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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ataque de pragas as sementes do mororó ou pata de vaca



A foto

Nesta fotografia podemos observar sementes de mororó danificadas por insetos.  A fotografia foi obtida em 14 de julho de 2011 na caatinga da Estação Experimental da Caatinga na Embrapa semiárido no município de Petrolina, PE.


O fato

Nas caatingas do Sertão nordestino há uma ocorrência significativa da pata de vaca ou mororó (Bauhinia forticata). Esta árvore é da família Caesalpinaceae do grupo ecológico pioneira com ocorrência em florestas estacionais e semidecíduais, floresta ombrófila densa , floresta de araucária  e cerrado. Pode ser encontrada principalmente nos estados da BA, CE, PB, PE, PI, AL, SE e RN. Tem sua dispersão autocoria, isto é,  a dispersão ocorre por mecanismos da própria planta, que lança suas sementes pelas redondezas. No caso do mororó, esse mecanismo caracteriza-se pela secagem das vagens que se retorcem e quando se abrem, jogam as sementes longe da planta. Sua polinização é do tipo quiropterofilia. A quiropterofilia é o tipo de polinização noturna realizada por morcegos, que são atraídos por flores de forte odor. A floração pode ocorre logo após as primeiras chuvas nos meses de novembro a dezembro e a frutificação de abril a julho. O mororó pode ser utilizado par produção de carvão, arborização urbana, estacas, entre outras. Todavia, é na medicinal caseira que o mororó se destaca.  A pata de vaca é usada tradicionalmente como medicamento no controle da diabete. Estudos científicos comprovaram que contém insulina.  Embora o mororó tenha uma grande produção de sementes, um percentual significativo das sementes são danificadas  por pragas dificultando sua propagação. As principais pragas das sementes do mororó são os bruquídeos da espécie Gibbobruchus speculifer, cujas larvas atacam as sementes durante seu desenvolvimento causando danos consideráveis. Na fotografia, pode-se observar as sementes do mororó com larvas e adultos do Gibbobruchus speculifer.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O carvão vegetal da caatinga nordestina





A foto

Nesta fotografia podemos observar uma mãe e um filho retirando carvão de uma  caieira. A fotografia foi obtida em 30 de outubro de 2002 no município de Petrolina, PE.

O fato

No interior do Sertão nordestino a maneira mais tradicional de se obter calor para a produção de alimentos pelos pequenos agricultores que residem na zona rural é a utilização da lenha ou do carvão vegetal obtido de plantas da caatinga. Para muitos moradores da caatinga, o carvão vegetal é uma opção para utilização na cozinha e uma fonte de renda. Todavia, não é esta lenha retirada em pequena escala que está causando a devastação da caatinga como tem sido demonstrado em estudos recentes que a área original da caatinga já sofreu um desmatamento na ordem de 45,39% nos últimos anos. Os pequenos agricultores há anos fazem a extração de lenha para produção de carvão, construção de cercas e, principalmente para cultivo de lavouras tradicionais como o milho e o feijão. Há outro lado da história que precisa ser discutido, isto é, esse aumento na taxa de desmatamento da caatinga tem como causa primordial, a demanda de lenha e carvão vegetal de grandes complexos industriais das capitais nordestinas.  Por exemplo, em algumas áreas do Sertão de Pernambuco, principalmente na divisa dos municípios de Serra Talhada e Custódia, esta atividade está contribuindo para a devastação da caatinga, visto que, o carvão é produzido em grande escala e vendido para indústrias na capital Recife. Dessa região sai semanalmente 8 a 10 caminhões com 12 toneladas cada um de carvão. Na Chapada do Araripe que tem o maior pólo gesseiro da América Latina e os diversos pólos cerâmicos como Açu e Seridó (RN), Russas (CE), Cariri Paraibano (PB), o carvão atende o interesse do grande capital empresarial. Essa exploração verdadeiramente pode esta levando à caatinga a extinção, pois para atender essas demandas, grandes áreas de caatinga têm que ser devastada. Más, aqueles agricultores que produzem carvão para seu consumo e um pouco para venda em mercados locais, nunca serão responsáveis pela devastação do bioma caatinga.

domingo, 10 de julho de 2011

A torrefação da farinha de mandioca no Sertão de Pernambuco




A foto

Nesta fotografia podemos ver um agricultor torrando a farinha. A fotografia foi obtida no dia 7 de julho de 2011 na Comunidade de Sítio Barreiro no Distrito de Pau Ferro, município de Petrolina, PE.

