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sexta-feira, 11 de maio de 2007

A casa dos sonhos na caatinga I




A foto

Nesta foto, podemos observar uma pequena casa na caatinga. Esta fotografia foi obtida na comunidade de Volta da Carolina no distrito de Uruais, município de Petrolina, PE em maio de 2005.

O fato

Na caatinga os pequenos agricultores constroem suas casas com os recursos disponíveis em cada época. Tradicionalmente, eles utilizam barro para o reboco e varas para sustentação. Essa é a famosa casa de Taipa, aquela onde a maior parte do material foi obtido no local da construção. Esta casa foi construída para um filho do casal que estava para casar com uma moça da comunidade. Quando os agricultores conseguem mais recursos, eles reformam as casas com tijolo e argamassa, dando aparência de uma casa de centro urbano. Pode-se observar que foi colocado um ponto para energia elétrica, contudo esta este sonho é mais difícil de ser realizado.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Na colheita do fruto do imbuzeiro

A foto

Nesta foto, podemos observar uma senhora colhendo frutos do imbuzeiro. A fotografia foi obtida na comunidade de Lagoa do Imbu no município de Jaguarari, BA em janeiro de 2004.

O fato

No período de janeiro a março quando ocorre a safra do imbuzeiro no Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores dedica parte de seu tempo a esta atividade. Os agricultores vão para o campo no início da manhã e colhem frutos até o meio dia, quando levam para margens das estradas e vende para os compradores de imbu. Podemos ver nesta fotografia que esta senhora levou uma criança pequena para colheita. Com certeza, ela não tinha com quem deixar sua filha e a levou para a caatinga. Quando as crianças são maiores, normalmente elas ajudam os pais na colheita do fruto do imbuzeiro. Todavia, esta atividade só é realizada no período que as crianças não tem aulas

Que tipo de água estamos bebendo?


A foto

Nesta foto, podemos observar dois carros-pipa coletando água em uma barragem. A fotografia foi obtida no distrito de Salinas, município de Petrolina, PE em agosto de 2006.

O fato

No período de seca que assola o Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores utiliza água para o consumo e seus afazeres provenientes de carros-pipa. Todavia, a origem desta água é incerta. Os carros-pipa coletam água na fonte mais próxima e levam para os agricultores. De modo geral, a água é coletada em açudes, barragens, barreiros e poços. Nestas fontes, praticamente não existe nenhum controle de qualidade da água. A água dos barreiros, barragens e açudes também é utilizada para o consumo direto dos animais, lavagem de roupas, irrigação, etc, que contribuem para sua contaminação e podem transmitir diversas doenças veiculadas pela água para os agricultores.

O transporte de água para beber no sertão do Nordeste


A foto

Nesta foto, podemos observar um agricultor transportando água para consumo humano em um tambor reutilizável. A fotografia foi obtida na comunidade de Sítio Budim no município de Petrolina, PE em agosto de 2003.

O fato

No Nordeste semi-árido, a maioria dos pequenos agricultores utiliza tambores e bombonas de plástico para o transporte e armazenamento de água para o consumo. Esta prática ocorre, principalmente em função da praticidade destes recipientes de da falta de recursos pelos agricultores para aquisição de depósitos adequados para o transporte e armazenamento de água. A preocupação é que na maioria das vezes estes recipientes foram utilizados para o armazenamento e transporte de produtos que deixam resíduos de difícil remoção e podem contamina a água. Como poderia ser resolvido um problema deste tipo! Com a fabricação de recipientes específicos para o transporte e o armazenamento de água para consumo. Todavia, a preços compatíveis com a realidade do homem da caatinga. Se eles compram estes recipientes reutilizáveis, eles também poderiam comprar recipientes novos próprios para água.

O desperdício de água no Nordeste


A foto
Nesta foto, podemos observar uma barragem no rio Pajeú, transbordando no momento de cheia. A fotografia foi obtida no município de Serra Talhada, PE em fevereiro de 2007.

O fato

Porque desperdiçamos tanto água no Nordeste Semi-árido, são inúmeros rios e riachos permanentes e temporários que no período de chuvas jogam uma imensurável quantidade de água no oceano. Porque não fazemos a transposição de toda esta água para outros rios, riachos, barragens e açudes. Será que não precisamos de água. Se precisarmos porque deixamos toda essa água ir para o mar. O rio Pajeú é apenas um exemplo do nosso grande desperdício de água doce que poderia ser mais aproveitada para os longos meses de seca que assolam a região.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

A coleta de água em barreiros


A foto

Nesta foto, podemos observar uma agricultora transportando uma lata de água coletada em um barreiro. A fotografia foi obtida em dezembro de 2005 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.

O fato

O deslocamento para coleta de água pelos agricultores na caatinga no período de seca é muito cansativo, principalmente para os agricultores de terceira idade. Quando as cisternas secam, não resta alternativa, ou se compra água de carro-pipa, ou coleta em açudes e barreiros que em sua maioria ficam distante das residências. Estas dificuldades contribuem de forma negativa para a qualidade de vida da maior parte dos pequenos agricultores do sertão nordestino. O transporte de água em latas na cabeça, ainda é uma das formas mais tradicionais no interior da região semi-árida.

Água para consumo humano e dos animais

A foto

Nesta foto, podemos observar um rebanho de ovinos consumindo água em um açude. A fotografia foi obtida em dezembro de 2005 em uma comunidade do município de Dormentes, PE.

