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sexta-feira, 6 de abril de 2007

A germinação de sementes do imbuzeiro


A foto


Nesta foto, podemos observar as diversas etapas da germinação da semente do imbuzeiro. A foto foi realizada na casa de vegetação da Embrapa Semi-Árdio em Petrolina, PE.


O fato


O imbuzeiro apresenta propagação sexuada ou gâmica. A propagação sexuada é obtida por meio de enxertia e estaquia. A propagação gâmica ocorre por meio das sementes. Na caatinga, a principal forma de propagação do imbuzeiro é as sementes. As sementes do imbuzeiro apresentam uma dormência inicial que está relacionada diretamente com a maturidade fisiológica. Esta dormência pode prolonga-se de 15 a 180 dias, variando entre plantas. Todavia, em alguns casos, sementes plantadas no mesmo dia da colheita apresentam um baixo índice de germinação (1 a 3%). Já sementes plantadas aos 180 dias após a colheita apresentam índice de germinação de até 98%. A germinação tem início entre 5 e 8 dias após o plantio da semente, contudo, se houve falta de umidade no solo, as sementes só iniciam a germinação quando as condições estiverem adequadas, isto pode levar até mais de um ano.

Planta de imbuzeiro com 75 anos de crescimento


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com idade estimada em 75 anos. A foto foi realizada na caatinga do município de Petrolina, PE.

O fato


Para realizarmos o trabalho de determinação da idade desta planta, a produção de frutos foi acompanhada por cinco anos e plantada 120 mudas provenientes das sementes na área de caatinga onde a planta se encontrava. A planta foi cortada e todas suas dimensões foram anotadas. A planta apresentava as seguintes medidas: Altura da planta: 6,78 m; Diâmetro do caule ao nível do solo: 72,33 cm; Circunferência do caule ao nível do solo: 1,66 m; Maior diâmetro copa: 13,32 m; Menor diâmetro copa: 7,74 m; Altura da copa: 4,77 m.; Altura do fuste: 1,16 m; Peso galhos e folhas: 391,88 kg; Peso das folhas verde: 78,36 kg; Maior comprimento raiz lateral: 15,65 m; Maior profundidade da raiz: 1,66 m; Número de xilopódios: 2.075; Peso total dos xilopódios: 4.049,50 kg.; Peso médio dos xilopódios: 1,95 kg.; Produção média de frutos em 5 anos: 397 kg.

Planta de imbuzeiro com um ano de crescimento

A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com 1 ano de idade. A foto foi obtida em janeiro de 2005 na caatinga do município de Petrolina, PE.


O fato

Uma planta jovem de imbuzeiro com um ano de idade apresenta as seguintes características: Altura da planta: 87,25 cm; Diâmetro do caule ao nível do solo:0,912 cm; Circunferência do caule ao nível do solo: 6,54 cm; Maior diâmetro da copa: 38,27 cm; Menor diâmetro da copa:12,45 cm; Altura da copa: 68,54 cm; Altura do fuste: 18,71 cm; Peso dos galhos e folhas: 275,75 g; Peso das folhas: 36,5 g; Comprimento raiz lateral: 38,47cm; Profundidade da raiz: 68,56 m; Número de xilopódios: 4; Peso dos xilopódios: 22,45 g; Peso médio dos xilopódios: 5,61 g.

O consumo de folhas secas do imbuzeiro pelos caprinos


A foto
Nesta foto, podemos observar um rebanho de caprinos consumindo folhas secas e maduras caídas do imbuzeiro. A foto foi obtida no mês de julho de 2006 no município de Petrolina, PE.
O fato
Quando o imbuzeiro inicia a senescência folhiar nos meses de maio a julho, uma grande quantidade de folhas caem das plantas ao chão e são consumidas pelos caprinos, ovinos e bovinos. A importância das folhas do imbuzeiro neste período é que na caatinga tem início o período de estiagem que prolonga-se até o mês de novembro/dezembro e a oferta de alimentos para os animais é muito baixa. A folha seca e madura do imbuzeiro contém: 87,71% de matéria seca; 13,11% de proteína bruta; 35,15% de fibra em detergente neutro; 16,87% de fibra em detergente ácido e 39,56% de digestibilidade "in vitro" da matéria seca. Em média, uma planta de imbuzeiro fornece até 54 kg de folhas secas e maduras para os animais.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A germinação de sementes de mamãozinho-de-veado


A foto
Nesta foto, podemos observar uma infloresçência do mamãozinho-de-veado e alguns frutos já desenvolvidos. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, na safra de 2006.

