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sábado, 8 de janeiro de 2011

A seca e os bovinos na caatinga do Sertão de Pernambuco




A foto

Nesta fotografia, podemos observar alguns bovinos na caatinga seca. A fotografia foi obtida no dia 4 de setembro de 2010 na caatinga da comunidade de Barreiro no município de Petrolina, PE.

O fato

A seca é uma regularidade na vida dos pequenos agricultores do Sertão de Pernambuco. Todo ano os agricultores já sabem que terão dificuldades para alimentar seus animais no período de seca que normalmente, ocorre de agosto a janeiro. Em alguns anos, ocorrem chuvas em outubro e dezembro que aliviam de forma significativa a fome dos animais e a falta de água. Contudo, quando as chuvas são irregulares, isto é, chove pouco mais de 250 a 350 mm no ano, na caatinga não é muita fácil para os agricultores que vivem nesta região. A situação fica mais difícil para aqueles agricultores que possuem bovinos, visto que, estes animais necessitam de um volume maior de alimentos para sobreviver no período de seca e, conseguir alimentos na caatinga seca não é tarefa fácil. Por outro lado, para aqueles agricultores que criam somente caprinos e ovinos, fica mais fácil conseguir alimentos para suplementar os animais no período de seca. Uma das alternativas mais utilizadas pelos agricultores para salvar partes dos rebanhos é a utilização das cactáceas da caatinga, principalmente o mandacaru, o xiquexique e a macambira. Na fotografia podemos ver alguns bovinos em busca de alimentos, pois na caatinga já não é mais possível sobreviver na seca.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O imbuzeiro na medicina caseira no Sertão do Nordeste




A foto

Nesta fotografia podemos ver uma agricultora e sua neta retirando galhos de uma planta de imbuzeiro para chá. A fotografia foi obtida no dia 17 de julho de 2002 na Comunidade de Sítio Alto do Angico no município de Petrolina, PE.

O fato

Tradicionalmente, muitas plantas da caatinga são utilizadas pelos agricultores como medicinais. Em cada região do Sertão nordestino, sempre há uma receita que nos momentos difíceis ajudam os agricultores a amenizar as enfermidades. Embora poucas plantas tenham sua eficiência comprovada pela medicina tradicional, os chás e outros preparos têm sido usados intensivamente pelos agricultores. São diversas recomendações de plantas que curam diarréias, febre, reumatismo, dor de cabeça, gripe, tosse, contusões, etc. Quem ainda não tomou um pouco de mastruz com leite para curar alguma enfermidade, principalmente, as contusões e fraturas. Quem ainda não tomou um lambedor de manjericão com mel de abelha para facilitar a expectoração. Nada mais saudável do que um chá de capim santo e cidreira. São tantas recomendações que muitas vezes somos surpreendidos pela eficiência dessas receitas. Quem ainda não tomou um chá de erva doce, alecrim e cravo da índia para acabar com a labirintite. Na fotografia podemos ver uma agricultora e sua neta retirando galhos de uma planta de imbuzeiro para produção de chá. Segundo os agricultores a casca do imbuzeiro é utilizada como desinfetante, cicatrizante e anti-inflamatório. O broto é utilizado na forma de chá para problemas intestinais. O chá da folha madura é excelente para gripes, resfriados e bronquites.

A casa de taipa no Sertão do Nordeste





A foto

Nesta fotografia podemos ver a construção de uma casa de taipa. A fotografia foi obtida no dia 1 de agosto de 2006 na Comunidade de Serra da Santa no município de Petrolina, PE.

O fato

O sonho de toda família é uma casa para morar. Independente da classe social, a construção de uma casa é uma tarefa difícil, principalmente quando a família não dispõe de recursos financeiros suficientes para aquisição do material e mão-de-obra.  Para as famílias dos pequenos agricultores do Sertão, uma alternativa é a construção de uma casa de taipa. A facilidade deste tipo de construção permite que o agricultor possa trabalhar em seus afazeres e na casa quando houver tempo. Na construção da casa de taipa o agricultor constrói uma casa com as próprias mãos. O processo consiste primeiramente da formação da estrutura da casa com madeiras obtidas na caatinga, posteriormente é colocada a telha e em seguida vem a colocação do barro. O barro é molhado para facilitar sua adesão às treliças de madeira e arremessado com força. Um fato importante é que não há pressa para o término da construção, dia a dia o agricultor vai fazendo uma parte da casa. A grande certeza é que na inauguração haverá uma festa. Aqui não há nenhuma engenharia de construção, contudo, há a esperança de dias melhores e um local para viver. No final com certeza haverá uma grande festa com sanfona para todos os vizinhos. Por outro lado, neste tipo de moradia, há possibilidade de ocorrência do besouro Barbeiro, causador da doença de Chagas, v isto que, as festas da madeira e do barro facilitam a proliferação deste inseto. O bom é que todo  agricultor tivesse uma casa de alvenaria, todavia essa realidade ainda esta muito longe.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A sombra das árvores na caatinga do Nordeste