O fato

Na época de seca na caatinga, a água disponível nos pequenos açudes e barreiros da região é utilizada pelos pequenos agricultores para consumo humano e seus afazeres domésticos, como também para o consumo dos animais. Na maior parte das comunidades a água disponível nos açudes e pequenos barreiros contêm muito sedimentos e torna-se um verdadeiro mar de lama. Mesmo assim, na ausência de outra fonte os agricultores têm que coletar e aproveitar no máximo estas águas, ficando sujeitos as contaminação por doenças veiculadas pela água. O pior de tudo é que estas fontes também são as únicas opções para os animais que invadem os açudes e barreiros e contaminam mais as águas.

Em busca de água para beber

A foto

Nesta foto, podemos observar um agricultor e seu filho com um carro de boi dentro de um pequeno açude coletando água para consumo. A fotografia foi obtida em dezembro de 2003 em uma comunidade do município de Arcoverde, PE.

O fato

Para saciar a sede, homens e animais buscam água nas mais diferentes fontes. Na maioria, totalmente impróprias para o consumo humano e animal. No período de agosto a dezembro de 2003, a seca que assolou grande parte dos municípios nordestinos, principalmente do agreste e sertão, levou os agricultores a enfrentarem muita dificuldade para obtenção de água, tanto para o consumo humano, quanto para o consumo de seus animais domésticos. Nesta comunidade de Arcoverde, não havia mais alternativa para os agricultores, assim estes estavam coletando água neste açude em condições muito adversas. Podemos observar na fotografia que a cor da água é amarelo-claro, devido à alta concentração de sedimentos de argila, popularmente chamado de lama. Assim, pode-se dizer que os agricultores estavam coletando lama e correndo grande risco de contaminação por doenças veiculadas pela água, principalmente a cólera.

domingo, 6 de maio de 2007

As trovoadas na caatinga

A foto

Nesta foto, podemos observar a ocorrência das primeiras chuvas na caatinga. A fotografia foi obtida no município de Petrolina, PE em 27 de outubro de 2004.

O fato


No sertão nordestino as primeiras chuvas conhecidas como trovoadas, geralmente, ocorrem nos meses de outubro, novembro e dezembro. Contudo, são chuvas esparsas e com muita irregularidade no volume de precipitação. Essas trovoadas embora não sejam próprias para o início do período de plantio, proporciona o acúmulo de muita água nos barreiros, açudes e riachos, além de contribuir também para renovação da vegetação da caatinga que reaparece vigorosa após um longo período de seca.

Cadê a água do barreiro?

Cadê a água do barreiro?

A foto

Nesta foto, podemos observar um barreiro no mês de fevereiro sem água. A fotografia foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em 8 de fevereiro de 2006.


O fato

Na região semi-árida do Nordeste o início do período de ocorrência das primeiras chuvas é nos meses de novembro e dezembro. Geralmente, nestes meses ocorrem as trovoadas, que são chuvas esparsas e irregulares. Todavia, onde cai à chuva, a água que se acumula nos barreiros, açudes e riachos, renova a esperança dos sertanejos e quebra o ciclo de escassez de água e alimentos para os animais. Para a agricultura, as chuvas caem nos meses de fevereiro, março e abril. Nesta fotografia podemos observar que no dia 8 de fevereiro de 2006 as maiorias dos barreiros ainda estavam sem água. Neste ano, as chuvas foram bastante irregulares causando problemas para os pequenos agricultores que tiveram muita dificuldade para obter água e alimentos para os animais.

Alternativa para captação de água da chuva

A foto

Nesta foto, podemos observar uma cisterna com área de captação em uma lona de plástico. A fotografia foi obtida na comunidade de Barreiros no município de Petrolina, PE em janeiro de 2005.

O fato

A captação e o armazenamento de água de chuva na região semi-árida do Nordeste tem sido um fator de limitação para muitos agricultores. Estas limitações são principalmente de ordem financeira, pois a maioria dos pequenos agricultores não dispõe de recursos para construção ou reparação do telhado de suas residências ou para construção de cisternas. Assim, facilmente encontramos diversas formas utilizadas pelos agricultores para captar e armazenar água de chuva. Na fotografia podemos ver uma cisterna com sua área de captação em uma lona plástica. Embora, o custo do plástico adequado para este fim seja muito alto, os agricultores podem adquirir lonas plásticas mais baratas e reutilizadas depois do período chuvoso para outra atividade. A vantagem desta cobertura é o aproveitamento máximo da água que cai sobre a mesma.

sábado, 5 de maio de 2007

Uma casa ou uma cisterna?




A foto



Nesta foto podemos observar uma residência na caatinga com um buraco aberto para construção de uma cisterna. A fotografia foi obtida na comunidade de Fazenda Baltazar no município de Petrolina, PE em setembro de 2003.



O fato




A construção de cisternas nas comunidades da região semi-árida do Nordeste tem contribuindo de forma significativa para resolver em partes o problema da falta de água na região. Contudo, muitas famílias ainda esperam pelas cisternas, visto que em algumas comunidades a determinação de que tem direito a cisterna ainda é política e para muitos o sonho do aproveitamento e armazenamento da água da chuva continua um sonho distante. De modo geral, os agricultores preparam o local da construção, abrindo o buraco da cisterna e ficam esperando a boa vontade dos políticos dos municípios. Nesta residência, este buraco já estava com dois anos aberto. Pelo que se pode observar as condições desta residência não vão contribuir para o aproveitamento máximo da água da chuva. Esta família necessita de uma casa ou de uma cisterna?