O fato
O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze - CARICACEAE) é um arbusto da caatinga do Nordeste, cujos frutos são consumidos pelos animais silvestres. O sistema radicular é constituído de xilopódios que pode alcançar até 350 kg. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do período de armazenamento no vigor das sementes do mamãozinho-de-veado. O trabalho foi realizado no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2005 em uma área sob telado na Embrapa Semi-Árido em Petrolina – PE. As sementes foram obtidas de frutos maduros em uma única planta. O teor de água inicial foi obtido de uma amostra pelo método de secagem em estufa a 105 ± 3°C por 24 horas. O lote das sementes foi dividido em três sublotes e armazenado sob temperatura de 26°C ± 2°C e 65% UR até o período da semeadura que ocorreu até 6, 12 e 24 meses. O delineamento estatístico foi de blocos ao acaso, com três tratamentos e quatro repetições. A semeadura foi efetuada em caixas de zinco medindo 34 cm x 27 cm x 9 cm, em substrato de areia lavada em profundidade média de 1,5 cm e irrigadas diariamente. Efetuou-se a contagem diária do número de plântulas emergidas durante o período de avaliação. O peso médio das sementes na colheita foi de 2,39 mg. Na semeadura o lote 1 apresentava 59,36% de teor de água. Os demais lotes apresentavam teores de água de 52,34% e 43,85%, respectivamente. A emergência e o índice de velocidade de emergência das sementes armazenadas até 6 meses foi de 87,54% e 4,89, respectivamente. A emergência e o índice de velocidade de emergência decresceram para as sementes armazenadas até 12 meses (36,54% e 1,87). Aos 24 meses, houve perda total do vigor das sementes. Pelas características observadas, as sementes do mamãozinho-de-veado podem ser classificadas como recalcitrantes.

A renda obtida pelos agricultores com a venda do imbu


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar um grupo de agricultoras vendendo frutos do imbuzeiro às margens da BR. As fotografias foram obtidas no município de Jaguarari, BA.





Os fatos

A agricultura familiar da região semi-árida do Nordeste brasileiro tem sua sustentabilidade na exploração de culturas de subsistência como milho, feijão e mandioca e a criação de caprinos e ovinos. Por outro lado, há outras fontes de renda e de absorção de mão-de-obra, bastante significativas, como o extrativismo vegetal, de modo especial, o fruto do imbuzeiro. O negócio com o umbu na região semi-árida do Nordeste, que vai da colheita, comercialização, processamento de doces e polpas, chegam a rende cerca de US$ 6 milhões ao ano para economia regional. O imbuzeiro tem grande importância socioeconômica para as populações rurais da região semi-árida do Nordeste, no fornecimento de frutos saborosos, nutritivos e túberas, radicular doce e rica em água. O extrativismo do fruto do imbuzeiro é praticado nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e na parte semi-árida de Minas Gerais, sendo o Estado da Bahia o maior produtor com uma média 10.000 toneladas colhidas por ano. O objetivo de trabalho foi estudar a participação do extrativismo do fruto do imbuzeiro na absorção de mão-de-obra e geração de renda dos pequenos agricultores de 5 comunidades localizadas na região semi-árida do estado da Bahia. O trabalho foi realizado em 5 comunidades de pequenos agricultores localizada na região semi-árida do estado da Bahia, cuja tradição é o extrativismo vegetal do fruto do imbuzeiro. A investigação ocorreu em duas etapas. A primeira ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2001, quando foram realizadas visitas as comunidades para o levantamento das famílias que tinham pessoas envolvidas no extrativismo do fruto do imbuzeiro. A segunda etapa do trabalho aconteceu durante a safra do imbuzeiro nos meses de janeiro a março de 2002, quando foi realizado um acompanhamento junto aos agricultores de cada comunidade que participaram da colheita do imbu. Nas comunidades onde foi realizado o acompanhamento da safra do imbuzeiro em 2002, observou-se que esta atividade teve uma contribuição significativa na absorção de mão-de-obra e na geração de renda para os pequenos agricultores. Um total de 293 agricultores participaram da colheita em 2002 nas 5 comunidades, com uma média de 58 agricultores envolvidos nesta atividade por comunidade. Na comunidade de Fazendinha, 58 agricultores colheram imbu em 2002 num período médio de 69 dias de colheita. Essa atividade proporcionou uma renda média de R$ 396,03 para cada agricultor, seguidos pelos agricultores da comunidade de Favela, cuja renda média foi de R$ 350,14 equivalentes a 1,95 salários mínimos vigentes na época. No entanto, a comunidade onde o maior número de agricultores participaram da colheita do fruto do imbuzeiro na safra de 2002 foi a de Barracão com 87 pessoas. Os recursos provenientes do extrativismo do fruto do imbuzeiro têm uma participação bastante significativa na composição da renda familiar dos pequenos agricultores das comunidades analisadas, principalmente, como renda disponível no período de entressafra.
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A regeneração natural e dispersão de sementes de imbuzeiro na caatinga

