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sábado, 3 de março de 2012

Os barreiros do Sertão iniciaram o mês de março sem água

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar barreiros sem água na caatinga no mês de  março. As fotografia foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

As chuvas no Sertão de Pernambuco no início do ano de 2012 não têm sido muito promissoras. Não choveu quase nada ainda. Em anos normais neste período os agricultores já estavam colhendo as primeiras vagens de feijão que normalmente é plantado com as chuvas de novembro e dezembro. O acompanhamento do ciclo anual de chuvas no semiárido nordestino em um período de 29 anos tem mostrado que os meses de janeiro, fevereiro, março e abril são os mais chuvosos. No Sertão de Pernambuco a média anual de precipitação é de aproximadamente, 524 mm, distribuídos nesses meses mais chuvosos. Contudo, se já iniciamos março e até o momento a precipitação acumulada foi de apenas 84,5 mm, sendo 14,2 mm no dia 10 de fevereiro, 5,0 mm no dia 11, 8,5 mm no dia 12 e 56,5 mm no dia 19 deste mês. Em janeiro não foi registrada nenhuma precipitação na comunidade de Alto do Angico. O plantio de feijão que foi realizado com as chuvas de dezembro de 2011 não resistiu às altas temperaturas de janeiro. Em fevereiro foi novamente plantado, o milho, o feijão e a abóbora, contudo com o sol que tivemos nos últimos dias de fevereiro, nada resistiu à seca. Assas condições não são exclusivas do Sertão de Pernambuco, há notícias de que no Piauí, Ceará e outros estados do Nordeste, os agricultores vêm enfrentado situação semelhante.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

É tempo de sementes de imbu nos apriscos do Sertão

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar um rebanho de caprinos no aprisco. As fotografia foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Na época da safra do imbuzeiro, uma das coisas mais fácil de encontrar é semente de imbu nos apriscos. O chão dos apriscos e chiqueiros da caatinga tem mais sementes de imbu do que fezes dos animais. Isso ocorre porque os caprinos são os maiores consumidores de frutos do imbuzeiro na região semiárida do Nordeste. Não são apenas os nordestinos do Sertão que gostam de imbu, os caprinos são apaixonados por essa fruta. Muitos animais silvestres também consomem muito imbu, a exemplo da raposa, veado, caititu, entre outros. Contudo, tem-se observado à ausência de plantas jovens em seu ambiente natural, cuja causa tem sido atribuída em sua maioria à dificuldade que as sementes do imbuzeiro apresentam para germinar, ao desmatamento desordenado e aos danos causados as plântulas que emergem pelos insetos, animais silvestres e, principalmente, pelos caprinos. Os principais mecanismos de dispersão das sementes do imbuzeiro na caatinga nativa são os animais silvestres como o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha), o caititu (Tayassu tajacu), a raposa (Dusicyon thous), o teiú (Tupinambis merianae), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e na caatinga degradada o caprino (Capra hircus). No entanto, os caprinos são os dispersores negativos, visto que, esses animais retiram as sementes da caatinga, que posteriormente são transportadas para áreas onde não terão como se desenvolver. Na fotografia podemos ver uma grande quantidade de pontos brancos no solo do aprisco, que são sementes de imbu. De modo geral, um caprino pode consumir até 240 frutos de imbu por dia. Os animais comem os frutos na caatinga e quando voltam para o aprisco, remoem os frutos e jogam fora as sementes.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

É tempo de juá no Sertão de Pernambuco

As fotos

Nestas fotografias podemos observar a frutificação do juazeiro. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

Entre as espécies da caatinga, há algumas que não perdem as folhas no período da seca, a exemplo o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.). Contudo, não encontramos o juazeiro em toda a caatinga. Esta planta ocorre em maior densidade em áreas de caatinga de baixadas onde normalmente há presença de água no subsolo. Devido ao consumo das folhas mais baixas, os animais têm que ficar em posição vertical sobre as duas patas para poder alcançar as folhas. Os caprinos são verdadeiros equilibristas da caatinga quando precisam alcançar os galhos mais altos das plantas na época da seca. Os frutos do juazeiro são ricos em vitamina C. São comestíveis e muito apreciados pelos agricultores do Sertão. O juazeiro é uma das plantas da caatinga  que oferece a melhor sombra, visto que, sempre permanece com folhas. Suas folhas e ramos são consumidos pelos animais em todo o período do ano. No Sertão de Pernambuco, a caída de frutos maduros de juazeiro tem início nos meses de outubro e novembro, período em que a região enfrenta a seca e faltam alimentos para os animais.