Água e cisterna na caatinga


A foto


Nesta foto podemos observar uma residência na caatinga no momento de uma chuva. Pode-se observar que o tubo de conexão do telhado com a cisterna esta faltando uma parte e toda água sendo desperdiçada, enquanto o agricultor olha da janela. A fotografia foi obtida na comunidade de Varginha no município de Petrolina, PE em janeiro de 2004.

O fato


O problema da falta de água na região semi-árida do Nordeste é muito explorado como uma grande calamidade, todavia, existem muitas razões que estão fora do foco das discussões que é o comportamento do homem da caatinga. Sabemos que embora as chuvas que caem na região sejam poucas, normalmente a quantidade de água é significativa se aproveitada em sua totalidade. Buscando soluções para este problema, muitas alternativas tem sido implementadas com destaque para a construção de cisternas rurais. Porém, sem uma conscientização das pessoas que vão usufruir destas cisternas, elas não resolveram o problema da falta de água no Sertão. Cisternas mal dimensionadas, telhados com problemas na cobertura, residências com telhados pequenos e a falta de disposição de muitos agricultores, tem contribuído para a falta de água no período de estiagem que tanto afeta os agricultores do sertão nordestino.

O facheiro na caatinga


As fotos


Nestas fotografias podemos observar uma área de caatinga com predominância do facheiro. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE.







Os fatos


O facheiro é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus pachycladus. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 1,5 a 6,72 m de altura, com copa medindo de 1,3 a 4,8 m de diâmetro. Seus frutos são bagas arredondadas e achatadas de cor vermelho-escuro com 4,5 a 6,3 cm de comprimento, pesando entre 24 a 63g. Os frutos do facheiro são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente pelos pássaros. O facheiro desenvolve-se bem em áreas de solos degradados e de ocorrência de poucas chuvas. Pode ser uma alternativa para o aproveitamento como espécie de repovoamento de áreas degradadas. A fitomassa verde do facheiro é muito consumida pelos animais na época de seca.

O xiquexique na caatinga

A foto

Nesta foto podemos observar uma área de caatinga com predominância do xiquexique. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE em agosto de 2002.

O fato


O xiquexique é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus gounellei. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 2,5 a 3,7 m de altura, com copa medindo de 1,5 a 4,5 m. Os frutos são bagas arredondadas, achatadas vermelho-escuro com 5 a 6 cm de comprimento e 6 a 6,5 cm de diâmetro com 25,3 a 97,4 g. Os frutos do xiquexique são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente os pássaros. Esta planta tem apresentado um bom desenvolvimento em áreas de solos degradados e de irregularidades na distribuição das chuvas. Assim, pode-se considerar que o xiquexique, como outras cactáceas do semi-árido é uma opção para o repovoamento de áreas onde não mais é possível o cultivo de lavouras tradicionais como milho, feijão, etc. Contudo, o xiquexique ainda possibilita seu aproveitamento na alimentação dos rebanhos e na culinária com alguns doces e geléias.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O corte e queima do mandacaru para alimentação dos caprinos na caatinga


A foto


Nesta foto, podemos observar os agricultores cortando e queimando mandacaru para alimentação dos animais na seca. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato

O mandacaru é uma das plantas da caatinga nordestina de maior utilização pelos agricultores na seca como suplementação alimentar dos animais. No período de seca que ocorre, geralmente nos meses de agosto a janeiro, os pequenos agricultores que tem rebanhos de caprinos e ovinos, cortam o mandacaru, queimam os espinhos e ofertam para os animais. Segundo dados de experimentos realizados em algumas comunidades da Bahia e Pernambuco, os animais que recebem suplementação de mandacaru, conseguem superar o período de seca e em alguns casos, ainda aumentam um pouco de peso. Todavia, os animais que buscam alimentos apenas na caatinga, perdem até 25% do peso e muitos morrem. O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Cereus; Espécie: Cereus jamacaru P. DC. É uma planta arbustiva, ampla distribuição. Porte variando de 2,5 a 12,0 m de altura, copa medindo de 3,5 a 6,5 m de diâmetro. Os frutos são bagas vermelho-vivo com 5 a 15 cm de comprimento e 25 a 37 g. Sua composição é de: Matéria seca (13,92%); Proteína bruta (7,89%); Fibra bruta (14,56%); FDN (50,49%); FDA (42,82%); e DIVMS (76,44%).

O consumo da coroa-de-frade pelos caprinos na caatinga


A foto



Nesta foto, podemos observar um agricultor ofertando coroa-de-frade para os caprinos. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato



No período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste, os pequenos agricultores enfrentam muitas dificuldades para alimentar seus rebanhos. Em anos de chuvas irregulares, já no mês de agosto os animais não encontram mais comida suficiente para sua sustentação na caatinga. Para agravar esta situação, a falta de água é outro fator de preocupação para os pequenos criadores. Contudo, algumas plantas da caatinga, com destaque para o mandacaru, a coroa-de-frade, o facheiro e o xiquexique, entre outras, são utilizadas de forma regular na suplementação dos animais. A coroa-de-frade (Melocactus bahiensis Britton & Rose), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Melocactus. Espécie: Melocactus bahiensis. É uma planta de caule globoso, cônico de ampla distribuição no semi-árido é muito utilizada pelos agricultores. Porte variando de 5,7 a 26,57 cm de altura e diâmetro de 12,5 a 24,5 cm. Frutos são bagas vermelho-claro com 1,6 a 2,5 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm de diâmetro com peso de 0,52 a 1,23 g. Esta cactácea contém bastante água e uma porção significativa de proteína que contribui na alimentação dos animais. Sua composição é de matéria seca (12,41%); proteína bruta (7,69%); fibra bruta (27,23%); FDN (51,27%); FDA (38,59%); e DIVMS (78,42%).