A foto
Nesta foto, podemos observar uma plântulas de imbuzeiro na caatinga nativa aos 12 dias após a emergência. A foto foi obtida em uma área de caatinga nativa do município de Petrolina, PE.

O fato

O imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é uma fruteira nativa do Nordeste, cujos frutos servem de alimento para as populações rurais, animais domésticos e silvestres. Contudo, tem-se observado à ausência de plantas jovens em seu ambiente natural, cuja causa tem sido atribuída em sua maioria à dificuldade que as sementes do imbuzeiro apresentam para germinar, ao desmatamento desordenado e aos danos causados as plântulas que emergem pelos insetos, animais silvestres e, principalmente, pela irregularidade das chuvas na região. Foi realizado um levantamento da regeneração natural e da dispersão do imbuzeiro nas condições da caatinga nativa e degradada. O trabalho foi realizado no período de outubro de 2002 a dezembro de 2005 em área de 12 hectares de caatinga degradada da comunidade de Alto do Angico e 12 hectares de caatinga nativa na Estação Experimental da Embrapa Semi-Árido no município de Petrolina, PE. A vegetação da comunidade é caracterizada como caatinga hiperxerófila arbustiva-arbórea com o estrato herbáceo bastante degradado pelo pastejo intensivo de caprinos. Na Estação Experimental a vegetação é composta por caatinga hiperxerófila arbustiva-arbórea com o estrato herbáceo composto por uma grande densidade de espécies. Em outubro de 2002, antes do início da queda de frutos maduros da safra de 2002/2003 foram selecionadas ao acaso, 16 plantas nativas de imbuzeiro, sendo oito plantas localizadas na área de caatinga nativa e oito plantas na área de caatinga degradada. Em cada planta foram demarcados doze transectos de 1 m de largura por 25 m de comprimento, partindo da base do caule no sentido norte/sul e leste/oeste. Em cada transecto foram demarcadas cinco unidades amostrais com 1 m² a cada 5 m de distância, totalizando-se 60 unidades amostrais por transectos/planta com 60 m² de área amostrada por planta, onde foram mensuradas as sementes encontradas no solo e as plântulas de imbuzeiro. Foram realizadas observações em quatro transectos por ano, sendo que no segundo e terceiro ano, foram demarcados novos transectos, deslocados 30º no sentido anti-horário. As observações foram realizadas a cada 15 dias na estação chuvosa e 30 dias na estação seca dos anos de 2003, 2004 e 2005.O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da observação de sementes e plântulas em cada unidade amostral dos transectos, sendo: 1) unidade amostral 1 sob a projeção da copa; 2) unidade amostral 2, afastada a 5 m da copa da planta; 3) unidade amostral 3, afastada a 10 m da copa da planta; 4) unidade amostral 4, afastada a 15 m da copa da planta; 5) unidade amostral 5, afastada a 20 m da copa da planta; 6) unidade amostral 6, afastada a 25 m da copa da planta; e dois tipos de vegetação (área de caatinga nativa e área de caatinga degradada). As variáveis analisadas foram: a) número de sementes/m2 em cada unidade amostral; b) número de plântulas e c) agentes dispersores das sementes. Os resultados obtidos demonstraram que o principal mecanismo de dispersão das sementes do imbuzeiro na caatinga nativa tem sido por pequenos animais com destaque para o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha), o caititu (Tayassu tajacu), a raposa (Dusicyon thous), o teiú (Tupinambis merianae), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e na caatinga degradada o caprino (Capra hircus). Contudo foi registrada a ocorrência, embora pequena, da dispersão hidrocória em riachos temporários formados logo após as chuvas na caatinga, principalmente na área degradada. A unidade de dispersão do imbuzeiro é um fruto de forma globosa a elipsóide, apresentando epicarpo (casca), com uma grande diversidade de espessura, glabo ou piloso, de cor verde quando imaturo e amarelo a brancacento quando maduro. O fruto apresenta comprimento variando de 2,6 a 4,2 cm e diâmetro de 2,2 a 4,0 cm. O peso do fruto do imbuzeiro varia de 5 a 42,8 g. O mesocarpo (polpa) é mole, suculenta, de cor amarelo-esverdeada a branco-esverdeada, de sabor agridoce. O endocarpo lenhoso envolve a semente que constitui o caroço. O caroço do imbuzeiro