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quarta-feira, 20 de julho de 2011

O início da floração do imbuzeiro no Sertão de Pernambuco




A foto

Nesta fotografia podemos observar uma planta de imbuzeiro com flores. A fotografia foi obtida no dia 19 de julho de 2011 no Campo Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido em Petrolina, PE

O fato
O imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é planta nativa da região semiárida do Nordeste brasileiro de grande importância para a complementação da renda dos pequenos agricultores. Entretanto, seu ciclo reprodutivo ainda é pouco estudado, o que dificulta um planejamento da produção para melhor aproveitamento da safra. Em um trabalho de pesquisa realizado no período de 1999 a 2002 com o objetivo de acompanhar a evolução do ciclo reprodutivo do imbuzeiro, compreendido entre a emissão do primórdio do botão floral e a maturação do fruto, obtivemos resultados bastante significativos. O estudo foi realizado na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido com doze plantas nativas. Em cada planta foram escolhidos, ao acaso, em diferentes partes da copa, 392 ramos e etiquetados para anotações das ocorrências fenológicas. Nos dados obtidos foram determinados médias, desvios-padrão e coeficiente de variação. O período médio demandado entre o início da frutificação e a maturação dos frutos foi de 125,56 dias. A fenologia reprodutiva do imbuzeiro na região do sertão de Pernambuco ocorre no período mais crítico e na ausência de precipitações. Na fotografia podemos ver o iniciou da floração do imbuzeiro no dia 19 de julho de 2011. Como já sabemos que o período entre a frutificação e a maturação dos frutos é de 125 dias, acreditamos que na primeira quinzena de novembro já teremos imbu maduro na região.

domingo, 17 de julho de 2011

O efeito da cobertura morta na retenção de água no solo





A foto

Nesta fotografia podemos observar as perdas de água em uma área com cobertura vegetal morta. A fotografia foi obtida no dia 23 de março de 2010 no Campo Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE.


O fato


Perda de água de chuva pelo escoamento superficial é um dos grandes problemas de todas as regiões áridas e semiáridas do mundo. Na região Nordeste, dos mais de 700 bilhões de m³ que ocorre com as chuvas, 642 bilhões e 600 milhões de m³ é consumido pela evapotranspiração e 36 bilhões ou 5,1%, perde-se por escoamento superficial para os rios, e destes para o mar. Contudo, não é só a perda de água, visto que a erosão consiste no processo de desprendimento, arraste e deposição das partículas do solo pelo arraste das enxurradas para áreas não agricultáveis. Entre as alternativas para minimizar essas perdas, a utilização de coberturas mortas com palhadas seca é uma das que apresenta melhores resultados. A cobertura morta pode ser composta de restolhos de vegetais de qualquer espécie. Todavia a sua distribuição na superfície é que vai contribuir para maior eficiência deste método. Na fotografia podemos ver a cobertura vegetal morta utilizando palhada composta com o capim corrente (Urochloa mosambicensis (Hack.) de vegetação espontânea. No dia 22 de março de 2010 ocorreu uma precipitação  de 52,2 mm na Estação Experimental da Caatinga, como a área de pesquisa é de 10 x 5 m, equivalente a 50 m2, pode-se dizer que caíram 2.610 litros de água na área, contudo só escoou 41,2 litros, equivalente a 1,57% do volume precipitado, demonstrando a eficiência da cobertura morta.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O consumo de frutos do imbuzeiro pelos caprinos na caatinga




A foto


Nesta fotografia podemos observar caprinos consumindo frutos do imbuzeiro.  A fotografia foi obtida em 28 de março de 2008 caatinga do município de Petrolina, PE.


O fato

O imbuzeiro é uma fruteira nativa de grande importância para alimentação dos animais domésticos e silvestres da região semi-árida do Nordeste. Uma parte significativa da produção do imbuzeiro é aproveitada pelos agricultores para comercialização dos frutos in natura e para o processamento de diversos produtos. Todavia, a maior parte da produção de frutos é consumida, principalmente pelos caprinos, ovinos, bovinos e animais silvestre. Em trabalho de pesquisa com o objetivo de avaliar a quantidade de frutos de imbuzeiro consumidos na safra por caprinos em três comunidades da região semiárida do Sertão de Pernambuco com densidade média de 8 plantas por hectare, foi observado que, em média, um caprino consome 10.126 frutos por safra, equivalentes a 131 kg de frutos.  Essa quantidade pode ser maior em áreas com maior densidade do imbuzeiro na caatinga.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ataque de pragas as sementes do mororó ou pata de vaca



A foto

Nesta fotografia podemos observar sementes de mororó danificadas por insetos.  A fotografia foi obtida em 14 de julho de 2011 na caatinga da Estação Experimental da Caatinga na Embrapa semiárido no município de Petrolina, PE.