As primeiras chuvas de fevereiro no Sertão de Pernambuco

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar uma área de caatinga no momento de uma chuva. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.




Os fatos

O ano de 2012 não teve um bom começo para os pequenos agricultores do Sertão de Pernambuco. No mês de janeiro não foi registrada nenhuma precipitação. Embora a média histórica deste mês seja de 68 mm, até o dia 31 de janeiro não choveu nada. Neste período a ação dos carros-pipas tem sido a grande alternativa para oferta de água para o consumo familiar. Em fevereiro as primeiras chuvas só ocorreram a partir do dia 10 com um total de 14,5 mm. Nos dias 11 e 12 ocorreram precipitações de 5 e 8,2 mm, respectivamente. Essas chuvas vieram aliviar a seca severa que estava afetando toda a região do Sertão de Pernambuco. Todavia, o volume foi muito pouco e não deu para acumular água nos barreiros que estavam secos, contudo, muitos agricultores que estavam com suas terras preparadas realizaram o plantio de milho e feijão. Finalmente, no dia 19 de fevereiro, foram registrados 60 mm na região de Petrolina e muita água ficou acumulada nos barreiros e nos deflúvios da caatinga para dessedentar os animais. Porém, se considerar que fevereiro já está para terminar, 86,7 mm de chuvas é muito pouco para região. Com essas chuvas, espera-se que haja uma regularidade na região e os sertanejos possam realmente começar a plantar.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A seca e a falta de água para os animais na caatinga

As fotos

Nestas fotografias, podemos ver alguns caprinos bebendo o que restou de água em uma pequena lagoa na caatinga. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Na região semiárida do Nordeste, a criação de caprinos é uma das alternativas de renda para muitas famílias da zona rural. Contudo, manter esses animais no período de seca, quando faltam alimentos e água é um dos maiores problemas dos pequenos agricultores do Sertão. A utilização da caatinga como base de alimentos para os animais, complementada com o uso de forragens de baixa demanda hídrica, conservadas na forma de feno ou silagem é uma alternativa para alimentação dos animais que pode levar os animais a produzir um ganho de peso de médio de até 35 kg/ano. Porém, para assegurar este desempenho animal, a água para os animais é de extrema importância. Considerando que o consumo diário de um caprino com peso médio de 25 kg  é de 4,5 litros de água/dia. Para manter esse animal no período de seca que é de aproximadamente 250 dias, uma cisterna de 16 mil litros dará para dessedentar 14 caprinos/ano. Parece muito pouco, todavia, sem água não há como obter ganho de peso dos animais no período de seca. Como vemos na fotografia, criar caprinos na caatinga sem as mínimas condições de atender suas necessidades hídricas é um tiro no escuro.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As fruteiras na cisterna calçadão no Sertão da Bahia

As fotos

Nestas fotografias podemos observar uma cisterna calçadão utilizada para produção de frutas na caatinga. As fotografias foram obtidas no município de Jaguarari, BA.




Os fatos

Embora as chuvas que ocorre na região semiárida do Nordeste sejam consideradas irregulares, em termos de volume, se toda água proveniente dos 520 mm, em média, que ocorre na região fosse aproveitada, muita coisa pode ser obtida com a utilização dessa água. Neste sentido, em muitas comunidades já foram construídas as cisternas de produção. Essas cisternas fazem parte do Programa P1 + 2, cujo objetivo é disponibilizar uma segunda fonte de água para que o agricultor possa utilizar para produção de alimentos. No caso esp


ecífico da cisterna calçadão, a área cimentada de 200 m² pode captar um total de até 104 litros com um total de 520 mm de chuvas, sendo que o coeficiente de escoamento deste tipo de cobertura é de, aproximadamente, 68%, o que significa que, do total, 70.720 litros vão para cisterna, se não houver mais perdas. Assim, os agricultores podem cultivar frutas e hortaliças durante todo o ano. Contudo, há necessidade de um controle rígido na distribuição da água para não faltar no período de seca.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Pequena jibóia atacando um pássaro na caatinga


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar uma pequena jibóia atacando um pequeno pássaro na caatinga. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.





