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quarta-feira, 28 de março de 2012

Um crime contra a natureza no Sertão de Pernambuco



As fotos

Nestas fotografias podemos ver uma bela baraúna (Schinopsis brasiliensis) na caatinga e outra com sua casca cortada. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.



Os fatos

A baraúna (Schinopsis brasiliensis) é uma das mais belas árvores da caatinga nordestina. A baraúna pertence à família das Anacardiaceaes. É uma das mais imponentes árvores da caatinga.  Por ser uma madeira de “Lei”, isto é, madeira forte e de longa duração é muito utilizada para produção de linhas, mourões, etc. Em função disso, esta planta é muito perseguida pelos agricultores. Por outro lado, as sombras das baraúnas que existem na região semiárida do Nordeste contribuir muito para amenizar a temperatura do meio ambiente e dos animais na caatinga, proporcionando melhores condições para os mesmos. A baraúna é uma das espécies da caatinga ameaçada de extinção e têm seu corte controlado pelo IBAMA. A baraúna teve sua população bastante reduzida pelo corte para produção de dormentes para ferrovias do Nordeste. Na fotografia podemos ver que foi realizado um corte na casca o que leva a planta a morte e posteriormente sua madeira é utilizada. Esse é um dos artifícios utilizados para burla a legislação vigente, pois com o corte da casca a planta morre e madeira proveniente de planta morta não sofre restrição.  

terça-feira, 27 de março de 2012

Barreiro cheio com chuva de 137 mm em Cristália


As fotos


Nestas fotografias  podemos ver alguns barreiros com água de chuva na caatinga.  As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.






O fato

Na região semiárida do Nordeste brasileiro, a quantidade de água de chuva é de aproximadamente 700 bilhões de metros cúbicos por ano, o que torna o semiárido nordestino diferente das demais regiões semiáridas do mundo. A maior parte dessa chuva não é aproveitada em todo o seu potencial, pois, mesmo existindo grande quantidade de barreiros e açudes no Nordeste, 36 bilhões de m3 se perdem pelo escoamento superficial.  Nessa região a água dos barreiros tem uma importância muito grande para os agricultores. Essa água, embora não seja de boa qualidade é a garantia de sobrevivência dos animais na seca e quando falta água de qualidade na comunidade, os agricultores utilizam a água dos barreiros. Nos anos de seca no Nordeste semiárido, a maior dificuldade dos criadores é o fornecimento de água para os animais. Existem muitas alternativas para a captação e o armazenamento de água das chuvas, contudo, o tradicional barreiro ainda é a mais utilizada. O problema é que em muitos casos os barreiros são construídos em locais inadequados, isto é, ou não tem área de captação ou o solo favorece a infiltração de um grande volume de água. Embora existam perdas consideráveis com a evaporação, a maior perda de água nos barreiros ainda é a infiltração. Em anos de pouca chuva, o volume armazenado nos barreiros não é suficiente para manter os animais durante os meses de seca, o que gera muita dificuldade para os criadores. Na fotografia, podemos ver um barreiro que foi construído no mês de fevereiro e com uma chuva de 137 mm que ocorreu no dia 19 de março, transbordou.

O crescimento do feijão no Sertão de Pernambuco


As fotos

Nestas fotografias podemos observar uma área da caatinga com o plantio de feijão. As fotografias foram obtidas no município de Lagoa Grande, PE.




Os fatos

A irregularidade das chuvas no Sertão de Pernambuco este ano têm contribuído para que poucos agricultores se arrisquem em plantar sem a certeza das chuvas. Embora tenham ocorrido algumas chuvas em toda a região, os veranicos provocaram a morte das plântulas de milho e feijão plantados pelos agricultores nos meses de dezembro e janeiro. Todavia, em algumas comunidades onde as chuvas foram mais intensas os agricultores que plantaram feijão estão na esperança de colher alguma coisa. O plantio foi realizado com as chuvas do dia 19 de fevereiro que foi, em média, de 56 mm. Todavia, só voltou a chover no dia 19 de março, um mês depois. Neste período, as altas temperaturas que ocorreram na região castigaram severamente as plantas que germinaram. Em anos normais, no mês de março já teriamos uma boa produção de feijão, melancia, etc. Contudo este ano os agricultores do Sertão terão o almoço da sexta-feira santa sem nada das lavouras na mesa. Na fotografia, podemos ver uma área com plantio de feijão. Se houver mais chuvas para o desenvolvimento do feijão, pode ser que os agricultores consigam colher alguma coisa.

sábado, 24 de março de 2012

Cisternas de plástico no Sertão da Bahia

As fotos

Nestas fotografias podemos ver um grande número de cisternas de plástico em uma quadra. As fotografias foram obtidas no município de Chorrochó, BA.