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A sobra do mandacaru consumido pelos animais


A foto



Nesta foto, podemos observar o que sobra do mandacaru após o consumo pelos animais. A foto foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em outubro de 2004.

O fato



O mandacaru é cortado pelos agricultores e queimado para retirada dos espinhos. Após este procedimento é ofertado livremente aos animais. Os animais consomem a parte tenra do mandacaru deixando como sobra a parte lenhosa. Quando a planta é nova, o consumo é bem maior, todavia, em plantas mais velhas, onde o caule é mais fibroso, há uma sobra considerável do mandacaru. Alguns agricultores que dispõem de máquina forrageira, trituram o mandacaru e aproveitam totalmente. Contudo, a melhor forma de evitar os espinhos é a queima ou sua retirada com faca, pois, mesmo triturado, os espinhos podem causar danos aos animais. Em nossas observações, registramos alguns acidentes com animais que consumiram mandacaru triturado sem a retirada ou queima dos espinhos.

A retirada dos espinhos do mandacaru


A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor cortando os espinhos do mandacaru para ser ofertado aos bovinos. A foto foi obtida no município de Riachão do Jacuípe, Bahia em outubro de 2005.


O fato



Tradicionalmente, o mandacaru é queimado para retirada dos espinhos antes de ser ofertado aos animais. A prática da queima do mandacaru é secular na região seca do semi-árido nordestino, contudo a queima tem causado diversos transtornos, tanto para os agricultores, quanto para os animais. Em algumas comunidades do sertão baiano, os agricultores desenvolveram uma técnica de retirar os espinhos do mandacaru sem a queima. Eles utilizam uma faca e cortam de forma superficial a camada dos espinhos. Desta forma, o aproveitamento do mandacaru poder ser feito mais racionalmente e sem danos para os homens e animais.

As ameaças de extinção do mandacaru


As fotos



Nestas fotografias, podemos observar o corte do mandacaru para alimentar os animais na seca. As fotos foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores para alimentação de seus rebanhos em períodos de seca, esta planta não apresenta condições de sustentação para grandes animais, tipo bovino. O mandacaru é uma alternativa utilizada para suplementação de pequenos rebanhos de caprinos e ovinos na caatinga seca, animais com pouca exigência alimentar que consome um volume bem menor do que um bovino de 150 a 200 kg de peso vivo. A utilização do mandacaru para este fim, pode contribuir de forma positiva para sua extinção. No município de Riachão do Jacuípe, observamos em levantamentos realizados no período de 1996 a 2006 que a densidade do mandacaru foi reduzida em mais de 75%. No período de observação, não foi registrada nenhuma atividade de plantio do mandacaru por parte dos agricultores, contudo, observou-se um ligeiro aumento nos rebanhos, principalmente de bovinos. Como alguns agricultores utilizam máquinas forrageiras para trituração do mandacaru, cada dia mais, esta cactácea esta diminuindo na região.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O consumo da favela pelos caprinos na caatinga


As fotos


Nestas fotografias, podemos observar caprinos consumindo brotos e casca da favela no período de seca. A fotografia foi obtida na comunidade de Xiquexique no município de Curaçá, BA, em 2005.






Os fatos


A favela (Cnidoscolus phyllacanthus (Muell. Arg.) Pax. Et K. Hoffman) é uma forrageira nativa das caatingas do Nordeste com sua distribuição geográfica nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, muito consumida pelos animais, principalmente no período de seca. A favela é arbusto de grande porte da família das EUPHORBIACEAE com ramos lenhosos e crassos, com porte variando de 3,5 a 7,8 m, esgalhada irregularmente e armada com espinhos nas folhas. Quando os ramos são cortados, exsudam látex branco. Suas folhas são simples, alternas, espessas, lanceoladas, nervuras com espinhos urticantes. As flores são alvas, hermafroditas. Os animais consomem as folhas maduras quando estas caem no chão no final do período de chuvas. Na seca, alimentam-se dos brotos e casca da favela. Suas sementes são consumidas por animais silvestres e pelos caprinos que regurgitam as cascas nos apriscos. Em uma pesquisa para se verificar o consumo de favela pelos animais na caatinga no período de seca nas comunidades de Xiquexique, Pedreira e Pirajá no município de Curaçá – BA, no período de setembro a outubro de 2005. Foi observado o consumo da favela pelos caprinos nas três comunidades. Os animais ramoneiam a favela no período entre as 8 e 10 horas da manhã, consumindo, principalmente os brotos e a casca. Os agricultores informaram que no período de maio a julho quando as folhas maduras da faveleira caem os animais dão preferência a este tipo de alimentos. Na comunidade de Xiquexique os agricultores estão evitando o corte da favela para garantir alimentos para os animais na seca. Quanto à ocorrência da favela nas comunidades, observou-se uma variação de 12 a 68 plantas/ha, sendo de 11 a 68 plantas/ha na comunidade do Xique-xique, 10 a 41 plantas/ha em Pedreira e de 37 a 58 plantas/ha na comunidade de Pirajá.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A coleta de xilopódios do imbuzeiro para produção de doce



A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor retirando xilopódios de uma planta de imbuzeiro para produção de doce. A foto foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE no ano de 2003.