Os fatos

A jibóia (Boa constrictor) é uma das serpentes mais encontrada nas caatingas do Nordeste. Esta serpente pode alcançar tamanho superior a 2 metros. Embora a jibóia seja um animal de hábitos noturnos, geralmente ela é encontrada em áreas da caatinga nas primeiras horas da manha. No Sertão, a jibóia alimenta-se principalmente de pequenos mamíferos da caatinga, más é famosa por atacar pequenos animais como cabritos, bezerros recém-nascidos, galinhas e animais silvestres como preá, cutia, gatos do mato, entre outros. Sua característica marcante é o ataque de suas presas pela constrição, envolvendo o corpo das presas e sufocando-as até a morte. Muitas vezes a jibóia engole os animais ainda vivos.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

As cisternas no Sertão do Piauí

As fotos

Nestas fotografias podemos ver algumas cisternas construídas no município de Paulistana, PI.






O fato

A cisterna é uma alternativa para a captação de água da chuva utilizada em muitas residências da região semiárida do Nordeste. Com capacidade para armazenar até 16 mil litros de água de chuva, as cisternas têm contribuindo significativamente para amenizar os problemas causados pela falta de chuvas na região. O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) coordenado pela ASA já construiu mais de 455.272 cisternas, conforme dados do MDS. A primeira cisterna foi inaugurada no dia 23 de novembro de 2000 pelo então ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho na Comunidade de Lagoa Grande, na residência do senhor Manoel Freire dos Santos e da senhora Josefa da Rocha Freire. Essa iniciativa teve um impacto muito grande no seio de toda a região semiárida do Nordeste, que até então tinha como único meio de obtenção de água para o consumo os carros-pipas.  Todavia, o número de cisternas construídas ainda é muito pequeno, considerando o início do programa e os recursos investidos e as famílias selecionadas. Assim, com o objetivo de atender as necessidades de 750 mil famílias que vivem abaixo da linha de pobreza na região semiárida do Nordeste com água para o consumo em um período mais curto, o governo federal iniciou uma nova etapa deste programa com a implantação de sistemas de armazenamento de água de chuva em cisternas plásticas nos próximos 3 anos. A primeira cisterna deste novo modelo foi implantada no dia 13 de dezembro de 2011 na Comunidade de Sítio Caldeirão no município de Cedro, PE. Acreditamos que esse programa possa alcançar a meta de 1 milhão de cisternas, visto que, a produção e implantação das cisternas é mais rápida que as tradicionais cisternas de placas do Programa P1MC.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A venda de imbu às margens das rodovias do Sertão de Pernambuco

As fotos

Nestas fotografias podemos observar a venda de frutos do imbuzeiro às margens de uma rodovia. A fotografia foi obtida no município de Juazeiro, BA.





Os fatos

As irregularidades na ocorrência de chuvas no Sertão do Nordeste em 2011 e nos primeiros dias de 2012 podem ser responsáveis pela redução na safra do imbu deste ano. Em todas as localidades onde os agricultores colhem o fruto do imbuzeiro para venda ou processamento, há uma queda significativa na safra. Muitos agricultores que obtiveram ganhos significativos com a venda de imbu na safra de 2011 acreditam que neste ano, não obterão metade desta renda. Nas comunidades onde se realiza a produção de doces e geléias de imbu, já esta sendo difícil a colheita para processamento. Atualmente, a principal forma de comercialização do fruto do imbuzeiro é na forma in natura, contudo, já existem muitas comunidades que estão agregando valor ao fruto do imbuzeiro com a produção de doces e geléias. Poucos agricultores estão colhendo frutos como nos últimos anos. Porque isto está ocorrendo! São vários fatores que podem afetar a safra do imbuzeiro, principalmente, a falta de chuvas no período da floração e frutificação que, normalmente é de agosto a dezembro. Outra causa pode ser um ataque severo de um inseto chamado de cascudo que derruba a floração do imbuzeiro. Na fotografia podemos ver que os agricultores vendem o imbu junto a outras opções da região como o mel de abelha e a manteiga de garrafa.