apresenta comprimento variando de 1,5 a 2,5 cm e diâmetro de 1,1 a 1,6 cm. O peso do caroço varia de 1,16 a 3,0 g.No primeiro ano de observação foi encontrada na caatinga nativa, uma média de 1003,5 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos localizadas a 5 m do tronco da planta-mãe. Desse total, 56,85% correspondiam a sementes de safras anteriores e 43,15% a sementes da safra atual. Das sementes das safras anteriores, 89,29% estavam danificadas, principalmente com o embrião destruído e 10,71% consideradas como sementes normais, possíveis de germinação. Observaram-se, em média, 173,25 sementes/m2 nas segundas unidades amostrais nos transectos. Nas demais unidades amostrais o número de sementes não foi significativo. As sementes da safra anterior encontradas no solo com condições de germinação confirmam a formação de um banco de sementes no solo pelo imbuzeiro, ao contrário de outras espécies lenhosas da caatinga como Anadenantera colubrina que não forma banco no solo. As sementes da safra atual, reconhecidas pelo aspecto brilhante do tegumento, apresentavam 78,82% danificadas.Na área degradada, observou-se, em média, 31,25 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos, sendo 78,57% de safras anteriores e 21,43% da safra atual. Quanto à ocorrência de plantas jovens, na área de caatinga nativa foram registradas 2,5 plantas.m-2 durante a estação chuvosa nas primeiras unidades amostrais e 1,5 plantas.m-2 nas segundas unidades amostrais dos transectos. Contudo, nenhuma das plantas jovens da área de caatinga nativa sobreviveu ao período de estiagem. Na área de caatinga degradada foram registradas a presença de plantas jovens nas primeiras unidades amostrais, com apenas 2 plantas.m-2 na quarta unidade amostral do terceiro transecto e 1 plantas.m-2 na segunda unidade amostral do quarto transecto no período chuvoso. Todavia, as plantas jovens encontradas não resistiram a estiagem do período seco e morreram, confirmando a hipótese de Araújo (1998) de que ao final da estação chuvosa, plântulas ou morrem ou são recrutadas para o estádio juvenil na estação chuvosa subseqüente. No segundo ano quando os transectos foram deslocados 30º no sentido anti-horário foi encontrada na caatinga nativa, uma média de 850,75 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos. As sementes de safras anteriores representavam 57,48% e 42,36% das sementes eram da safra atual. Do total das sementes, 87,32% estavam danificadas e 12,68% normais, possíveis de germinação. Nas observações realizadas nas segundas unidades amostrais dos transectos no segundo ano, foram registradas, em média, 80,5 sementes/m2, sendo encotradas algumas sementes nas terceiras e quartas unidades amostrais. Na área de caatinga degradada, foram registradas, em média, 36 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos, sendo 79,86% de safras anteriores e 20,14% da safra atual. No segundo ano foram registradas à ocorrência de plantas jovens, na área de caatinga nativa com média de 2 plantas.m-2 na estação chuvosa nas primeiras unidades amostrais, com algumas plantas também nas segundas unidades amostrais dos transectos 1, 2 e 3. Na área de caatinga degradada foi registrada a presença de 1 plantas.m-2 na segunda unidade amostral do quarto transecto.Os resultados das observações realizadas nos transectos deslocados 60º do local onde foi realizado o levantamento no primeiro ano estão demonstrados na Tabela 5 onde foi registrada na caatinga nativa, uma média de 927 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos. As sementes de safras anteriores representavam 57,07% e 42,93% eram sementes da safra atual. Das sementes da safra anterior 86,39% estavam danificadas. Nas sementes da safra atual, 77,89% encontravam-se com o embrião danificado. Dessas sementes, 82,24%, em média continham larvas de insetos. Na caatinga degradada foram encontradas, em média, 23 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos deslocados a 60º. Dessas sementes, 82,61% eram de safras anteriores e 17,39% da safra atual. O grau de sementes danificadas na área de caatinga degradada foi semelhante ao da caatinga nativa. Nas observações realizadas nas segundas unidades amostrais nos transectos do terceiro ano, foram registradas, em média, 846 sementes/m2 na