O fato

Nas caatingas do Sertão nordestino há uma ocorrência significativa da pata de vaca ou mororó (Bauhinia forticata). Esta árvore é da família Caesalpinaceae do grupo ecológico pioneira com ocorrência em florestas estacionais e semidecíduais, floresta ombrófila densa , floresta de araucária  e cerrado. Pode ser encontrada principalmente nos estados da BA, CE, PB, PE, PI, AL, SE e RN. Tem sua dispersão autocoria, isto é,  a dispersão ocorre por mecanismos da própria planta, que lança suas sementes pelas redondezas. No caso do mororó, esse mecanismo caracteriza-se pela secagem das vagens que se retorcem e quando se abrem, jogam as sementes longe da planta. Sua polinização é do tipo quiropterofilia. A quiropterofilia é o tipo de polinização noturna realizada por morcegos, que são atraídos por flores de forte odor. A floração pode ocorre logo após as primeiras chuvas nos meses de novembro a dezembro e a frutificação de abril a julho. O mororó pode ser utilizado par produção de carvão, arborização urbana, estacas, entre outras. Todavia, é na medicinal caseira que o mororó se destaca.  A pata de vaca é usada tradicionalmente como medicamento no controle da diabete. Estudos científicos comprovaram que contém insulina.  Embora o mororó tenha uma grande produção de sementes, um percentual significativo das sementes são danificadas  por pragas dificultando sua propagação. As principais pragas das sementes do mororó são os bruquídeos da espécie Gibbobruchus speculifer, cujas larvas atacam as sementes durante seu desenvolvimento causando danos consideráveis. Na fotografia, pode-se observar as sementes do mororó com larvas e adultos do Gibbobruchus speculifer.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O carvão vegetal da caatinga nordestina





A foto

Nesta fotografia podemos observar uma mãe e um filho retirando carvão de uma  caieira. A fotografia foi obtida em 30 de outubro de 2002 no município de Petrolina, PE.

O fato

No interior do Sertão nordestino a maneira mais tradicional de se obter calor para a produção de alimentos pelos pequenos agricultores que residem na zona rural é a utilização da lenha ou do carvão vegetal obtido de plantas da caatinga. Para muitos moradores da caatinga, o carvão vegetal é uma opção para utilização na cozinha e uma fonte de renda. Todavia, não é esta lenha retirada em pequena escala que está causando a devastação da caatinga como tem sido demonstrado em estudos recentes que a área original da caatinga já sofreu um desmatamento na ordem de 45,39% nos últimos anos. Os pequenos agricultores há anos fazem a extração de lenha para produção de carvão, construção de cercas e, principalmente para cultivo de lavouras tradicionais como o milho e o feijão. Há outro lado da história que precisa ser discutido, isto é, esse aumento na taxa de desmatamento da caatinga tem como causa primordial, a demanda de lenha e carvão vegetal de grandes complexos industriais das capitais nordestinas.  Por exemplo, em algumas áreas do Sertão de Pernambuco, principalmente na divisa dos municípios de Serra Talhada e Custódia, esta atividade está contribuindo para a devastação da caatinga, visto que, o carvão é produzido em grande escala e vendido para indústrias na capital Recife. Dessa região sai semanalmente 8 a 10 caminhões com 12 toneladas cada um de carvão. Na Chapada do Araripe que tem o maior pólo gesseiro da América Latina e os diversos pólos cerâmicos como Açu e Seridó (RN), Russas (CE), Cariri Paraibano (PB), o carvão atende o interesse do grande capital empresarial. Essa exploração verdadeiramente pode esta levando à caatinga a extinção, pois para atender essas demandas, grandes áreas de caatinga têm que ser devastada. Más, aqueles agricultores que produzem carvão para seu consumo e um pouco para venda em mercados locais, nunca serão responsáveis pela devastação do bioma caatinga.

domingo, 10 de julho de 2011

A torrefação da farinha de mandioca no Sertão de Pernambuco




A foto

Nesta fotografia podemos ver um agricultor torrando a farinha. A fotografia foi obtida no dia 7 de julho de 2011 na Comunidade de Sítio Barreiro no Distrito de Pau Ferro, município de Petrolina, PE.