A retirada de água de um cacimbão no Sertão do Piauí

As fotos

Nestas fotografias podemos um cacimbão. As fotografias foram obtidas no município de Paulistana, PI.






Os fatos

Há muitas fontes de água para consumo humano e animal no semiárido do Nordeste. Temos a cacimba, o cacimbão, o poço artesiano, o poço amazonas, o caxio, o barreiro, o açude, entre outras. Todavia, uma das mais tradicionais são os velhos cacimbões. Em algumas comunidades existem cacimbões com mais de 100 anos. De modo geral, a água dos cacimbões é utilizada para os diversos afazeres das famílias e, principalmente para o consumo dos animais e pequenas irrigações. Os cacimbões são confeccionados em leitos de rios e riachos, onde a areia molhada permite a escavação com maior facilidade. Normalmente os cacimbões não secam, todavia, em função da retirada constante de água, muitas vezes há necessidade de novas escavações para aumentar o nível da água. Em função da profundidade de alguns cacimbões, muitas vezes a retirada da água é muito difícil e os agricultores utilizam diversos modos, como o que vemos na fotografia.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Os barreiros estão sem água no mês de fevereiro de 2012 no Sertão de Pernambuco

As fotos

Nesta fotografia, podemos observar um barreiro sem água na caatinga no mês de fevereiro. A fotografia foi obtida no dia 2 de fevereiro de 2012 no município de Petrolina, PE.






Os fatos

O início do ano de 2012 não tem sido muito promissor em termos de chuvas para o Sertão de Pernambuco. Em janeiro não foi registrada nenhuma precipitação no Campo Experimental da Embrapa Semiárido e fevereiro começa sem chuvas. Considerando que a média histórica para esses dois meses é de 95,7 mm para o mês de janeiro e de 85,4 para o mês de fevereiro, as chuvas não estão prometendo. O mês de janeiro que mais choveu nos últimos 27 anos foi em 2004 quando foram registrados 431 mm e em 2009 choveu 257,1 mm nessa região. Como nosso período de maior concentração de chuvas ocorre até o mês de maio, espera-se que chova muito até lá para que a média de 522,1 mm seja alcançada. Em 2011 as chuvas passaram de 596,9 mm. A média de anos com chuvas acima de 500 mm já esta sendo uma normalidade. Em janeiro de 2011 foram registradas cinco ocorrências de chuvas na região com um total de 66,2 mm, sendo as mais significativas no dia 21 com 14 mm e no dia 24 com 46,3 mm. Esse total é menor que a média de 29 anos que é de 93,3 mm para o mês de janeiro. Todavia, essas chuvas não salvarão as plantações de milho e feijão de dezembro de 2010, visto que, as plantas não resistiram às altas temperaturas. Em fevereiro ocorreram seis chuvas, sendo as mais importantes no dia 25 com 27,9 mm e no dia 28 com 44,0 mm. Neste mês choveu um total de 87,2 mm. A média de chuvas para fevereiro de 1982 a 2010 é de 83,8 mm. Contudo, no período de 1 a 24 de fevereiro, o sol foi muito forte e eliminou as pequenas plantas de milho e feijão que ainda resistiam. Muitos agricultores eliminaram o que restava do plantio de dezembro e realizam um novo plantio com a esperança de chuvas para março e abril.  Em março foi registrado um total de 77,5 mm, sendo 31,3 mm no dia 5 e 30 mm no dia 28. A média de março é de 131,2 mm. Assim, as chuvas ficaram muito abaixo da média para região. No mês de abril, choveu 153,4 mm na região. Essas chuvas possibilitaram o crescimento e uma boa produção para o milho e feijão dos agricultores que plantaram no mês de fevereiro. Até o dia 30 de abril de 2011, já havia ocorrido um total de 384,3 mm. Embora essa chuva não tenha proporcionado um acúmulo de água nos açudes e barreiros, foi suficiente para encher todas as cisternas até o mês de abril. Nos meses de maio  choveu 74,7 mm, em  junho 2,8 mm e julho 0,7 mm. No mês de agosto, foi registrada uma precipitação de 20,8 mm. Essa chuva foi muito importante, visto que a caatinga já estava iniciando sua fase seca. Em setembro não foi registrada nenhuma chuva. Em outubro ocorreu uma precipitação de 12,5 mm, porém as elevadas temperaturas que ocorreram neste mês provocaram a evaporação rápida dessa água. No mês de novembro ocorreu uma precipitação de 56,7 mm. Essa chuva possibilitou o plantio de milho, feijão e abóbora, contudo, em novembro o calor foi elevadíssimo e nada resistiu, visto que novas chuvas só vieram a ocorrer em 13 de dezembro com um total de 44,9 mm. Com essas chuvas a região registrou um total de 596,9 mm em 2011.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A primeira cisterna de plástico no Sertão do Piauí