caatinga nativa e 23 sementes/m2 na caatinga degradada. No terceiro ano de observação não foi registrada à ocorrência de plantas jovens em nenhuma unidade de observação na área de caatinga degradada. Contudo, foram encontradas algumas plantas jovens nas unidades amostrais da caatinga nativa. Os dispersores das sementes de imbuzeiro observados na área de catinga nativa foram o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)(G. Fischer, 1814), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha)(Lichtesnstein, 1823), o caititu (Tayassu tajacu)(Link, 1795), a raposa (Dusicyon thous)(Linnaeus, 1766), o teiú (Tupinambis merianae)(Linnaeus, 1758), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus)(Linnaeus, 1758) e o guará ou guaxinim (Procyon cancrivous)(G. Cuvier, 1798) e na área de caatinga degradada o caprino (Capra hircus). O veado-catingueiro e o caititu são os principais dispersores de sementes do imbuzeiro na área de caatinga nativa. O veado consome os frutos maduros caídos ao solo embaixo das plantas de imbuzeiro percorrendo trilhas de até 8 km na caatinga no período de safra e regurgita parte das sementes dos frutos consumidos em seus locais de pousio. Embora, o caititu apresente hábitos alimentares mais generalizados, alimentando-se igualmente de raízes, tubérculos e sementes, no período da safra do imbuzeiro, os frutos são muito importantes na dieta desses animais na caatinga. O caititu alimenta-se dos frutos do imbuzeiro em manadas de 6 a 12 animais e percorre trilhas de até 13 km na caatinga, dispersando as sementes. O tatu-peba alimenta-se dos frutos caídos no solo embaixo das plantas de imbuzeiro no período da safra e dispersas as sementes nas fezes em diferentes pontos da caatinga. Contudo, o tatu-peba tem causado a morte de muitas plantas jovens pelo consumo de seu xilopódio na estação seca. O teiú é um dispersor de sementes de muitos frutos em toda área de seu habitat. Na área de caatinga nativa, o teiú visita as plantas de imbuzeiro no período entre as 10:45 às 15:30 horas e consome os frutos maduros caídos no chão embaixo das plantas e dispersa as sementes nas fezes. A raposa e o guará visitam as plantas do imbuzeiro, principalmente à noite e consomem a polpa dos frutos embaixo das plantas e dispersa as sementes nas proximidades. A uma concorrência forte entre o guará e a raposa pelos frutos do imbuzeiro e quando um está embaixo de uma planta o outro faz ameaças até que este se retire e o outro inicia o consumo dos frutos. Quando a raposa ou o guará saem procurando outra planta, eles seguem mastigando alguns frutos e dispersando suas sementes no caminho. A presença de frutos na dieta das raposas. A cotia é um dispersor e predador de sementes do imbuzeiro na caatinga, principalmente em áreas nativas. Durante o período da safra a cotia consume a polpa dos frutos e a amêndoa das sementes secas, como também dispersa as sementes na área próxima a seu habitat enterrando-as no solo para consumi-las posteriormente. Todavia, parte destas sementes é esquecida pelos animais e germinam, transformando-se em novas plantas.Nas áreas de caatinga degradada o principal dispersor das sementes do imbuzeiro são os caprinos. Com esses resultados pode-se concluir que na caatinga nativa o banco de sementes das plantas de imbuzeiro, apresenta um número de sementes bastante significativo no solo embaixo da copa, tanto de sementes das safras anteriores, quanto da safra atual. Contudo, a maior parte das sementes apresenta danos que impossibilitam sua germinação. Na caatinga degradada o banco de sementes é muito pequeno e praticamente sem sementes das safras anteriores. A dispersão das sementes na caatinga nativa encontra-se concentrada nas duas primeiras unidades amostrais. Quanto à ocorrência de plantas jovens, há predominância nas primeiras unidades amostrais da caatinga nativa com média de 2,5 plantas.m-2 durante a estação chuvosa. Os dispersores das sementes de imbuzeiro observados na área de catinga nativa foram o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha), o caititu (Tayassu tajacu), a raposa (Dusicyon thous), o teiú (Tupinambis merianae), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e o guará ou guaxinim (Procyon cancrivous) e na área de caatinga degradada o caprino (Capra hircus).