A foto

Nesta fotografia podemos ver um rebanho de caprinos e ovinos na sombra de uma baraúna (Schinopsis brasiliensis) na caatinga. A fotografia foi obtida no dia 25 de setembro de 2003 na caatinga do município de Petrolina, PE.

O fato

Um dos grandes problemas que os criadores de animais da caatinga enfrentam é a isolação. No Nordeste brasileiro no período de seca que varia entre 6 a 9 meses, a pouca ou nenhuma cobertura de nuvens provoca uma exposição muito forte das plantas e animais aos raios solares. Este fenômeno é um agravante para todo o ecossistema da região, principalmente para os animais domésticos como os caprinos, ovinos e bovinos. Um fato interessante é que nas áreas de pastoril onde as grandes árvores foram cortadas para formação de pastagem não há como os animais se protegerem do sol. Esta exposição afeta severamente o desenvolvimento dos animais, visto que, estes já estão debilitados pela deficiência de alimentos. De modo geral, são aproximadamente mais de 3000 horas anuais de insolação. Este elevado índice de insolação contribui para que as temperaturas sejam sempre altas, com médias térmicas anuais elevadas na região do Sertão. Uma forma de proteger os animais é a formação de sombras com grandes árvores. Entre estas árvores destaca-se a Baraúna (Schinopsis brasiliensis). Mais esta planta tem sido indicada como causadora da morte dos cabritos pela ingestão das vagens que causam problemas intestinais levando os animais a morte. Assim, os agricultores hoje não mais estão preservando estas plantas. 

sábado, 1 de janeiro de 2011

O carvão vegetal no Sertão de Pernambuco




A foto

Nesta fotografia podemos observar um agricultor acompanhando a queima de lenha em um forno ou caieira para produção de carvão vegetal. A fotografia foi obtida em 20 de setembro de 2002 no município de Petrolina, PE.

O fato

Há muitas controvérsias quanto à degradação da vegetação natural da caatinga. Contudo, a utilização da lenha para produção de carvão vegetal é uma das alternativas de renda para muitos pequenos agricultores. Esses agricultores que produzem pequena quantidade de carvão para consumo próprio e para venda em suas comunidades, realmente não são os grandes vilões do Sertão. Um detalhe que precisa ser esclarecido é que, de modo normal, os agricultores utilizam parte da madeira seca para produção do carvão. Em função das dificuldades inerentes a produção, este produto é para o consumo das famílias e, uma pequena parte é vendida. O saco de carvão é vendido por até 5 reais, valor muito baixo, se for considerado o trabalho para sua obtenção. Segundo os agricultores, eles só fazem carvão para venda quando a situação está muito difícil. Com certeza, não são esses agricultores responsáveis pela devastação demonstrada recentemente nos estudos que demonstraram um aumento no total de caatinga desmatada de 43,38% para 45,39% nos últimos seis anos. A taxa anual média de desmatamento nos seis anos foi de 2.763 quilômetros quadrados. Levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) divulgado recentemente apontou que, entre 2002 e 2008, a caatinga teve 16.576 quilômetros quadrados desmatados, o que equivale a mais da metade da área do Estado de Alagoas.  Por outro lado, em algumas áreas do Sertão de Pernambuco, principalmente na divisa dos municípios de Serra Talhada e Custódia, esta atividade está contribuindo para a devastação da caatinga, visto que, o carvão é produzido em grande escala e vendido para indústrias na capital Recife. Dessa região sai semanalmente 8 a 10 caminhões com 12 toneladas cada um de carvão. Não são esses produtores de carvão os verdadeiros pequenos agricultores, pois eles estão a serviço dos grandes atravessadores que levam o carvão para as indústrias. Porque não se faz uma ação diretamente nas indústrias, assim, não haveria como vender o carvão e parte da nossa caatinga seria preservado.