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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O dilema dos espinhos do mandacaru no Sertão


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar as diversas formas que os agricultores utilizam para retirar os espinhos do mandacaru antes de ofertá-lo aos animais. As fotos foram obtidas nos municípios de Lagoa Grande, PE e Riachão do Jacuípe, BA. 










Os fatos

O mandacaru é uma das últimas alternativas que os pequenos agricultores do Sertão do Nordeste utilizam para salvar seus animais em períodos de seca severa. Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores, os espinhos ainda são problemas para muitos animais. Tradicionalmente os espinhos são queimados antes de o mandacaru ser ofertado para os animais, contudo, muitos agricultores cortam a parte dos espinhos antes de alimentar os animais com o mandacaru. Em algumas comunidades as máquinas forrageiras têm sido utilizadas para triturar o mandacaru. Essa opção embora melhore a textura do mandacaru, ainda deixa a base dos espinhos em condições de causar danos aos animais. Procurando resolver esse problema já foram desenvolvidas várias pesquisas que resultaram na criação de uma máquina para  processamento do mandacaru. Essa máquina consiste em um conjunto de serras semicirculares,  autoajustáveis, para permitir a passagem de caules de mandacaru com diâmetros variados.  A máquina retira os es­pinhos com perda mínima de mas­sa verde. Após a retirada dos espinhos, o mandacaru deve ser processado numa máquina forrageira comum e está pronto para o consumo dos animais. Embora essa alternativa seja boa, seu custo pode inviabilizar sua utilização pelos pequenos agricultores, visto que, são duas máquinas que devem ser compradas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A produção e venda de esterco na caatinga


As fotos

Nestas fotografias podemos observar um rebanho de caprinos em um aprisco e a retirada de esterco. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

Em anos de seca severa como a que esta afetando a região semiárida do Nordeste a venda de esterco é uma das alternativas de renda para os pequenos agricultores. Anualmente, milhares de toneladas de esterco são retiradas dos apriscos na caatinga para áreas de agricultura irrigada. Este procedimento tem contribuído de forma severa para o empobrecimento do solo da região, visto que, para produção do esterco, os animais alimentam-se das plantas da caatinga, assim, o esterco seria uma forma de equilíbrio para o ecossistema da caatinga. Os agricultores até que poderiam utilizar este adubo para melhora a qualidade dos solos de suas propriedades e consequentemente o rendimento de suas lavouras, todavia, o valor do esterco tem sido uma fonte alternativa de renda para muitas famílias da região. Se os agricultores utilizassem de forma regular o esterco nas culturas tradicionais como o milho e feijão, os rendimentos seriam melhores, mesmo nos anos de pouca chuva como 2012. Atualmente o esterco é comercializado por carrinho-de-mão ao preço de R$ 2,80. O peso médio de um carrinho de esterco é de 25 kg, aproximadamente. Algumas famílias que possuem um rebanho de 150 cabeças de caprinos estão vendendo, em média, 50 a 60 carrinhos a cada dois meses. 

O belo choró-boi da caatinga nordestina

 As fotos

Nestas fotografias, podemos observar o choró-boi na caatinga. As fotografias foram obtidas na Caatinga do   município de Petrolina, PE.





Os fatos


Entre as aves que povoam a caatinga nordestina o Choró-boi (Taraba major) é uma das mais belas. Essa espécie é encontrada nas capoeiras, clareiras e bordas da caatinga. É um pássaro que tem como hábito viver pulando entre os cipós e arbustos. No período de seca sua observação é mais fácil em função das cores preto e branco de sua plumagem. O choro-boi não tem canto de destaque, sua atração são as cores chamativas como o branco e preto, além dos olhos vermelhos. O macho do choro-boi destaca-se pela cor preta no dorso e o resto das penas brancas em contraste com a fêmea que tem as penas pretas substituídas pela cor marrom avermelhada. É uma ave dócil que não se assusta com a presença de humanos, porém é presa fácil para os gatos silvestres da caatinga. Quando capturada não resiste por muito tempo. A alimentação básica do choro-boi são os pequenos invertebrados encontrados nos galhos e folhas secas no chão da caatinga.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Crescimento do mandacaru na caatinga


 As fotos

Nestas fotografias, podemos observar o plantio e o corte do mandacaru em uma área de pesquisa. As fotografias foram obtidas no Campo Experimental da Caatinga na Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE.