O fato



Na região semi-árida do Nordeste, muitos agricultores retiram os xilopódios de plantas adultas de imbuzeiro para produção de doce em massa, o chamado “doce de cuca de imbu”. Este tipo de doce é encontrado na maioria das feiras-livres da região e, também é levado para São Paulo, onde é bastante consumido. Essa atividade, embora seja uma alternativa de geração de renda para os agricultores, pode ser uma causa da degradação do meio ambiente e levar o imbuzeiro a extinção. Os xilopódios do imbuzeiro são órgãos de reserva do sistema radicular que armazenam água e substâncias nutritivas que são utilizados pelas plantas nos períodos de estiagem, com isso, a retirada dos xilopódios pode causar sérios danos as plantas. Em um estudo realizado durante 10 anos numa área de 197 hectares de caatinga do município de Lagoa Grande, PE, onde os agricultores retiravam xilopódios para produção de doce de 1182 plantas, foram encontradas menos de 5% de plantas mortas atribuídas a retirada de xilopódios. A maioria das plantas mortas (16,5%) foi cortada pelos agricultores para retirada de mel de abelha e 3,87% das plantas mortas foram atacadas por brocas e cupins que destruíram seus caules.

domingo, 22 de abril de 2007

Consumo de xiquexique pelos caprinos na seca


A foto


Nesta foto, podemos observar um caprino consumindo o xiquexique no campo. A fotografia foi obtida na comunidade de São Pedro no município de Jaguarari, BA no período de seca de 2005.

O fato


O xiquexique (Pilocereus gounellei K. Schum) é uma Cactaceae utilizada, pelos agricultores, como uma alternativa para alimentação dos animais em períodos de longa estiagem nas caatingas do Nordeste brasileiro. Esta planta é a última alternativa dos agricultores para salvar seus animais, devido a grande dificuldade de sua utilização. Realizamos um trabalho de pesquisa que teve como objetivo verificar o consumo de xique-xique pelos animais na caatinga e a sua utilização pelos agricultores das comunidades de Ouricuri e Caldeirãozinho (Uauá - BA) e Passagem de São Pedro (Jaguarari - BA). O levantamento foi realizado, no período de agosto a setembro de 2005, com a aplicação de um questionário junto aos agricultores das comunidades sobre a utilização do xique-xique na alimentação dos animais e a observação do consumo desta planta diretamente no campo pelos animais. Os resultados demonstraram que o xique-xique é utilizado por 36,54% dos agricultores da comunidade de Ouricuri, por 54,27% dos agricultores de Passagem de São Pedro e por 48,32% dos agricultores de Caldeirãozinho. Quanto ao consumo das plantas no campo, em média, cada planta é visitada por 4 a 6 caprinos no intervalo de 5 dias.

sábado, 21 de abril de 2007

O xilopódio do mamãozinho-de-veado


A foto


Nesta foto, podemos observar uma túbera ou xilopódio do mamãozinho-de-veado. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, em agosto de 2005.


O fato


O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze - CARICACEAE) é um arbusto da caatinga do Nordeste, cujo sistema radicular é constituído de xilopódios que pode alcançar até 350 kg. Esta planta é chamada de mamãozinho-de-veado, porque no período da safra, o veado catingueiro consome seus frutos. O xilopódio é utilizado pelos agricultores no período de seca para alimentar os animais. Os agricultores escavam o solo, cortam a planta e retiram o xilopódio. Em algumas comunidades o xilopódio também é utilizado para produção de doce em massa. Todavia, esta atividade pode colocar esta planta em risco de extinção, visto que, poucos agricultores colhem os frutos e retiram as sementes para o plantio. Em nossas pesquisas com o mamãozinho-de-veado em uma área de caatinga da Embrapa Semi-Árido, obtivemos plantas com xilopódio pesando até 12,47 kg aos 3 anos de crescimento, indicando que o cultivo desta planta pode ser uma boa alternativa para os agricultores alimentarem seus animais na seca.

O mito da germinação das sementes do imbuzeiro nos apriscos

A foto


Nesta foto, podemos observar uma grande quantidade de sementes de imbuzeiro no chão de um aprisco. Cada ponto branco é uma semente regurgitada pelos caprinos. A fotografia foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE na safra do imbuzeiro de 2006.