O fato

A farinha de mandioca (Jatropha manihot) é uma das principais fontes de energia para os agricultores do Sertão nordestino. É impossível sentar a mesa de uma residência na caatinga e não ter farinha de mandioca para comer junto com um bode cozido. A farinha de mandioca algumas vezes é o único alimento para muitos sertanejos em anos de seca. No processo de preparo da farinha, a torrefação é uma das etapas mais importante, visto que, se não for retirada a umidade da farinha, ela perde a qualidade e logo vai mofar. Assim, após a retirada da massa da prensagem, a farinha deve ir para o forno para retirar o restante da umidade, deixando a farinha seca, pronta para ser estocada por vários meses. Há uma infinidade de formas de torrefação da farinha, contudo o mais tradicional é em um forno construído em alvenaria onde se utiliza a lenha seca da caatinga para produzir o calor. Não é tão simples a torrefação da farinha, na maioria das comunidades há pessoas que são mais aptas para essa atividade, em função da experiência na produção da farinha. Torrar a farinha não é muito difícil, todavia, é preciso saber mexer o rodo. A ciência da torrefação é o ponto de retirada da farinha para colocação de uma nova sem deixar a farinha queimar. Se não souber mexer pode deixar a farinha embolar e esta perde a qualidade. Na fotografia podemos ver um torrador de farinha desenvolvendo suas habilidades para que a farinhada tenha sucesso.

sábado, 9 de julho de 2011

O caprino adaptado as condições de adversidades do Sertão nordestino




A foto

Nesta fotografia, podemos observar caprinos consumindo o facheiro. A fotografia foi obtida no dia 19 de dezembro de 2001 na área de caatinga da Comunidade de Alto do Angico em Petrolina, PE.

O fato

Da colonização até os dias atuais, o rebanho de caprinos não para de crescer no Nordeste brasileiro. Atualmente são mais de 8,5 milhões de cabeças. Esses animais são à base de sustentação de muitas famílias de agricultores no Sertão do Nordeste. Todavia a manutenção desses animais nos períodos de seca é uma luta imensurável para os agricultores. Muitas das raças introduzidas no começo da colonização desenvolveram características adaptativas às adversidades climáticas e de vegetação do bioma caatinga. Embora o tempo de vida dos caprinos seja relativamente curto em termos de seleção natural, algumas raças apresentaram sinais de adaptação à região e seu plantel tem aumentado. Por outro lado, muitas raças exóticas têm sido introduzidas recentemente na região e por meio do cruzamento indiscriminado com as raças já consideradas nativas pode levar ao surgimento de animais com pouca capacidade de adaptação as condições dos sertões nordestinos.  Nosso bode nativo está adaptado a vegetação composta, principalmente por espécies como a jureminha (Desmanthus virgatus, L. Willd), a faveira (Parkia platycephala Benth), o juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart), o imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), o mororó (Bauhinia cheilantha, Bong. Steud.), o feijão bravo (Capparis flexuosa L.), a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & K. Hoffm.), o pau-ferro (Caesalpina férrea Mart.), a favela (Cnidoscolus phyllacanthus Pax & H. Hoffm.), o mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.), o facheiro (Pilosocereus pachycladus Ritter), o xiquexique (Pilosocereus gounellei (A. Webwr ex K. Schum.) Bly. Ex Rowl.),  entre outras. Todavia, só as raças de caprinos consideradas nativas tem condições de sobreviver na região, visto as dificuldades da oferta de alimentos no período de seca de mais de 6 meses. Na fotografia podemos ver caprinos de raças nativas consumindo partes do facheiro no mês de dezembro de 2001. Neste ano, choveu 340,9 mm na Comunidade de Alto do Angico, sendo: 4,2 mm em janeiro; 29,8 mm em fevereiro; 210,6 mm em março; 16,2 mm em abril; 2,8 mm em maio; 38,9 mm em junho; 1,8 mm em julho e 6,2 mm no mês de agosto. Nos meses de setembro e outubro não ocorreu precipitação na região. Já em novembro e dezembro, ocorreram 2,2 e 28,2 mm, respectivamente. Assim, do mês de abril a dezembro de 2001, as chuvas não foram significativas para formação de pastagens para os animais.