 a 68 plantas/ha, sendo de 11 a 68 plantas/ha na comunidade do Xique-xique, 10 a 41 plantas/ha em Pedreira e de 37 a 58 plantas/ha na comunidade de Pirajá.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A coleta de xilopódios do imbuzeiro para produção de doce



A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor retirando xilopódios de uma planta de imbuzeiro para produção de doce. A foto foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE no ano de 2003.


O fato



Na região semi-árida do Nordeste, muitos agricultores retiram os xilopódios de plantas adultas de imbuzeiro para produção de doce em massa, o chamado “doce de cuca de imbu”. Este tipo de doce é encontrado na maioria das feiras-livres da região e, também é levado para São Paulo, onde é bastante consumido. Essa atividade, embora seja uma alternativa de geração de renda para os agricultores, pode ser uma causa da degradação do meio ambiente e levar o imbuzeiro a extinção. Os xilopódios do imbuzeiro são órgãos de reserva do sistema radicular que armazenam água e substâncias nutritivas que são utilizados pelas plantas nos períodos de estiagem, com isso, a retirada dos xilopódios pode causar sérios danos as plantas. Em um estudo realizado durante 10 anos numa área de 197 hectares de caatinga do município de Lagoa Grande, PE, onde os agricultores retiravam xilopódios para produção de doce de 1182 plantas, foram encontradas menos de 5% de plantas mortas atribuídas a retirada de xilopódios. A maioria das plantas mortas (16,5%) foi cortada pelos agricultores para retirada de mel de abelha e 3,87% das plantas mortas foram atacadas por brocas e cupins que destruíram seus caules.

domingo, 22 de abril de 2007

Consumo de xiquexique pelos caprinos na seca


A foto


Nesta foto, podemos observar um caprino consumindo o xiquexique no campo. A fotografia foi obtida na comunidade de São Pedro no município de Jaguarari, BA no período de seca de 2005.

O fato


O xiquexique (Pilocereus gounellei K. Schum) é uma Cactaceae utilizada, pelos agricultores, como uma alternativa para alimentação dos animais em períodos de longa estiagem nas caatingas do Nordeste brasileiro. Esta planta é a última alternativa dos agricultores para salvar seus animais, devido a grande dificuldade de sua utilização. Realizamos um trabalho de pesquisa que teve como objetivo verificar o consumo de xique-xique pelos animais na caatinga e a sua utilização pelos agricultores das comunidades de Ouricuri e Caldeirãozinho (Uauá - BA) e Passagem de São Pedro (Jaguarari - BA). O levantamento foi realizado, no período de agosto a setembro de 2005, com a aplicação de um questionário junto aos agricultores das comunidades sobre a utilização do xique-xique na alimentação dos animais e a observação do consumo desta planta diretamente no campo pelos animais. Os resultados demonstraram que o xique-xique é utilizado por 36,54% dos agricultores da comunidade de Ouricuri, por 54,27% dos agricultores de Passagem de São Pedro e por 48,32% dos agricultores de Caldeirãozinho. Quanto ao consumo das plantas no campo, em média, cada planta é visitada por 4 a 6 caprinos no intervalo de 5 dias.

sábado, 21 de abril de 2007

O xilopódio do mamãozinho-de-veado


A foto


Nesta foto, podemos observar uma túbera ou xilopódio do mamãozinho-de-veado. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, em agosto de 2005.


O fato


O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze - CARICACEAE) é um arbusto da caatinga do Nordeste, cujo sistema radicular é constituído de xilopódios que pode alcançar até 350 kg. Esta planta é chamada de mamãozinho-de-veado, porque no período da safra, o veado catingueiro consome seus frutos. O xilopódio é utilizado pelos agricultores no período de seca para alimentar os animais. Os agricultores escavam o solo, cortam a planta e retiram o xilopódio. Em algumas comunidades o xilopódio também é utilizado para produção de doce em massa. Todavia, esta atividade pode colocar esta planta em risco de extinção, visto que, poucos agricultores colhem os frutos e retiram as sementes para o plantio. Em nossas pesquisas com o mamãozinho-de-veado em uma área de caatinga da Embrapa Semi-Árido, obtivemos plantas com xilopódio pesando até 12,47 kg aos 3 anos de crescimento, indicando que o cultivo desta planta pode ser uma boa alternativa para os agricultores alimentarem seus animais na seca.