O fato


Os estudos sobre a germinação da semente do imbuzeiro têm apresentado muitas controversas, principalmente referente à sua dormência. Diversos autores realizaram alguns estudos que indicaram a existência de dormência na semente do imbuzeiro. Esta dormência poderia ser motivada pela presença de uma proteção extra do embrião, visto que o embrião da semente encontra-se protegido por um endocarpo secundário. Outros concluíram que a dificuldade de penetração de água no embrião seria a causa fundamental da dormência das sementes. Outros trabalhos concluíram que a ação dos ácidos gástricos dos caprinos nas sementes regurgitadas seria uma forma de quebra da dormência, e consequentemente do aceleramento da germinação. Com os resultados de nossas pesquisas com a semente do imbuzeiro nos últimos 10 anos, podemos observar uma série de fatores que contribuem ou não com a germinação das sementes do imbuzeiro. Em uma pesquisa com 17 plantas, colhemos os frutos, retiramos as sementes e plantamos no mesmo dia. Foi observado um percentual de germinação de 8 a 13% das sementes de 8 plantas, indicando que a dormência não é generalizada para todas as plantas. Neste mesmo estudo, observamos que o maior índice de germinação foi obtido com sementes armazenadas até 180 dias. Neste estudo, concluímos que a semente precisa alcançar sua maturidade fisiológica para poder germinar. Em outra pesquisa, estudamos os efeitos dos ácidos gástricos na germinação das sementes. Para tanto, coletamos nos apriscos sementes regurgitadas imediatamente e sementes após 8 dias no solo. Nas sementes regurgitadas imediatamente, não foi encontrado resíduos da ação dos ácidos gástricos dos caprinos. Estes resultados foram confirmados com as necropsias de animais abatidos, onde observamos que os frutos depois de ingeridos pelos animais, alojavam-se no retículo e parte do rúmen. Assim, as sementes não sofriam qualquer ação dos ácidos, pois esta só ocorre no quarto compartimento do estômago, o abomaso. Porém, nas sementes coletadas aos 8 dias no solo, detectamos uma grande quantidade de nitrogênio proveniente das fezes e urina dos animais e este nitrogênio na razão de 13,33 mg/litros é responsável pelos elevados índices de germinação das sementes regurgitadas pelos animais.

terça-feira, 17 de abril de 2007

O consumo do mandacaru pelos caprinos na seca

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar os caprinos consumindo partes do mandacaru queimado na seca. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos

O mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.) a planta de maior importância para os pequenos agricultores da região semi-árida do Nordeste no período de seca. Os agricultores também utilizam o facheiro (Pilosocereus pachycladus F. RITTER), o xiquexique (Pilosocereus gounellei K. Schum) e a coroa-de-frande (Melocactus bahiensis Britton & Rose) como alternativas para salvarem seus animais da fome causada pela seca. O mandacaru é cortado e seus espinhos queimados para facilitar seu consumo pelos animais. No período de seca que a maioria dos agricultores utiliza o mandacaru que dispõem em suas propriedades. Contudo, a utilização massiva desta cactácea em períodos de secas sucessivas, tem reduzido significativamente a densidades do mandacaru na caatinga.

O consumo do faheiro pelos caprinos na caatinga

A foto

Nesta foto, podemos observar dois caprinos consumindo partes do facheiro na caatinga. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE no período de estiagem de 2003.

O fato

No período de seca que ocorre na caatinga nordestina, os agricultores têm muita dificuldade para alimentar seus rebanhos, devido à baixa oferta de alimentos para os animais. O período de seca que tem início no final do período de chuvas, em alguns anos começa nos meses de julho ou agosto e prolonga-se até o início das chuvas que pode ocorrer na segunda quinzena de novembro ou em janeiro. Neste período, a maior parte dos animais que sobrevivem da vegetação da caatinga, paca por grande restrição alimentar. Em algumas comunidades, a maior parte dos rebanhos morre de fome e sede. Contudo, as cactáceas da caatinga, entre elas, o mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.), o facheiro (Pilosocereus pachycladus F. RITTER), o xiquexique (Pilosocereus gounellei K. Schum) e a coroa-de-frande (Melocactus bahiensis Britton & Rose) são as únicas alternativas encontradas pelos agricultores para salvarem seus animais.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

A produção de frutos do imbuzeiro



A foto
Nesta foto, podemos observar a quantidade de frutos do imbuzeiro colhidos de uma única planta na caatinga. A foto foi obtida na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE na safra de 2006.
O fato


Os primeiros estudos visando medir a produção de frutos do imbuzeiro foram realizados em 1938, com plantas nativas da Serra da Borborema, que produziram uma média de 15.680 frutos (frutos verdes e maduros), com uma produtividade de 153 kg de frutos por planta. A produtividade estimada desta planta foi de 300 a 400 kg de frutos na safra anual. Outros estudos indicam que uma planta adulta de imbuzeiro pode produzir mais de 300 kg de frutos por safra. Em alguns trabalhos de pesquisa realizados com plantas nativas de comunidades da região semi-árida do Estado da Bahia, obtivemos uma produtividade estimada de 239,25 a 316,01 kg para plantas com altura média variando de 5,50 m a 5,76 m e o diâmetro médio da copa foi de 12,54 m a 12,57 m. O número médio de frutos colhidos por planta, variou de 18.853 a 21.366 frutos e o peso dos frutos apresentou uma média variando de 162,30 a 176,88 kg por planta.

Os diferentes tipos de doce de imbu

A foto

Nesta foto podemos observar quatro tipos de doce obtidos com o fruto do imbuzeiro em diferentes estádios de maturação. A foto foi obtida com doces processados de frutos colhidos na caatinga de Petrolina, PE, na safra de 2006.
O fato