Os fatos

O mandacaru é uma cactácea de grande importância para a sustentabilidade e conservação da biodiversidade do bioma caatinga. Seus frutos são uma das principais fontes de alimento para pássaros e animais silvestres da caatinga. Essa cactácea ocorre nas áreas mais secas da região semiárida do Nordeste, em solos rasos, encima de rochas e se multiplica regularmente, cobrindo extensas áreas da caatinga.  Sua distribuição ocorre principalmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Poucos estudos têm sido realizados em relação ao desenvolvimento dessas cactáceas e principalmente, quanto a sua densidade e utilização pelos agricultores. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa com o objetivo de determinar o crescimento do mandacaru (Cereus jamacaru P. DC) em condições de sequeiro na caatinga até os 10 anos. O estudo foi realizado no período de agosto de 2001 a agosto de 2011 em uma área de caatinga na Estação Experimental da Embrapa Semiárido no município de Petrolina, PE. A altura média das plantas no primeiro e no décimo ano foi de 0,52 e 1,94 m, respectivamente. O diâmetro basal e a circunferência do caule ao nível do solo foram de 8,0 e 16,58 cm, respectivamente. Os resultados obtidos foram os seguintes: No primeiro ano a altura das plantas foi de 0,52 cm com uma produção de 3,25 kg de fitomassa verde e 0,54 kg de fitomassa seca. No segundo ano a altura das plantas foi de 0,92 cm com uma produção de 4,51 kg de fitomassa verde e 0,77 kg de fitomassa seca. No terceiro ano a altura das plantas foi de 1,41m com uma produção de 6,22 kg de fitomassa verde e 1,06 kg de fitomassa seca. No quarto ano a altura das plantas foi de 1,47 m com uma produção de 9,18 kg de fitomassa verde e 1,56 kg de fitomassa seca. No quinto ano a altura das plantas foi de 1,54 m com uma produção de 10,17 kg de fitomassa verde e 1,74 kg de fitomassa seca. No sexto ano a altura das plantas foi de 1,59 m com uma produção de 11,25 kg de fitomassa verde e 1,92 kg de fitomassa seca. No sétimo ano a altura das plantas foi de 1,68 m com uma produção de 13,75 kg de fitomassa verde e 2,35 kg de fitomassa seca. No oitavo ano a altura das plantas foi de 1,72 m com uma produção de 15,27 kg de fitomassa verde e 2,62 kg de fitomassa seca. No nono ano a altura das plantas foi de 1,75 m com uma produção de 18,56 kg de fitomassa verde e 3,17 kg de fitomassa seca. No décimo ano a altura das plantas foi de 1,94 m com uma produção de 22,47 kg de fitomassa verde e 3,85 kg de fitomassa seca. Se considerar a produção por hectare no espaçamento de 1 m entre plantas e 1,5 m entre as fileiras teríamos 1.500 plantas/ha que proporcionariam uma produção de 33.705 kg de fitomassa verde e 5.775 kg de fitomassa seca aos 10 anos de crescimento. Com os resultados obtidos podemos inferir que: o  plantio do mandacaru no período de pouca ocorrência de chuvas na região semiárida do Nordeste apresenta bons índices de sobrevivência; O crescimento do mandacaru nos primeiros anos é muito lento; Aos dez anos de crescimento a produção de fitomassa verde e seca do mandacaru pode contribuir como uma boa alternativa para os pequenos agricultores alimentarem seus animais na seca.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A utilização da coroa-de-frade na caatinga pelos agricultores na seca

As fotos

Nestas fotos, podemos observar agricultores coletando, retirando os espinhos e ofertando a coroa-de-frade para suas criações. As fotografias foram obtidas na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.