Os fatos

As cisternas de plástico estão sendo distribuídas em diversos municípios do Sertão nordestino. Com a facilidade de transporte e uma produção de 50 cisternas por dia na fábrica de Petrolina, PE, a demanda do Programa Brasil Sem Miséria vai ser alcançada rapidamente.  A forma como o governo deu início a esse programa poderá  implantar as 750 mil cisternas previstas antes do prazo estabelecido. Assim, muitos agricultores que até hoje ainda esperam a construção de uma cisterna de placas pelo Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) coordenado pela ASA têm seu sonho realizado. A primeira cisterna deste novo modelo foi implantada no dia 13 de dezembro de 2011 na Comunidade de Sítio Caldeirão no município de Cedro, PE. A família beneficiada foi a da agricultora Lucilene Maria da Conceição.  A segunda cisterna de plástico foi instalada na Comunidade de Chapada da Serra Branca no município de Paulistana, PI no dia 28 de janeiro de 2012. Embora já tenham ocorrido alguns problemas com cisternas instaladas, as falhas estão sendo corrigidas e a cada instante mais uma família de nordestinos recebe uma cisterna. O problema que ainda precisa ser discutido é o aumento na frota de carros-pipas para o abastecimento inicial destas cisternas, visto que, em alguns municípios elas estão chegando no final das chuvas e as famílias precisam de água.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A venda de imbu nas feiras livre de Petrolina, PE

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar uma agricultora da comunidade de Santana do Sobrado no município de Casa Nova, BA, vendendo frutos do imbuzeiro em uma feira livre. As fotografia foram obtidas na Feira livre de Areia Branca no município de Petrolina, PE.





Os fatos

A colheita e comercialização do fruto do imbuzeiro nos primeiros meses de 2012 têm contribuído substancialmente na formação de renda de muitas famílias da região semiárida do Nordeste. Como as chuvas que ocorreram até o momento não foram suficiente para o plantio e produção de nenhuma lavoura na região, essa alternativa é uma das principais ocupações da mão-de-obra na maior parte das comunidades do Sertão nordestino, principalmente do Estado da Bahia. Em muitas comunidades os agricultores utilizam parte da produção do imbu para a produção de doces, geleias, sucos, etc. Com a agregação de valor ao fruto do imbuzeiro os agricultores conseguem obter uma renda extra que contribui para melhoria da qualidade de vidas das famílias rurais que realizam o extrativismo do fruto do imbuzeiro. Nas feiras livres de Petrolina, PE, muitos agricultores das comunidades de Santana do Sobrado e Riacho do Sobrado, localizadas no município vizinho de Casa Nova, BA, iniciaram a venda de frutos do imbuzeiro na segunda quinzena de dezembro de 2011 e segundo os agricultores, a safra pode se prolongar até a primeira quinzena de abril de 2012.

terça-feira, 20 de março de 2012

A produção de feijão no Sertão de Pernambuco com o mínimo de chuvas

As fotos

Nestas fotografias podemos ver a colheita de feijão em uma área de caatinga nos primeiros dias de março. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