Do fruto do imbuzeiro podem ser obtidos diversos produtos, principalmente, doces em massa, geléias, suco, licor, compota, mouse, imbuzada, entre outros. O principal derivado do fruto do imbuzeiro é o doce em massa. Este produto é obtido da polpa dos frutos, adicionada a certa quantidade de açúcar. A quantidade de água na polpa e a porcentagem de açúcar vão determinar a qualidade do doce. Outro fator de muita importância é o estádio de maturação dos frutos. De modo geral, os frutos do tipo 1 (frutos no estádio de maturação entre o verde e o maduro) são os mais utilizados pelos agricultores que processam o doce em massa de imbu. O fruto do tipo 2 (fruto após a queda ao solo que pode ser “d’vez” ou inchado), fruto do tipo 3 (fruto maduro) e o fruto do tipo 4 (fruto após a maturação plena). Os frutos alcançam a maturação plena, após 2 a 3 dias após a queda ao solo. Este estádio também pode ser obtido após a colheita e o armazenamento dos frutos por 2 a 3 dias. Em trabalhos de análise sensorial por meio de diversos teste de degustação com uma escala hedônica de 9 pontos, o doce processado com os frutos do tipo 4, obtiveram o atributo “gostei muitíssimo) por 88% dos provadores.

sábado, 14 de abril de 2007

A defesa do imbuzeiro para propagação de suas sementes



A foto


Nesta foto podemos observar uma semente de imbuzeiro com um espinho. A foto foi obtida de uma planta localizada na caatinga da comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE, na safra de 2005.


O fato
O fruto do imbuzeiro é um dos mais consumido pelos animais da caatinga, com destaque para o caititu, o veado catingueiro, a cotia, o tatu-peba, a raposa, o guará, entre outros. Todavia, os caprinos e ovinos são os maiores consumidores dos frutos do imbuzeiro e, consequentemente, os maiores dispersores das sementes do imbuzeiro. A dispersão pelos caprinos e ovinos pode ser considerada não positiva, pois os animais retiram os frutos da caatinga e regurgitam as sementes nos apriscos e chiqueiros, onde as sementes são transportadas junto com o esterco para áreas de cultivo como adubação orgânica e as possíveis plântulas que nascem são eliminadas. Em pesquisas realizadas na Comunidade do Alto do Angico no município de Petrolina, PE, foi observado que existia uma planta de imbuzeiro, cujos frutos eram muito pouco consumidos pelos caprinos e ovinos, como sabíamos que os animais consumiam bastantes frutos de outras plantas de imbuzeiro, procuramos identificar as razões da rejeição dos frutos desta planta. Para tanto, realizamos observações no período de três anos de um grupo de 123 caprinos que consumiam os frutos de outras plantas circunvizinhas e observamos que os animais, dificilmente, procuravam os frutos da planta selecionada. Estudamos o fruto e a semente e observamos que na semente havia algumas protuberâncias na forma de espinhos que poderiam ser o motivo do não consumo destes frutos pelos animais. Para confirmarmos as observações, realizamos experimentos com alguns animais que tinham frutos de diversas plantas para consumir e os mesmos após consumirem alguns frutos com as protuberâncias, evitavam os comedores com estes frutos. Com esses resultados, concluímos que estas protuberâncias era um sistema de defesa que aquela planta de imbuzeiro desenvolveu para evitar que suas sementes fossem consumidas e/ou destruídas por animais.

O gorgulho da semente do imbu


A foto


Nesta foto podemos observar algumas sementes do imbuzeiro perfuradas pelo gorgulho (Amblycerus) e um inseto adulto após a emergência da semente. A fotografia foi obtida na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE na safra de 2005.

O fato

A baixa ocorrência de plantas novas de imbuzeiro na caatinga pode ser atribuída a diversos fatores, principalmente ao desmatamento e o consumo de plântulas pelos animais. Contudo, as sementes das Spondias, de modo geral são danificadas por um pequeno coleóptero que causa sérios danos as sementes. No caso da semente do imbuzeiro, o inseto adulto colocar seus ovos nos frutos ainda pequenos e após o nascimento das larvas, esta emigram para a semente onde completam seu ciclo destruindo o embrião das sementes. Quando o inseto está completamente desenvolvido, este perfura as paredes das sementes e voa. Em pesquisas realizadas com as sementes de diversas plantas de imbuzeiro localizadas no Campo Experimental da Embrapa Semi-Árido no município de Petrolina, PE, foi constatado que mais de 80% das sementes que ficam no solo embaixo das plantas, estão danificadas pelos insetos e não germinam. Para evitar estes danos, temos que coletar os frutos tão logo eles caem maduros e retirar a polpa, com isso, a larva não penetra na semente.

Produção de frutos por plantas de imbuzeiro aos 6 meses


A foto

Nesta foto, podemos observar uma muda de imbuzeiro aos seis meses de idade com um pequeno fruto. A foto foi obtida na casa de vegetação da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE no ano de 2004.

O fato

O imbuzeiro é uma planta que sobrevive por mais de 100 anos. Assim, o início da produção de frutos apresenta uma grande variabilidade. Normalmente, as plantas iniciam sua produção aos 6 anos com um a três frutos, porém, em algumas plantas o início da produção ocorre aos 10 ou 13 anos. Em pesquisas desenvolvidas nos últimos 10 anos na Embrapa Semi-Árido, foram obtidos resultados muitos significativos em relação ao início da produção de frutos pelas mudas de imbuzeiro. Observamos que há uma variabilidade genética muito forte entre as plantas nativas quanto o início da produção. Esta variabilidade, também é influenciada pelas condições climáticas da região, principalmente pelo solo e o volume de precipitação no período inicial de desenvolvimento das mudas. Em uma pesquisa com 140 plantas de imbuzeiro, foi semeado em 10 anos, um total de 120.000 sementes que produziram mudas com alto grau de variabilidade genética. Das 120 plantas, duas apresentaram mudas que iniciaram a produção aos 5 e 6 meses. As plantas provenientes destas mudas encontram-se em observação e já produziram frutos em três anos consecutivos.

domingo, 8 de abril de 2007

O nome correto do imbuzeiro: imbu ou umbu?