As fabriquetas de doce do fruto do imbuzeiro


A foto
Nesta foto, podemos ver agricultoras da comunidade de Fazenda Brandão no município de Curaçá, BA, processando doce, geléia e suco de imbu. A foto foi obtida na safra de 2004.

O fato

As fabriquetas são núcleos de produção de tecnologias populares, com características e funções comunitárias, que visam o fortalecimento da renda familiar. No interior da região semi-árida do Nordeste as fabriquetas estão sendo cada vez mais implementadas para o aproveitamento dos produtos regionais, com destaque para a produção de derivados de leite no estado de Sergipe, de castanha do caju no Ceará e Rio Grande do Norte e do fruto do imbuzeiro no estado da Bahia. A COOPERCUC, Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá coordena a ação de 13 fabriquetas de derivados do fruto do imbuzeiro no Estado da Bahia. O agronegócio do imbu movimenta, anualmente mais de US$ 6 milhões. Mais recentemente, parte da produção de derivados do fruto do imbuzeiro como doces e geléias foram exportadas para a França, seguindo os caminhos já traçados pela castanha do caju e outros produtos provenientes de fruteiras nativas da região semi-árida do Nordeste. A produção extrativista do imbuzeiro na região foi de 9.237 toneladas em 2004. O Estado da Bahia é o maior produtor de frutos do imbuzeiro e o maior consumidor. Contudo, considerando que esse volume indicado pelo IBGE não incluem os frutos utilizados nas dezenas de fabriquetas da região, a potencialidade do imbuzeiro é muito além do que se conhece. O objetivo deste estudo foi identificar as fabriquetas de processamento de doce do fruto do imbuzeiro em comunidades da região semi-árida do Nordeste. O trabalho foi realizado de janeiro a dezembro de 2005. Foram realizadas viagens às comunidades dos municípios de Casa Nova, Juazeiro, Curaçá, Uauá, Jaguarari e Canudos no Estado da Bahia para identificação das comunidades onde os agricultores realizaram o extrativismo do fruto do imbuzeiro. Foram visitadas 28 comunidades. As informações obtidas foram submetidas a análises estatísticas. No levantamento realizado nas 28 comunidades dos municípios de Curaçá, Uauá, Canudos, Jaguarari, Juazeiro e Casa Nova no Estado da Bahia foram contados 361 famílias que tiveram pessoas envolvidas no extrativismo do fruto do imbuzeiro na safra de 2005. Desse total, apenas 107 famílias tiveram pessoas que participaram do processamento do fruto do imbuzeiro em 15 comunidades que possuem fabriquetas de doce. As demais famílias que colheram imbu em 2005 venderam os frutos para atravessadores, nas margens das rodovias que cruzam a região e nas feiras livres das cidades mais próximas, principalmente em Juazeiro da Bahia e Petrolina, PE. Os frutos adquiridos pelos atravessadores foram distribuídos, principalmente na Feira de São Joaquim em Salvador. As famílias que participaram das fabriquetas obtiveram uma renda média de R$ 3.896,16 com a comercialização dos produtos. Já para as famílias que venderam os frutos in natura, a renda média foi de R$ 819,68. Em algumas comunidades as pequenas fabriquetas já possuem estruturas que dão melhores condições para o trabalho de preparação de doces, sucos e geléias. Todavia, nas