O período chuvoso no Sertão de Pernambuco tem início no mês de outubro com as primeiras trovoadas. Em outubro de 2011 choveu 12,5 mm no dia 17. Essa chuva não foi suficiente para mudar o cenário da seca, más contribuiu para formação de pastagem para os animais e para floração de muitas plantas da caatinga. No mês de novembro de 2011, choveu um total de 56,7 mm, sendo 48,7 mm no dia 2, 2,0 mm no dia 4 e 6,0 mm no dia 9 de novembro. Com essas chuvas muitos agricultores plantaram milho e feijão, todavia o período de estiagem estendeu-se até o dia 12 de dezembro e tudo que germinou não suportou as altas temperaturas deste período. Nos dias 12, 13 e 14 de dezembro choveu um total de 37,5 mm e outra vez os agricultores realizaram o plantio de milho e feijão. Com essas chuvas, realizamos o plantio de feijão em uma área de caatinga na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido. Para o plantio o solo foi preparado com uma aração e em seguida foi passada uma grade. O feijão foi plantado no sistema de sulcos em curva de nível, conhecidos como “Sistema Guimarães Duque”. Esse sistema de plantio permite que um maior volume de água fique acumulado no solo e favoreça o crescimento das plantas. O feijão iniciou a germinação no dia 19 de dezembro. No mês de janeiro de 2012 não ocorreu nenhuma chuva na área do experimento. Neste período, as plantas não cresceram muito e algumas morreram. No dia 1 de fevereiro de 2012 foi registrada uma precipitação de 0,3 mm que não alterou a situação na região. As chuvas voltaram a ocorrer nos dias 10, 11 e 12 de fevereiro com 14,2 mm, 5,0 mm e 8,5 mm, respectivamente. Essas precipitações tiveram um papel muito importante na sobrevivência das plantas de feijão. No dia 19 de fevereiro ocorreu uma precipitação de 56,5 mm que foi suficiente para que o feijão florasse e iniciasse a formação das vagens. No mês de março foi registrada uma precipitação de 1,5 mm no dia 7 e 19,1 mm no dia 19 de março. No total foram 142,6 mm registrados na área do experimento até o início da colheita. Esses resultados são animadores, visto que, essas variedades de feijão associadas às práticas de manejo do solo que favorecem a captação de um maior volume de água no solo podem possibilitar a garantia de safra em anos de irregularidades climáticas severas.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Chuvas no Sertão de Pernambuco no dia de São José

As fotos

Nestas fotografias podemos observar barreiros na caatinga com água. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.







Os fatos

Hoje 19 de março de 2012 é dia de São José. Choveu em muitos municípios do Sertão de Pernambuco. No distrito de Cristália (Petrolina, PE) a precipitação alcançou mais de 137 mm. Os agricultores do Sertão do Nordeste acreditam que neste dia sempre ocorre chuvas no Sertão e que o milho plantado com essas chuvas estará em ponto de colheita no dia de São João. Historicamente, o mês de março é um dos mais chuvosos do Sertão do Nordeste. Contudo, este ano, foram 18 dias sem qualquer chuva. Em uma série histórica de 1982 a 2011 a média para o mês de março é de 129,4 mm, superando os meses de fevereiro e abril cujas médias são de 83,9 e 68,6 mm, respectivamente. Em termos de maior volume de chuvas registradas em um mês, o mês de janeiro é o primeiro com 431,0 mm registado em 2004, seguido pelo mês de março com 317,9 mm em 1984, fevereiro com 257,1 em 2009 e abril com 154,6 mm em 1989.  Os agricultores que já haviam perdido seus plantios estavam na esperança que em março choveria, contudo, se considerarmos o volume registrado até hoje, choveu somente 20,6 mm neste mês. Somando-se essa chuva as que ocorreram de janeiro até o momento, o total é de 105,1 mm na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido. Muito pouco comparado com o ano de 2011 quando no dia 19 de março já havia sido registrado um total de 197,4 mm. Os agricultores vão mais uma vez plantar seu milho, feijão, abóbora, etc. Todavia, se as chuvas não continuarem, teremos mais uma perda de safra no Sertão. Até o momento, a água acumulada nos barreiros é muito pouca se comparada com o volume acumulado até o dia 16 de março de 2008.


domingo, 18 de março de 2012

A falta de chuvas no Sertão de Pernambuco em 2012

As fotos

Nestas fotografias podemos observar a produção  de feijão no Sertão. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