As fotos

Nestas fotografias podemos observar as primeiras cisternas de plástico implantada no Sertão do Piauí. As fotografias foram obtidas no município de Paulistana, PI.






Os fatos

Embora o programa de construção de cisternas no semiárido do Nordeste brasileiro já tenha alcançado números superiores a 433 mil cisternas, ainda há muitas comunidades que não tiveram acesso a nenhuma cisterna como é o caso da comunidade de Chapada da Serra Branca no município de Paulistana no Piauí. Essa comunidade com mais de 36 famílias tem enfrentado muita dificuldade com a falta de água para o consumo. A comunidade está localizada em uma área de pouca ocorrência de fontes de água e praticamente tem sido esquecida pelos programas sociais dos governos Federal, Estadual e Municipal. Embora não se saiba a razão pela qual o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) inda não chegou a tantas comunidades do Sertão, agora os agricultores estão muitos entusiasmados com a iniciativa do governo de implantar 750 mil cisternas para atender as famílias até então não atendidas pelo P1MC em seus mais de 10 anos de atuação.  A primeira cisterna de plástico no Piauí foi implantada no dia 28 de janeiro de 2012 nesta comunidade. A família beneficiada foi a da agricultora Maria Viana que aos 86 anos viu de perto um sonho realizado, uma cisterna para sua família ter água para beber. Esse tipo de cisterna faz parte do Programa Água para Todos, do governo Federal,  coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, como parte do Plano Brasil Sem Miséria e conta com apoio dos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), do Banco do Nordeste (BNB) e da Fundação Banco do Brasil.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

As carvoarias do Sertão de Pernambuco

As fotos

Nestas fotografias podemos ver sacos com carvão vegetal ao lado de uma carvoaria na caatinga. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos

A utilização da lenha da caatinga para produção de carvão vegetal é uma das alternativas de renda e de consumo para muitos pequenos agricultores da região. O carvão vegetal de modo geral é obtido de partes secas da madeira da caatinga. Os pequenos agricultores que fazem esta prática, normalmente produzem uma pequena quantidade de carvão, sendo para o consumo próprio e para venda. O preço de um saco de carvão em muitas regiões da caatinga é de aproximadamente por 5,0 Reais, o que torna esta atividade pouco atraente para muitos. Os agricultores só produzem carvão para venda quando não conseguem outra atividade, visto que, esse carvão é vendido para outras famílias que de modo geral compram fiado e para pequenas mercearias que pagão preços entre 4 e 6 Reais.  Esses agricultores que produzem pequena quantidade de carvão para consumo próprio e para venda em suas comunidades, realmente não são os grandes vilões do carvão no Sertão. Não são esses agricultores responsáveis pela devastação demonstrada recentemente nos estudos que demonstraram um aumento no total de caatinga desmatada de 43,38% para 45,39% nos últimos seis anos. A taxa anual média de desmatamento nos seis anos foi de 2.763 quilômetros quadrados. Levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) divulgado recentemente apontou que, entre 2002 e 2008, a caatinga teve 16.576 quilômetros quadrados desmatados, o que equivale a mais da metade da área do Estado de Alagoas.  Por outro lado, em algumas áreas do Sertão de Pernambuco, principalmente na divisa dos municípios de Serra Talhada e Custódia, esta atividade está contribuindo para a devastação da caatinga, visto que, o carvão é produzido em grande escala e vendido para indústrias na capital Recife. Dessa região sai semanalmente 8 a 10 caminhões com 12 toneladas cada um de carvão. Essa produção é que deve ser contida, como podemos ver na fotografia.  

