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domingo, 1 de abril de 2007

A venda do imbu

A foto
Nesta foto podemos observar agricultores da comunidade de Juá localizada a 60 km do município de Juazeiro, BA, comercializando os frutos do imbuzeiro nas ruas do município. Um detalhe importante é que normalmente, as mulheres estão mais presentes na venda do imbu, isto porque os homens ficam nas comunidades colhendo frutos para venda. Esta foto foi obtida na safra de 2005.
O fato
A principal forma de comercialização do fruto do imbuzeiro é na forma in natura. Os agricultores colhem os frutos e os transportam para as cidades da região onde o fruto é vendido em litros por R$ 1,0 cada. No período da safra, um número grande de agricultores desloca-se até as cidades para venda do imbu. Neste processo, os agricultores conseguem uma renda maior, comparada com aquela obtida na comercialização nas comunidades, todavia, o deslocamento gera custos adicionais. Por outro lado, desta forma evita-se o atravessador que na comunidade paga o preço que deseja pelo imbu. A safra do imbuzeiro também é motivo de festa para muitos comerciantes ambulantes das cidades, pois eles compram os frutos de atravessadores e os revende nas ruas, conseguindo um bom lucro.

A produção de doce e geléia de imbu

As fotos

Nestas fotografias, podem-se observar a produção de doces e geleias de frutos do imbuzeiro. As fotografias  foram obtidas no município de Curaçá, BA.






Os fatos

O fruto do imbuzeiro é utilizado por diversas famílias da zona rural do Nordeste semi-árido para produção de doces, geléias, sucos e a tradicional imbuzada. Nos municípios de Curaçá, Uauá, Juazeiro, Canudos, Jaguarari e Casa Nova na Bahia, inúmeras famílias fazem o aproveitamento do fruto do imbuzeiro no período da safra. Os produtos obtidos que mais se destacam é o doce e a geléia. Para obtenção do doce e da geléia, os agricultores colhem os frutos no estádio de maturação “de vez”, isto é, o fruto no início de sua maturação, colhido ainda na planta. Posteriormente, os frutos são lavados, cozidos e despolpados. A água do cozimento é utilizada para produção da geléia e a polpa para produção de doce. Atualmente, já esta sendo processado também o suco pasteurizado, obtido de frutos colocados em um estrato a vapor. A maior parte dos produtos obtidos pelos agricultores é comercializada junto às prefeituras para merenda escolar e outra parte vai para os centros urbanos da região.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Danos causados às plantas de imbuzeiro pelo tatu-peba

A foto

Nestas fotografias podemos observar um tatu-peba na caatinga. As fotografias foram obtidas no  município de Petrolina, PE.








O fato

Estudos realizados em áreas de caatinga nativa e degradados da região semi-árida do Nordeste têm observado pouca existência de plantas jovens de imbuzeiro. Este fato tem sido atribuído inicialmente aos danos causados pelo homem ao bioma caatinga, todavia, fazendo-se uma análise mais criteriosa, pode-se observar que outros fatores podem estar causando a redução no crescimento de plantas de imbuzeiro. Entre estes fatores, destacam-se os danos causados as mudas de imbuzeiro pelo tatu-peba. Este animal escava o solo em volta das plantas e consome o xilopódio das mudas, provocando sua morte. Em trabalhos realizados em uma área de 100 hectares de caatinga nativa no município de Petrolina, PE e 67 hectares de caatinga degradada no município de Casa Nova, BA, foi observado que na área de caatinga degradada os danos causados pelo tatu-peba as mudas de imbuzeiro foram de 67%, enquanto que na área de caatinga nativa, 98 das mudas foram consumidas pelos animais. As observações das pesquisas demonstraram que os animais comiam com maior facilidade as mudas plantadas em covas de 20 cm de profundidade. Mudas plantadas em covas de 20 a 40 cm e de 40 a 60 cm, foram danificadas em percentuais de 6,34% e 2,52%, respectivamente. Outra observação importante foi que quanto maior a idade da muda, 6, 12, 24 e 36 meses, menor dano é provocado pelo tatu-peba. Para obtermos esta foto, foram selecionadas diversas tocas de tatu e montado postos de observação. Quando os animais surgiam, eram acompanhados de certa distância em parte do seu deslocamento na caatinga.  O tatu-peba, normalmente sai da toca entre as 17h30min às 18h40min horas, retornando entre as 03h50min e 04h30min. Em dias nublados e após a ocorrência de chuvas, os animais saem da toca durante o dia, fato que facilita as observações.