comunidades onde esta atividade está iniciando, a condição de processamento são mínimas. A colheita de frutos do imbuzeiro realizada pelos agricultores das comunidades acompanhadas na região semi-árida do Estado da Bahia é de grande importância para a absorção de mão-de-obra e geração de renda da maioria das famílias rurais da região. Essa atividade contribui para fixação do homem no campo por meio da renda disponível na entressafra do imbuzeiro. As fabriquetas têm demonstrado que o processamento mínimo possível dado ao fruto do imbuzeiro pode ser um diferencial na composição da renda dos agricultores, além de garantir trabalho nos demais meses do ano.

O cascudo da flor do imbuzeiro


A foto

Nesta fotografia podemos observar uma inflorescência do imbuzeiro após o ataque do cascudo. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Jaguarari, BA, no mês de setembro de 2005.

O fato

O imbuzeiro perde as folhas logo depois do inverno, e assim evita a transpiração e perda de água. Esse processo ocorre num período, médio de 43 dias, que corresponde ao início do verão, ficando as plantas em estado de dormência vegetativa, contudo seus os xilopódios estão cheios de reservas nutritivas o que garante a sobrevivência da planta e sua floração e frutificação. Na primeira quinzena de agosto a setembro, quando ocorrem as primeiras chuvas de verão, modificam-se a temperatura e a umidade relativa do ar, acelerando o metabolismo da planta com o aparecimento das primeiras flores e folhas. É neste período que ocorre o ataque de pragas, causando a queda das flores, das folhas novas e dos frutos em formação. Este ataque acontece normalmente à noite, quando ocorre a abertura das flores do imbuzeiro, o que, se dá durante a madrugada, da hora zero às quatro, ocorrendo o pico de abertura às duas horas da madrugada. Para o acompanhamento dos danos provocados pelos insetos as plantas, as observações devem ter início antes do nascer do sol, por volta das 4 horas da manhã, pois, com os primeiros raios do sol, os insetos se alojavam no solo e embaixo de pedras e troncos, por serem insetos de hábitos noturnos. O cascudo é um pequeno coleóptero da família Scarabaeidae, gênero Philoclaenia sp., medindo, aproximadamente 8,89 mm de comprimento e 3,24 mm de largura, de coloração marrom clara que voa, em geral, ao crepúsculo ou durante a noite, e causa danos aos ramos novos e inflorescências de algumas plantas. O cascudo (Philoclaenia sp.)  ataca os ramos novos dos imbuzeiros, destruindo-lhes as inflorescências e as folhas novas, e, em algumas plantas, provocando a queda dos pequenos frutos recém-formados, ou causando lesões em sua casca. Em Lagoa do Imbu, 88% das plantas de imbuzeiro foram atacadas pelo cascudo na safra de 2005.  Os danos causados à floração do imbuzeiro pelo cascudo estão relacionados diretamente com os botões florais, flores, primeiros frutos e as folhas novas, os quais são totalmente destruídas pelo inseto. O cascudo causa danos na floração e na frutificação do imbuzeiro, retardando a safra em decorrência da queda da floração inicial e uma diminuição significativa na produção.
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O doce do xilopódio do imbuzeiro