O fato

A farinha de mandioca (Jatropha manihot) é uma das principais fontes de energia para os agricultores do Sertão nordestino. É impossível sentar a mesa de uma residência na caatinga e não ter farinha de mandioca para comer junto com um bode cozido. A farinha de mandioca algumas vezes é o único alimento para muitos sertanejos em anos de seca. No processo de preparo da farinha, a torrefação é uma das etapas mais importante, visto que, se não for retirada a umidade da farinha, ela perde a qualidade e logo vai mofar. Assim, após a retirada da massa da prensagem, a farinha deve ir para o forno para retirar o restante da umidade, deixando a farinha seca, pronta para ser estocada por vários meses. Há uma infinidade de formas de torrefação da farinha, contudo o mais tradicional é em um forno construído em alvenaria onde se utiliza a lenha seca da caatinga para produzir o calor. Não é tão simples a torrefação da farinha, na maioria das comunidades há pessoas que são mais aptas para essa atividade, em função da experiência na produção da farinha. Torrar a farinha não é muito difícil, todavia, é preciso saber mexer o rodo. A ciência da torrefação é o ponto de retirada da farinha para colocação de uma nova sem deixar a farinha queimar. Se não souber mexer pode deixar a farinha embolar e esta perde a qualidade. Na fotografia podemos ver um torrador de farinha desenvolvendo suas habilidades para que a farinhada tenha sucesso.

sábado, 9 de julho de 2011

O caprino adaptado as condições de adversidades do Sertão nordestino




A foto

Nesta fotografia, podemos observar caprinos consumindo o facheiro. A fotografia foi obtida no dia 19 de dezembro de 2001 na área de caatinga da Comunidade de Alto do Angico em Petrolina, PE.

O fato

Da colonização até os dias atuais, o rebanho de caprinos não para de crescer no Nordeste brasileiro. Atualmente são mais de 8,5 milhões de cabeças. Esses animais são à base de sustentação de muitas famílias de agricultores no Sertão do Nordeste. Todavia a manutenção desses animais nos períodos de seca é uma luta imensurável para os agricultores. Muitas das raças introduzidas no começo da colonização desenvolveram características adaptativas às adversidades climáticas e de vegetação do bioma caatinga. Embora o tempo de vida dos caprinos seja relativamente curto em termos de seleção natural, algumas raças apresentaram sinais de adaptação à região e seu plantel tem aumentado. Por outro lado, muitas raças exóticas têm sido introduzidas recentemente na região e por meio do cruzamento indiscriminado com as raças já consideradas nativas pode levar ao surgimento de animais com pouca capacidade de adaptação as condições dos sertões nordestinos.  Nosso bode nativo está adaptado a vegetação composta, principalmente por espécies como a jureminha (Desmanthus virgatus, L. Willd), a faveira (Parkia platycephala Benth), o juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart), o imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), o mororó (Bauhinia cheilantha, Bong. Steud.), o feijão bravo (Capparis flexuosa L.), a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & K. Hoffm.), o pau-ferro (Caesalpina férrea Mart.), a favela (Cnidoscolus phyllacanthus Pax & H. Hoffm.), o mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.), o facheiro (Pilosocereus pachycladus Ritter), o xiquexique (Pilosocereus gounellei (A. Webwr ex K. Schum.) Bly. Ex Rowl.),  entre outras. Todavia, só as raças de caprinos consideradas nativas tem condições de sobreviver na região, visto as dificuldades da oferta de alimentos no período de seca de mais de 6 meses. Na fotografia podemos ver caprinos de raças nativas consumindo partes do facheiro no mês de dezembro de 2001. Neste ano, choveu 340,9 mm na Comunidade de Alto do Angico, sendo: 4,2 mm em janeiro; 29,8 mm em fevereiro; 210,6 mm em março; 16,2 mm em abril; 2,8 mm em maio; 38,9 mm em junho; 1,8 mm em julho e 6,2 mm no mês de agosto. Nos meses de setembro e outubro não ocorreu precipitação na região. Já em novembro e dezembro, ocorreram 2,2 e 28,2 mm, respectivamente. Assim, do mês de abril a dezembro de 2001, as chuvas não foram significativas para formação de pastagens para os animais.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O boi magro da caatinga nordestina





A foto

Nesta fotografia, podemos observar alguns bovinos muito magros na caatinga seca. A fotografia foi obtida no dia 7 de novembro de 2007 na caatinga da comunidade de Barreiro no município de Petrolina, PE.