Os fatos

A caatinga oferece muitas alternativas para os animais nativos e domésticos no período de seca. Os animais domésticos como os caprinos, bovinos e ovinos consomem o mandacaru, a coroa-de-frade, o xiquexique, o facheiro, etc. Os animais silvestres como o caititu e o veado catingueiro consomem o xiquexique, o rabo de raposa, a maniçoba e o caroá. No período de seca, muitos agricultores coletam a coroa-de-frade na caatinga para alimentar seus animais. A coroa-de-frade (Melocactus bahiensis Britton & Rose), pertence à Família: Cactaceae; Gênero: Melocactus. Espécie: Melocactus bahiensis. É uma planta de caule globoso, cônico de ampla distribuição no semiárido é muito utilizada pelos agricultores. Porte variando de 5,7 a 26,57 cm de altura e diâmetro de 12,5 a 24,5 cm. Frutos são bagas vermelho-claro com 1,6 a 2,5 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm de diâmetro com peso de 0,52 a 1,23 g. Esta cactácea contém bastante água e uma porção significativa de proteína que contribui na alimentação dos animais. Sua composição é de matéria seca (12,41%); proteína bruta (7,69%); fibra bruta (27,23%); FDN (51,27%); FDA (38,59%); e DIVMS (78,42%). Os agricultores alimentam também seus porcos e galinhas com a coroa-de-frade.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Mandacaru para os bovinos na caatinga seca


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar um agricultor cortando e queimando mandacaru para seu rebanho de bovinos. As fotos foram obtidas na Comunidade de Budim no município de Petrolina, PE.







Os fatos

A seca que vem ocorrendo na região semiárida do Nordeste tem causado danos econômicos graves para as famílias da zona rural, principalmente pela perda das lavouras e pela morte dos animais. Muitos animais, principalmente os bovinos tem morrido de sede e fome. Quando o agricultor tem água não dispõe de alimentos e quando tem alimentos não tem água. É um dos maiores dilemas que a região da caatinga tem passado nesses últimos 30 anos. As chuvas que alcançaram volume de aproximadamente 150 mm até o momento não foram suficiente para formação de água e pastagens para os rebanhos da caatinga. Os governos Estadual, Municipal e Federal tentam amenizar a situação com a oferta de água para o consumo das famílias e a doação ou venda a preço mínimo de milho e outras rações para os animais. Contudo, a cada dia sem chuva a situação se torna mais grave. Em muitas comunidades os agricultores que possuem bovinos tem retirado o mandacaru para alimentar seus rebanhos. Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores na seca, esta planta não apresenta condições de sustentação para grandes animais como os bovinos. Esses animais apresentam uma exigência maior em alimentos para sobrevivência ao contrário dos pequenos rebanhos de caprinos que consome um volume bem menor do que um bovino de 150 a 200 kg de peso vivo. Talvez as dificuldades dessa seca possam alerta os agricultores para o fato de que a caatinga não apresenta condições naturais para alimentação de animais de grande porte e que na hora de escolher seus rebanhos seja dada prioridade aos caprinos. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A floração do mulungu e os pássaros da caatinga


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar a beleza da floração do mulungu. As fotografias foram obtidas na caatinga do município de Petrolina, PE.








O fato

A floração do mulungu (Erythrina mulungu) é uma das mais belas da caatinga. Embora essa planta só ocorra nas baixadas e vales da caatinga sua floração no início do verão é um belo espetáculo. Suas flores têm a predominância da cor laranja e vermelha e são muita visitadas por insetos e pássaros da caatinga, principalmente pelo corrupião e pela pega preta. O corrupião ou sofrê é uma das mais belas aves da caatinga e um dos  cantos mais bonito. A pega ou xexéu-de-bananeira é outra ave de rara beleza que se destaca por imitar outros pássaros da caatinga. Tanto a pega quanto o corrupião alimentam-se da flor do mulungu no período de floração. Como a floração do mulungu tem início nos meses de seca, tornam-se uma fonte muito importante de alimentos para muitos pássaros da caatinga.

domingo, 16 de setembro de 2012

As cisternas de plástico no Sertão de Pernambuco


As fotos

Nestas fotografias podemos ver algumas residências que receberam as cisternas de plástico e o transporte das mesmas. As fotografias foram obtidas na Comunidade de Fazenda Alto do Angico no município de Petrolina, PE.