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro na caatinga. Pelas suas características é muito fácil de ser identificada. Existe regiões onde a planta é chamada de umbuzeiro e outras em que a maioria das pessoas conhecem como imbuzeiro. A foto foi obtida na caatinga da comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE, em 2005.


O fato




Segundo o nosso grande Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu dicionário da língua portuguesa, o nome correto do imbuzeiro é “imbuzeiro”. Ele a definiu assim: arvoreta muito copada da família das anacardiáceas (Spondias tuberosa), própria da caatinga, de folhas penadas, flores minutas, e cujas raízes têm grandes tubérculos reservadores de água, sendo os frutos (imbu) bagas comestíveis, bastante apreciadas. O nome umbu é uma variação de imbuzeiro. Portanto, a palavra correta é imbuzeiro, embora se pronunciando umbu, não vai dificultar sua identificação.

A composição nutricional do xilopódio do imbuzeiro


A foto

Nesta foto podemos observar os detalhes da parte interna do xilopódio do imbuzeiro. A fotografia foi obtida em agosto de 2003 na caatinga do município de Petrolina, PE. Foram coletados diversos xilopódios de plantas adultas para observações.

O fato

Na analise bromatológica e mineral do xilopódio do imbuzeiro foi encontrado os seguintes elementos: matéria seca (%) 89,83; cinza (%) 11,27; proteína bruta (%) 4,11; fibra bruta (%) 11,44; Extrato etéreo (%) 1,37; tanino (%) 0,05; enxofre (%) 0,11; fósforo (%) 0,05; cálcio (%) 2,38 e magnésio (%) 0,47. Podemos observar na imagem que a parte central do xilopódio apresenta a formação de círculos concêntricos. Esta área é formada por uma camada de células esponjosas cuja solução nutritiva já foi absorvida pela planta. Após a retirada de toda reserva nutritiva do xilopódio pela planta, o xilopódio seca e em seu lugar inicia-se a formação de novos xilopódios dando continuidade ao ciclo de formação e reserva de nutrientes.


Crescimento do xilopódio do imbuzeiro


A foto

Nesta foto podemos observar diferentes tamanhos do xilopódio do imbuzeiro. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, em agosto de 2002. Para obtenção da fotografia, foram coletadas plantas jovens do imbuzeiro e retirado os xilopódios de plantas adultas.

O fato

A formação do xilopódios em plantas de imbuzeiro é muito variável. Algumas plantas iniciam a formação das túberas aos 5 dias após a germinação, outras iniciam entre o 8 e 13 dia. O crescimento xilopódio é lento nos primeiros 12 meses. Da esquerda para direita, temos a primeira planta aos 365 dias após o plantio com um xilopódio principal e outro secundário desenvolvendo-se. Normalmente, o xilopódio principal torna-se a raiz maior da planta e forma novas raízes secundárias, onde se desenvolve novos xilopódios. A segunda planta estava com 120 dias de crescimento e a terceira planta com 90 dias. A quarta planta foi coletada aos 30 dias após a germinação com um pequeno xilopódio. O xilopódio na parte de cima da fotografia foi retirado de uma planta adulta e pesou 27,56 kg, sendo o maior xilopódio colhido até agora, após mais de 20 anos de pesquisas com o imbuzeiro.


sábado, 7 de abril de 2007

Planta de imbuzeiro com 5 anos de crescimento


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro aos 5 anos de crescimento. A foto foi obtida em maio de 2003 na caatinga da Embrapa Semi-Árdio em um experimento de avaliação do crescimento do imbuzeiro.


O fato


Esta planta de imbuzeiro faz parte de um grupo de 10 plantas coletadas aos 5 anos de crescimento. As observações realizadas demonstraram que, em média, as características das plantas são: Altura da planta: 1,10 m; Diâmetro do caule ao nível do solo: 4,64 cm; Circunferência ao nível do solo: 15,76 cm; Maior diâmetro da copa: 2,12 m; Menor diâmetro da copa: 50,87 cm; Altura da copa: 80,75 cm; Altura do fuste: 23,76 cm; Peso dos galhos e folhas: 7,175 kg; Peso das folhas: 1,365 kg; Maior comprimento lateral da raiz: 1,85 m; Maior comprimento vertical da raiz: 1,16 m; Número de xilopódios: 22; Peso total dos xilopódios: 3,486 kg; Peso médio dos xilopódios: 158,49 g.

O tronco do imbuzeiro


A foto
Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com um tronco muito grande. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE no ano de 2004.
O fato

Esta planta de imbuzeiro é uma das maiores que já encontramos na caatinga. Sua altura é de 8,7 m com um diâmetro do caule ao nível do solo de 1,39 m. O diâmetro de sua copa é de 22 m². Considerando-se que em algumas pesquisas nós obtivemos plantas de imbuzeiro aos 365 dias após o plantio com um diâmetro do caule ao nível do solo de 0,912 cm, para alcançar este tamanho são necessários muitos anos de crescimento. Uma amostra do caule desta planta revelou a existência de 347 anéis de crescimento. Todavia, acreditamos que sua idade pode ser maior. Seu caule é muito desenvolvido para uma planta da caatinga cujo crescimento esta condicionado a escassez de chuvas que ocorre na região semi-árida.