O fato

O Brasil possui um dos maiores rebanhos comercial de bovinos do mundo com mais de 204 milhões de animais. Desse total, 12,70% encontra-se nos Estados do Nordeste. Contudo, na região semiárida a pecuária apresenta índices zootécnicos muito baixos, principalmente em termos de lotação das pastagens. Tentando elevar estes índices, muitos agricultores do Sertão nordestino desmatam a caatinga para introdução de pastagens, principalmente o Capim Buffel (Cenchrus ciliaris). Porém, para que a pecuária do semiárido alcance melhores índices de produtividade, há necessidade da adoção de alternativas tecnológicas que melhorem o desempenho por animal (ganho de peso vivo) e a capacidade de suporte (número de animais por unidade de área). Para obtenção de melhoria no desempenho animal, deve-se levar em conta a ingestão de matéria seca, a qualidade da forragem e o potencial genético do animal. Na caatinga nordestina onde o pastejo ocorre livremente na maior parte das propriedades, as secas regulares são fatores que impedem que os animais obtenham valores significativos de ingestão de matéria seca, visto que a oferta de pastagem é limitada na maior parte do ano. Quanto ao potencial genético, é quase impossível que este se desenvolva com animais consumindo, mandacaru, xiquexique, macambira e palma forrageira para escapar da seca. Todavia, algumas raças podem está se adaptando a essas condições e sobrevivendo no Sertão, como vemos na fotografia. Esse é nosso bovino que sobreviverá às mudanças climáticas.

O cultivo da palma forrageira no Sertão do Nordeste



A foto

Nesta fotografia, podemos observar uma grande planta de palma forrageira. A fotografia foi obtida no dia 21 de dezembro de 2010 na Comunidade de Sítio Pereiro no Distrito de Pau Ferro, município de Petrolina, PE.

O fato

Nada é mais nordestina do que a palma forrageira. Essa cactácea segue os passos dos primeiros animais introduzidos pelos colonizadores no Nordeste brasileiro. Sempre se faz uma pergunta! Como criar animais nas caatingas do Sertão sem a palma forrageira. Embora haja muitas controvérsias sobre a origem da palma forrageira no Sertão, muitos estudiosos afirmam que a introdução da palma se deu pelos portugueses na época da colonização, provavelmente trazida das Ilhas Canárias, sendo estas de origem mexicana. Inicialmente, foi utilizada para a produção de corantes naturais “carmim”, vindo a ser utilizada como forragem somente por volta de 1915. O nosso grande Guimarães Duque afirmou que a palma forrageira foi introduzida no Nordeste em 1900 e que após a seca avassaladora de 1932 foi plantada em todos os Estados do Nordeste. No Nordeste  brasileiro são encontrados três tipos de palma forrageira; a gigante - da espécie (Opuntia fícus indica); a redonda (Opuntia sp); e a miúda (Nopalea cochenilifera). Todavia, acreditamos que há um grande número de variedades de palma forrageira na caatinga resultantes dos cruzamentos destas espécies, desde a sua introdução. Considerando que no Nordeste há mais de 20 milhões de cabeças de bovinos, 8 milhões de ovinos e cerca de 9 milhões de caprinos, a palma forrageira torna-se uma alternativa energética de grande valor para os agricultores alimentarem seus rebanhos, principalmente na época da seca.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A prensagem da massa da mandioca para produção de farinha




A foto

Nesta fotografia podemos observar um agricultor prensando a massa da mandioca para produção de farinha. A fotografia foi obtida no dia 7 de julho de 2011 na Comunidade de Sítio Barreiro no Distrito de Pau Ferro, município de Petrolina, PE.

O fato

Depois que a mandioca é triturada, a massa deve ser prensada para retirada da manipueira ou a água da mandioca. A etapa da prensagem da massa da mandioca obtida do triturador é muito importante para a qualidade da farinha. Antes de ir para prensa, a massa fica armazenada, temporariamente, em um tanque ou algum recipiente. A etapa da prensagem é responsável pela diminuição da umidade da raspa da mandioca. A raspa é colocada na prensa em sacos de ráfia com camadas de aproximadamente, 15 a 20 cm. São colocadas várias formas e com 50 minutos à uma hora de prensa, a raspa já pode ir para o forno. A água extraída da prensagem é rica em amido, contudo, deve-se tomar muito cuidado para que essa água não seja consumida por animais. Quando a massa é retirada da prensa, vai para um depósito onde é peneirada e depois para o forno. Na fotografia podemos ver um agricultor prensando a massa da mandioca para produção de farinha em uma prensa bastante artesanal.