A foto

Nesta foto podemos observar mudas de imbuzeiro após 180 dias de crescimento com xilopódios bastante desenvolvido. Nesta fase, os xilopódios das mudas podem ser utilizados para produção de doce em massa, substituindo o xilopódio de plantas adultas.

O fato


Na região semi-árida do Nordeste brasileiro, as fontes de renda das quais os pequenos agricultores dependem para sua sobrevivência, são bastante frágeis e fundamentadas, principalmente, no extrativismo vegetal. Entre as plantas que proporcionam esta atividade, o imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é a que mais se destaca. Contudo, em algumas comunidades os agricultores retiram os xilopódios das plantas adultas para produção de doce em massa. Essa atividade, embora tradicional em todo o Nordeste, pode esta causando danos irreparáveis à população de imbuzeiros na região. Os xilopódios são órgãos de reserva do sistema radicular que armazenam água e substâncias nutritivas que são utilizados pelas plantas nos períodos de estiagem. Este trabalho teve como objetivo buscar alternativas para exploração racional do imbuzeiro, visando à obtenção de xilopódios provenientes de plantas jovens. Foram plantadas sementes de imbu colhidas em chiqueiros e apriscos da região, com substrato de areia lavada, em casa de vegetação da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE no período de janeiro a dezembro de 2004.
O plantio foi realizado em canteiros com até 3 metros de comprimento por 1 metro de largura, com profundidade de 40 cm, com substrato formado por solo da superfície e areia grossa lavada, em proporções volumétricas de 1:1. As sementes foram semeadas numa proporção de, aproximadamente, 120 sementes por m² com uma cobertura de 2,5 a 3,0 cm de areia.
Os canteiros foram irrigados três vezes por semana. Quando as plantas completaram 180 dias de crescimento, foram retirados os xilopódios para produção de doce em massa. Após a colheita, os xilopódio foram lavados em água corrente e sanitizados, em uma solução de uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água, por 30 minutos. Após a retirada da casca do xilopódio, este foi passado em um ralo para trituração. Posteriormente, foi espremida a massa para retirada do excesso de água. No preparo do doce foram utilizados os seguintes ingredientes: 1 kg de massa de xilopódio adicionado a 750 g de açúcar. Misturou-se o açúcar à massa, antes de levá-lo ao fogo, mexendo-se sempre, até a mesma atingir o ponto de uma massa mais consistente que permitiu o corte. Para atingir esse ponto a mistura permaneceu ao fogo por aproximadamente 35 a 40 minutos de cozimento. A análise sensorial do doce foi realizada através de testes de degustação, utilizando-se uma escala Hedônica com os seguintes atributos: "desgostei muitíssimo" a "gostei muitíssimo".
Nas plantas de imbuzeiro, aos 180 dias após o plantio, o xilopódio atinge um comprimento em torno de 28 cm e um diâmetro, na porção tuberculada, de 6,5 cm e peso médio de 250 g. Nesta etapa de crescimento, o xilopódio do imbuzeiro apresenta as melhores características para o processamento de doce em massa. Quanto a preferência dos provadores, em termos de aparência, sabor e textura do doce de xilopódio, observou-se que 60,65% dos provadores indicaram o atributo "gostei muito" para à aparência e 65,68% provadores indicaram o atributo " gostei muitíssimo" para o sabor. Quanto a textura, a maioria dos provadores 59,62% indicou o atributo gostei regularmente". A análise sensorial do doce em massa processado com xilopódio do imbuzeiro obtido de plantas aos 180 dias de crescimento, indicou que o doce do xilopódio nesta fase de desenvolvimento da planta pode substituir o xilopódio de plantas adultas, evitando-se danos em sua retirada.