O fato

As controversas sobre a eficiência e resistência das cisternas de plástico na região semiárida do Nordeste não se sobrepõe a capacidade e o alcance que o Programa Água Para Todos do Brasil Sem miséria vem desenvolvendo. Embora as cisternas de plástico tenham apresentado problemas de fabricação em algumas comunidades, esse percentual é desprezível se comparado com os problemas apresentados pelas mais de 506.140 cisternas de placas que já foram construídas até o momento pelo programa P1MC (Um milhão de cisternas). Segundo o Relatório do Tribunal de Contas da União, os problemas apresentados pelas cisternas de placas, tais como, vazamentos, contaminação da água e mau funcionamento das bombas, tem comprometido o êxito deste programa. Contudo, o grande avanço alcançado pelo Programa Água Para Todos é o acesso à água para o consumo pelas famílias que até então não tinham sido atendidas pelo P1MC nesses últimos 10 anos. Com a agilidade que o programa vem atuando, as 750 mil famílias rurais sem acesso a água de consumo serão atendidas até 2013. Uma das características marcante é que as famílias não ficam mais a mercê das políticas locais manipuladas pelas lideranças que escolhia quem e quando receberia uma cisterna. Hoje já é possível ver cisternas em residências recém-construídas. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As alternativas para obtenção de água para os animais na caatinga


As fotos

Nesta fotografia podemos observar algumas alternativas utilizadas pelos agricultores para retirada de água de poços profundos na caatinga. As fotografias foram obtidas no Sertão da Bahia e Pernambuco.






Os fatos

A região semiárida do Nordeste brasileiro tem como característica principal a presença de um embasamento cristalino. Esse tipo de embasamento cobre mais de 70 % da região. A característica desse embasamento são solos rasos com baixa capacidade de infiltração da água das chuvas. Com as irregularidades climáticas que ocorrem na região, a pouca quantidade de água que infiltra no solo torna-se salgadas e muitas vezes impróprias para o consumo. Embora possamos encontrar alguns bolsões de água de boa qualidade em solos de aluvião. As águas aprisionadas nos cristalinos normalmente servem para o consumo animal e quando tratadas em dessalinizadores podem ser consumida. Todavia, alcançar essa água só por meio de poços profundos de onde a água é retirada normalmente por cata-ventos ou bombas.  Essas alternativas não são baratas e poucos agricultores do Sertão dispõem de bombas para retirada de água de poços na caatinga. Na atual seca que assola toda a região semiárida do Nordeste, aqueles agricultores que tem acesso a um poço, tem a garantia de água para seus animais, enquanto que, outros têm que vender parte do rebanho para comprar água para os animais. O preço médio de um poço na caatinga é de aproximadamente R$ 6.500,00. Esse valor torna essa alternativa um sonho distante daqueles agricultores que tem na agricultura de subsistência sua principal fonte de renda. Precisamos urgentemente do “Programa 1 milhão de poços”.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O cultivo do mandacaru sem espinhos na caatinga da Bahia


As fotos

Nestas fotografias podemos observar um agricultor que cultiva o mandacaru sem espinhos e suas áreas de plantio. As fotografias foram obtidas na Comunidade de Sítio Tomás no município de Canudos, Bahia.







Os fatos

Com a seca que assola o Sertão do Nordeste, muitos agricultores buscam no mandacaru a sobrevivência dos animais. Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais resistente a seca, sua utilizadas em grandes quantidades pelos agricultores pode levar esta espécie a extinção. Tradicionalmente os agricultores cortam o mandacaru e queimam seus espinhos antes de oferta-lo para os animais. Contudo, muitos agricultores estão realizando o corte em grande escala e utilizando máquinas forrageiras para trituração. Essa alternativa favorece o consumo pelos animais. Em algumas comunidades até já foi desenvolvido máquinas para retirada dos espinhos. Todavia, pouco ou quase nada de plantio do mandacaru é observado na região. Em algumas comunidades do Sertão da Bahia está sendo cultivada uma nova variedade de mandacaru cuja característica é a ausência de espinhos. Essa variedade possibilita uma melhor utilização desta espécie pelos agricultores. Na comunidade de Sítio Tomás no município de Canudos, Bahia, o agricultor senhor Afonso está produzindo o mandacaru sem espinhos. Essa atividade tem sido uma alternativa para obtenção de renda com a venda de mudas e para alimentação dos animais da família.