quarta-feira, 4 de abril de 2007

O doce do xilopódio do imbuzeiro

A foto

Nesta foto podemos observar mudas de imbuzeiro após 180 dias de crescimento com xilopódios bastante desenvolvido. Nesta fase, os xilopódios das mudas podem ser utilizados para produção de doce em massa, substituindo o xilopódio de plantas adultas.

O fato


Na região semi-árida do Nordeste brasileiro, as fontes de renda das quais os pequenos agricultores dependem para sua sobrevivência, são bastante frágeis e fundamentadas, principalmente, no extrativismo vegetal. Entre as plantas que proporcionam esta atividade, o imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é a que mais se destaca. Contudo, em algumas comunidades os agricultores retiram os xilopódios das plantas adultas para produção de doce em massa. Essa atividade, embora tradicional em todo o Nordeste, pode esta causando danos irreparáveis à população de imbuzeiros na região. Os xilopódios são órgãos de reserva do sistema radicular que armazenam água e substâncias nutritivas que são utilizados pelas plantas nos períodos de estiagem. Este trabalho teve como objetivo buscar alternativas para exploração racional do imbuzeiro, visando à obtenção de xilopódios provenientes de plantas jovens. Foram plantadas sementes de imbu colhidas em chiqueiros e apriscos da região, com substrato de areia lavada, em casa de vegetação da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE no período de janeiro a dezembro de 2004.
O plantio foi realizado em canteiros com até 3 metros de comprimento por 1 metro de largura, com profundidade de 40 cm, com substrato formado por solo da superfície e areia grossa lavada, em proporções volumétricas de 1:1. As sementes foram semeadas numa proporção de, aproximadamente, 120 sementes por m² com uma cobertura de 2,5 a 3,0 cm de areia.
Os canteiros foram irrigados três vezes por semana. Quando as plantas completaram 180 dias de crescimento, foram retirados os xilopódios para produção de doce em massa. Após a colheita, os xilopódio foram lavados em água corrente e sanitizados, em uma solução de uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água, por 30 minutos. Após a retirada da casca do xilopódio, este foi passado em um ralo para trituração. Posteriormente, foi espremida a massa para retirada do excesso de água. No preparo do doce foram utilizados os seguintes ingredientes: 1 kg de massa de xilopódio adicionado a 750 g de açúcar. Misturou-se o açúcar à massa, antes de levá-lo ao fogo, mexendo-se sempre, até a mesma atingir o ponto de uma massa mais consistente que permitiu o corte. Para atingir esse ponto a mistura permaneceu ao fogo por aproximadamente 35 a 40 minutos de cozimento. A análise sensorial do doce foi realizada através de testes de degustação, utilizando-se uma escala Hedônica com os seguintes atributos: "desgostei muitíssimo" a "gostei muitíssimo".
Nas plantas de imbuzeiro, aos 180 dias após o plantio, o xilopódio atinge um comprimento em torno de 28 cm e um diâmetro, na porção tuberculada, de 6,5 cm e peso médio de 250 g. Nesta etapa de crescimento, o xilopódio do imbuzeiro apresenta as melhores características para o processamento de doce em massa. Quanto a preferência dos provadores, em termos de aparência, sabor e textura do doce de xilopódio, observou-se que 60,65% dos provadores indicaram o atributo "gostei muito" para à aparência e 65,68% provadores indicaram o atributo " gostei muitíssimo" para o sabor. Quanto a textura, a maioria dos provadores 59,62% indicou o atributo gostei regularmente". A análise sensorial do doce em massa processado com xilopódio do imbuzeiro obtido de plantas aos 180 dias de crescimento, indicou que o doce do xilopódio nesta fase de desenvolvimento da planta pode substituir o xilopódio de plantas adultas, evitando-se danos em sua retirada.

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