A foto
Nesta fotografia podemos observar um agricultor acompanhando a queima de lenha em um forno ou caieira para produção de carvão vegetal. A fotografia foi obtida em 20 de setembro de 2002 no município de Petrolina, PE.
O fato
Há muitas controvérsias quanto à degradação da vegetação natural da caatinga. Contudo, a utilização da lenha para produção de carvão vegetal é uma das alternativas de renda para muitos pequenos agricultores. Esses agricultores que produzem pequena quantidade de carvão para consumo próprio e para venda em suas comunidades, realmente não são os grandes vilões do Sertão. Um detalhe que precisa ser esclarecido é que, de modo normal, os agricultores utilizam parte da madeira seca para produção do carvão. Em função das dificuldades inerentes a produção, este produto é para o consumo das famílias e, uma pequena parte é vendida. O saco de carvão é vendido por até 5 reais, valor muito baixo, se for considerado o trabalho para sua obtenção. Segundo os agricultores, eles só fazem carvão para venda quando a situação está muito difícil. Com certeza, não são esses agricultores responsáveis pela devastação demonstrada recentemente nos estudos que demonstraram um aumento no total de caatinga desmatada de 43,38% para 45,39% nos últimos seis anos. A taxa anual média de desmatamento nos seis anos foi de 2.763 quilômetros quadrados. Levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) divulgado recentemente apontou que, entre 2002 e 2008, a caatinga teve 16.576 quilômetros quadrados desmatados, o que equivale a mais da metade da área do Estado de Alagoas. Por outro lado, em algumas áreas do Sertão de Pernambuco, principalmente na divisa dos municípios de Serra Talhada e Custódia, esta atividade está contribuindo para a devastação da caatinga, visto que, o carvão é produzido em grande escala e vendido para indústrias na capital Recife. Dessa região sai semanalmente 8 a 10 caminhões com 12 toneladas cada um de carvão. Não são esses produtores de carvão os verdadeiros pequenos agricultores, pois eles estão a serviço dos grandes atravessadores que levam o carvão para as indústrias. Porque não se faz uma ação diretamente nas indústrias, assim, não haveria como vender o carvão e parte da nossa caatinga seria preservado.