quarta-feira, 4 de abril de 2007

As fabriquetas de doce do fruto do imbuzeiro


A foto
Nesta foto, podemos ver agricultoras da comunidade de Fazenda Brandão no município de Curaçá, BA, processando doce, geléia e suco de imbu. A foto foi obtida na safra de 2004.

O fato

As fabriquetas são núcleos de produção de tecnologias populares, com características e funções comunitárias, que visam o fortalecimento da renda familiar. No interior da região semi-árida do Nordeste as fabriquetas estão sendo cada vez mais implementadas para o aproveitamento dos produtos regionais, com destaque para a produção de derivados de leite no estado de Sergipe, de castanha do caju no Ceará e Rio Grande do Norte e do fruto do imbuzeiro no estado da Bahia. A COOPERCUC, Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá coordena a ação de 13 fabriquetas de derivados do fruto do imbuzeiro no Estado da Bahia. O agronegócio do imbu movimenta, anualmente mais de US$ 6 milhões. Mais recentemente, parte da produção de derivados do fruto do imbuzeiro como doces e geléias foram exportadas para a França, seguindo os caminhos já traçados pela castanha do caju e outros produtos provenientes de fruteiras nativas da região semi-árida do Nordeste. A produção extrativista do imbuzeiro na região foi de 9.237 toneladas em 2004. O Estado da Bahia é o maior produtor de frutos do imbuzeiro e o maior consumidor. Contudo, considerando que esse volume indicado pelo IBGE não incluem os frutos utilizados nas dezenas de fabriquetas da região, a potencialidade do imbuzeiro é muito além do que se conhece. O objetivo deste estudo foi identificar as fabriquetas de processamento de doce do fruto do imbuzeiro em comunidades da região semi-árida do Nordeste. O trabalho foi realizado de janeiro a dezembro de 2005. Foram realizadas viagens às comunidades dos municípios de Casa Nova, Juazeiro, Curaçá, Uauá, Jaguarari e Canudos no Estado da Bahia para identificação das comunidades onde os agricultores realizaram o extrativismo do fruto do imbuzeiro. Foram visitadas 28 comunidades. As informações obtidas foram submetidas a análises estatísticas. No levantamento realizado nas 28 comunidades dos municípios de Curaçá, Uauá, Canudos, Jaguarari, Juazeiro e Casa Nova no Estado da Bahia foram contados 361 famílias que tiveram pessoas envolvidas no extrativismo do fruto do imbuzeiro na safra de 2005. Desse total, apenas 107 famílias tiveram pessoas que participaram do processamento do fruto do imbuzeiro em 15 comunidades que possuem fabriquetas de doce. As demais famílias que colheram imbu em 2005 venderam os frutos para atravessadores, nas margens das rodovias que cruzam a região e nas feiras livres das cidades mais próximas, principalmente em Juazeiro da Bahia e Petrolina, PE. Os frutos adquiridos pelos atravessadores foram distribuídos, principalmente na Feira de São Joaquim em Salvador. As famílias que participaram das fabriquetas obtiveram uma renda média de R$ 3.896,16 com a comercialização dos produtos. Já para as famílias que venderam os frutos in natura, a renda média foi de R$ 819,68. Em algumas comunidades as pequenas fabriquetas já possuem estruturas que dão melhores condições para o trabalho de preparação de doces, sucos e geléias. Todavia, nas comunidades onde esta atividade está iniciando, a condição de processamento são mínimas. A colheita de frutos do imbuzeiro realizada pelos agricultores das comunidades acompanhadas na região semi-árida do Estado da Bahia é de grande importância para a absorção de mão-de-obra e geração de renda da maioria das famílias rurais da região. Essa atividade contribui para fixação do homem no campo por meio da renda disponível na entressafra do imbuzeiro. As fabriquetas têm demonstrado que o processamento mínimo possível dado ao fruto do imbuzeiro pode ser um diferencial na composição da renda dos agricultores, além de garantir trabalho nos demais meses do ano.

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