sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

As chuvas voltaram ao Sertão de Pernambuco em 2013


As fotos

Nesta fotografia podemos observar o momento de uma chuva, barreiros com água captada da chuva e plantas de sete-cascas floridas no Sertão de Pernambuco. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

Na noite de 17 de janeiro de 2013, após 365 dias sem chuvas significativas no Sertão de Pernambuco, finalmente os sertanejos acordaram no dia 18 de janeiro com partes de suas cisternas e barreiros com bastante água. Para a maioria dos municípios do Sertão as chuvas desse dia foram significativas. No município de Araripina choveu 114,6 mm. No município de Exu a precipitação total foi de 101 mm, seguido pelos municípios de Moreilândia com 80 mm, Santa Filomena com 75,8 mm e Belém do São Francisco com 66,5 mm, segundo dados da  Agência Pernambucana de Águas (http://www.apac.pe.gov.br/meteorologia). Nos demais municípios do Sertão Pernambucano e do Sertão do São Francisco, as precipitações foram significativas, diante da situação de calamidade que os mesmos enfrentavam. No Campo Experimental da Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE, a precipitação foi de 80 mm.  Esse volume veio quebrar o quadro de seca severa, visto que, nesta área choveu somente 145,5 mm em todo o ano de 2012. Em 35 anos de observações, 2012 foi um dos piores anos de irregularidade de chuvas no Sertão do Nordeste. Este final de semana será de expectativa se haverá mais chuvas, todavia, muitos agricultores já iniciaram o plantio na esperança de conseguir alguma produção se ocorrer outras chuvas na região. O mais importante neste momento é que essas chuvas trouxeram um grande alívio para muitos agricultores que já tinham perdido parte dos rebanhos por falta de alimentos e sede. Agora há uma certeza de que nos próximos dias haverá pastagem para os animais e a água acumulada nos barreiros irá matar a sede dos mesmos. Contudo, o que mais alegra os sertanejos é que os especialistas em clima que só davam notícias ruins afirmando que 2013 será semelhante a 2012, eraram novamente e 2013 teve um bom início para o Sertão. 

sábado, 5 de janeiro de 2013

As cisternas de polietileno no Sertão do Nordeste



 As fotos

Nestas fotografias podemos ver algumas cisternas de plástico e o transporte das mesmas no Sertão do Nordeste. As fotografias foram obtidas em Comunidades de Pernambuco, Bahia, Piauí.






Os fatos

Embora o ano de 2012 tenha sido marcado por uma seca severa que afetou toda região semiárida do Nordeste, duas ações governamentais tiveram destaque neste ano. A primeira foi o alcance da meta de  implantação de meio milhão cisternas de placas em todo o semiárido coordenada pelo Programa Cisternas, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a segunda: o início da produção e distribuição das cisternas de plástico pelo  Ministério da Integração Nacional, com objetivo de instalar 300 mil cisternas de polietileno e 450 mil de placas de cimento até 2014. Até o final de 2012 já haviam sido instaladas 17,8 mil cisternas de polietileno no Semiárido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Embora algumas organizações sociais tenham feito severas críticas ao programa das cisternas de plástico, apenas 134 apresentaram deformações ou irregularidades de fabricação. Entre os argumentos dos críticos o mais forte é que  o governo federal vai investir R$ 1,5 bilhão na instalação de 300 mil cisternas de plástico, enquanto que esse valor gasto pelo governo corresponde a mais que o dobro do que a ASA ( Articulação no Semiárido ) gastou para construir 500 mil cisternas de placas no Semiárido até o momento. A discussão básica é que cada cisterna de plástico custa aos cofres públicos R$ 5 mil e a cisterna de placa custa R$ 2.080,00. Por outro lado, as controversas sobre a eficiência e resistência das cisternas de plástico na região semiárida do Nordeste não se sobrepõe a capacidade e o alcance que o Programa Água Para Todos do Brasil Sem miséria vem desenvolvendo. Segundo o Relatório do Tribunal de Contas da União, os problemas apresentados pelas cisternas de placas, tais como, vazamentos, contaminação da água e mau funcionamento das bombas, tem comprometido o êxito deste programa. Contudo, o grande avanço alcançado pelo Programa Água Para Todos é o acesso à água para o consumo pelas famílias que até então não tinham sido atendidas pelo P1MC nesses últimos 10 anos. Com a agilidade que o programa vem atuando, as 750 mil famílias rurais sem acesso a água de consumo será atendida até 2013. Uma das características marcante é que as famílias não ficam mais a mercê das políticas locais manipuladas pelas lideranças que escolhia quem e quando receberia uma cisterna. Hoje já é possível ver cisternas em residências recém-construídas. A pergunta que nos preocupa é se teremos carros-pipas para abastecer todas essas cisternas, visto que, a distribuição de água pelos carros-pipas em 2012 não foi suficiente para atender as necessidades dos agricultores nas mais diversas áreas dos sertões nordestinos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Água e alimentos para os animais na seca



As fotos

Nestas fotografias podemos observar o consumo de plantas nativas da caatinga pelos animais no período de seca. As fotografias foram obtidas em áreas de caatinga de Pernambuco e da Bahia.












Os fatos

Tivemos em 2012 um dos piores anos para agricultura e pecuária dependente de chuvas nos sertões do Nordeste. As irregularidades das chuvas provocou a perda das culturas tradicionais como o milho, o feijão, a mandioca, entre outras e a morte de um grande número de animais, principalmente de bovinos. As chuvas não foram suficientes para formação de pastagens e para acumulação de água nos açudes e barreiros para os animais. Água para o consumo das famílias, embora com dificuldades, foi fornecida pelos governos Federal, estaduais e  municipais com a operação carro-pipa. Más, água para a produção de alimentos e consumo dos animais foi o grande dilema desta seca. Muitos agricultores venderam parte dos rebanhos para comprar água e alimentos para os animais restantes, porém, muitos outros perderam praticamente todo seu rebanho. Que ensinamento podemos tirar dessa seca! Nos últimos 30 anos, muitas alternativas para convivência com a seca foram desenvolvidas e/ou adaptadas por órgãos federais e estaduais para que os agricultores que habitam as regiões de maior incidência de seca pudessem superar as dificuldades da falta de chuvas. Algumas dessas alternativas como o capim buffel não foram suficientes para superar a seca, mais provocaram grande desmatamentos da caatinga com a formação de áreas de pastagens. Por outro lado, pouco ou quase nada foi realizado no sentido de conscientizar os agricultores que as plantas nativas da caatinga poderiam contribuir substancialmente para superação das dificuldades para alimentação dos animais na seca. Más, o que se viu neste ano foram cenas já bastante conhecidas dos agricultores, isto é, a utilização maciça das plantas da caatinga como única alternativa, em muitos casos, para salvar os animais. Essas plantas são o mandacaru, o xiquexique, o facheiro, a macambira, o caroá, entre outras. Mesmo com a falta de chuvas, essas plantas salvaram a vida de muitos animais na caatinga e a trajetória de muitas famílias do Sertão. Todavia, para aqueles agricultores que tiveram nas plantas da caatinga a salvação dos animais, talvez eles repensem e comecem a cultivar essas plantas para que em futuras secas suas dificuldades sejam amenizadas.