As chuvas deste ano no Sertão de Pernambuco não possibilitaram o plantio das lavouras tradicionais pelos agricultores. Tudo que foi plantado pelos agricultores não resistiu aos dias sem chuvas com altas temperaturas. Normalmente no mês de março, já existe feijão, melancia, maxixe e outras plantas sendo colhidas no Sertão, todavia este ano, até o momento, a maioria dos agricultores ainda espera por chuvas para realizar o plantio do milho, feijão, abóbora, melancia. O pior é que em algumas comunidades não choveu nada e está faltando água para os animais. Em 2011 choveu em janeiro um total de 66,2 mm, sendo as mais significativas no dia 21 com 14 mm e no dia 24 com 46,3 mm. Em fevereiro de 2011 ocorreram seis chuvas, sendo as mais importantes no dia 25 com 27,9 mm e no dia 28 com 44,0 mm. Neste mês choveu um total de 87,2 mm.  Em março de 2011 foram registrados 77,5 mm, sendo 31,3 mm no dia 5 e 30 mm no dia 28. Essas chuvas possibilitaram o crescimento e uma boa produção para o milho e, principalmente para o feijão dos agricultores que plantaram no mês de fevereiro como podemos ver na fotografia um agricultor colhendo feijão em março de 2011. Este ano, infelizmente até hoje só ocorreu 86,5 mm na região, distribuídos de forma irregular e não foi registrada nenhuma chuva até 18 de março. Nas caatingas de Pernambuco, teremos este ano uma semana santa onde o principal lamento dos agricultores é a falta de chuva, visto que, normalmente temos na semana santa uma mesa farta de produtos obtidos com as chuvas, tais como, uma boa melancia, feijão verde e muito maxixe para preparação do peixe. Contudo, se chover ainda este mês, principalmente no dia de São José (19 de março), essas chuvas não serão suficientes para termos um almoço da sexta-feira santa com mesa farta.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O caprino criado com pastagens nativas da caatinga

As fotos

Nestas fotografias podemos observar caprinos na caatinga.  As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.









Os fatos

A maioria dos agricultores do Sertão do Nordeste tem como uma das principais fontes de renda a criação de caprinos e ovinos na caatinga. Onde não ocorreu a construção de cercas nas áreas chamadas de fundo de pasto, onde os animais de todos os agricultores da comunidade alimentam-se na caatinga livremente, a presença dos caprinos é mais acentuada. Nas áreas que a divisão das propriedades já está definida por cercas, o número de caprinos tende a reduzir. Assim,  criação de caprinos e ovinos tem sido à base de sustentação de muitas famílias de agricultores no Sertão do Nordeste.  Dados recentes indicam que o rebanho de caprinos da região semiárida esta estimado em mais de 8,5 milhões de cabeças e não para de aumentar. Há municípios tradicionais na comercialização de caprinos e ovinos como Casa Nova e Uauá na Bahia, Afrânio e Dormentes em PE. A comercialização da carne de caprinos e ovinos é hoje uma das cadeias mais lucrativas da região de Petrolina, PE e Juazeiro, BA. Por outro lado, esse número de animais tem causado impactos significativos na cobertura vegetal da região pelo consumo constante de algumas espécies como a jureminha (Desmanthus virgatus, L. Willd), a faveira (Parkia platycephala Benth), o juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart), o imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), o mororó (Bauhinia cheilantha, Bong. Steud.), o feijão bravo (Capparis flexuosa L.), a maniçoba (Manihot pseudoglaziovii Pax & K. Hoffm.), o pau-ferro (Caesalpina férrea Mart.), a favela (Cnidoscolus phyllacanthus Pax & H. Hoffm.) entre outras. A presença constante dos animais na caatinga e a irregularidade das chuvas têm levado a uma redução severa no crescimento destas plantas com conseqüências para todo o bioma da caatinga. Contudo, os animais criados soltos na caatinga com uma alimentação natural tem uma carne de qualidade inigualável e um sabor livre dos produtos utilizados por criadores em confinamentos para que os animais cresçam rápidos e produzam mais carne. Quando comemos carne de caprinos da caatinga estamos consumindo realmente uma carne de qualidade. Na criação tradicional, os animais dormem no aprisco ou chiqueiro e durante o dia ficam soltos na caatinga.