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O dilema da seca e das chuvas no Sertão do Nordeste




As fotos

Nestas fotografias podemos observar alguns aspectos da caatinga no período de seca. 








Os fatos

Quando se fala de seca no Nordeste, perece que estamos em uma região onde a natureza é cruel com seus habitantes. Todavia, se fizermos uma análise mais apurada, veremos que no Sertão do Nordeste, chove muito. O que realmente define está região são as duas estações marcantes, um período de inverno com chuvas e um período de verão totalmente desprovido de chuvas. De modo geral as primeiras chuvas chegam ao Sertão nos meses de outubro, novembro e dezembro, prolongando-se até o mês de maio e junho. Após esse período, temos a ocorrência da seca que só muda com a chegada das chuvas de outubro, todavia, isto não é uma normalidade, temos anos onde outubro, novembro e dezembro, praticamente não chovem. Por outro lado, nos últimos anos tem sido observado que as chuvas na região semiárida do Nordeste, embora continuem com irregularidade no tempo e no espaço, apresentam uma elevação do volume total. Em 2011 as chuvas passaram de 596,9 mm. A média de anos com chuvas acima de 500 mm já esta sendo uma normalidade. Em janeiro de 2011 foram registradas cinco ocorrências de chuvas na região com um total de 66,2 mm, sendo as mais significativas no dia 21 com 14 mm e no dia 24 com 46,3 mm. Esse total é menor que a média de 29 anos que é de 93,3 mm para o mês de janeiro. Todavia, essas chuvas não salvarão as plantações de milho e feijão de dezembro de 2010, visto que, as plantas não resistiram às altas temperaturas. Em fevereiro ocorreram seis chuvas, sendo as mais importantes no dia 25 com 27,9 mm e no dia 28 com 44,0 mm. Neste mês choveu um total de 87,2 mm. A média de chuvas para fevereiro de 1982 a 2010 é de 83,8 mm. Contudo, no período de 1 a 24 de fevereiro, o sol foi muito forte e eliminou as pequenas plantas de milho e feijão que ainda resistiam. Muitos agricultores eliminaram o que restava do plantio de dezembro e realizam um novo plantio com a esperança de chuvas para março e abril.  Em março foi registrado um total de 77,5 mm, sendo 31,3 mm no dia 5 e 30 mm no dia 28. A média de março é de 131,2 mm. Assim, as chuvas ficaram muito abaixo da média para região. No mês de abril, choveu 153,4 mm na região. Essas chuvas possibilitaram o crescimento e uma boa produção para o milho e feijão dos agricultores que plantaram no mês de fevereiro. Até o dia 30 de abril de 2011, já havia ocorrido um total de 384,3 mm. Embora essa chuva não tenha proporcionado um acúmulo de água nos açudes e barreiros, foi suficiente para encher todas as cisternas até o mês de abril. Nos meses de maio  choveu 74,7 mm, em  junho 2,8 mm e julho0,7 mm. No mês de agosto, foi registrada uma precipitação de 20,8 mm. Essa chuva foi muito importante, visto que a caatinga já estava iniciando sua fase seca. Em setembro não foi registrada nenhuma chuva. Em outubro ocorreu uma precipitação de 12,5 mm, porém as elevadas temperaturas que ocorreram neste mês provocaram a evaporação rápida dessa água. No mês de novembro ocorreu uma precipitação de 56,7 mm. Essa chuva possibilitou o plantio de milho, feijão e abóbora, contudo, em novembro o calor foi elevadíssimo e nada resistiu, visto que novas chuvas só vieram a ocorrer em 13 de dezembro. Com essas chuvas a região já registrou um total de 596,9 mm, o que pode ser considerado um bom índice. Muitos agricultores já iniciaram o plantio novamente, porém, se não houver novas chuvas ainda este mês e principalmente em janeiro de 2012, mais uma vez a safra será perdida.  O que precisamos na região semiárida do Nordeste, é uma política de conscientização dos agricultores sobre a necessidade de armazenar o máximo possível de água das chuvas pela utilização de tecnologias que possibilitem a captação e o armazenamento desta água no solo. Porém, água somente não muda o cenário, temos outras regiões do País onde há muita água armazenada e disponível nos rios permanentes e a população ainda sobrevivem com índices de pobreza severa.