O consumo de frutos de imbuzeiro pelos caprinos na caatinga


A foto

Nesta foto, podem-se observar os caprinos consumindo frutos do imbuzeiro, caídos ao solo embaixo de uma planta. Para obtermos esta foto, foram instalados postos de observações em diversas plantas de imbuzeiro na caatinga. O melhor momento para fotografa os animais é no início da manhã, logo que os animais saem dos apriscos ou chiqueiros para o pastoreio.
O fato
Os frutos do imbuzeiro são consumidos em larga escala pelos caprinos em toda região semi-árida do Nordeste brasileiro. A densidade de plantas de imbuzeiro na caatinga é, em média, de 6 a 8 plantas por hectare. Considerando que uma planta adulta chega a produzir, aproximadamente, 28 mil frutos com peso médio de 12,23 g, a produção na caatinga é bastante significativa, chegando a alcançar entre 156 a 375 kg/frutos/planta/safra. Esses frutos são consumidos pelos caprinos durante todo o período da safra. Os animais comem todos os frutos que encontram no solo embaixo das plantas e a noite, regurgitam o bolo alimentar, jogando fora as sementes que ficam nos apriscos junto ao esterco. Em trabalhos realizados com caprinos em algumas comunidades do semi-árido, foi registrado o consumo de até 262 frutos por dia por um caprino. Contudo, considerando-se que o rebanho de caprinos da região semi-árida está estimado em 8 milhões de cabeças, o rebanho de caprinos podem estar causando uma erosão genética na caatinga, com a retirada das sementes, visto que, essas sementes levadas pelos animais não conseguem tornar-se plantas adultas.

Autor: Nilton de Brito Cavalcanti

quinta-feira, 29 de março de 2007

Os xilopódios do imbuzeiro

A foto
Nesta foto, podem-se observar os detalhes de um sistema radicular do imbuzeiro. Para obter esta foto, foi retirado todo o solo no loca das raízes. Este trabalho envolve 2 a 3 trabalhadores rurais com pás, picaretas, enxadas, alavancas e outras ferramentas no período de 5 dias. A parte aérea da planta foi cortada para facilitar o levantamento.
O fato
O imbuzeiro tem como principal característica, a formação de túberas ou xilopódios em seu sistema radicular. Os xilopódios são raízes modificadas que armazenam uma solução nutritiva que é utilizada pela planta para sobrevivência no período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste. A formação do xilopódio nas plantas têm início aos 5 dias após a germinação. Nas plantas jovens, forma-se um xilopódio principal que se desenvolve até o primeiro ano, posteriormente, se inicia a formação de xilopódios secundários que crescem em grende número, chegando a um total de até 2.500 xilopódios em uma planta adulta.

Autor: Nilton de Brito Cavalcanti

O consumo de folhas do imbuzeiro pelos caprinos

A foto

Nesta foto, podem-se observar um caprino consumindo as folhas do imbuzeiro. Para obter esta foto, foram colocados diversos postos de observação em uma área de caatinga onde os caprinos consumiam as filhas do imbuzeiro. O melhor momento para obtenção deste tipo de fotografia é logo no início da manhã, quando os animais saem dos apriscos para o pastoreio na caatinga.

O fato
No período de agosto a junho, as folhas do imbuzeiro são umas boas fontes de alimentos para os caprinos na caatinga. Os animais se alimentam dos brotos logo que o imbuzeiro sai do período de dormência vegetativa no início de agosto e continuam alimentando-se das folhas verdes até o início da safra que ocorre na segunda quinzena de novembro. Os caprinos comem todas as folhas das plantas até a altura que alcançam. Quando os frutos maduros caem das plantas, são consumidos pelos animais em grande quantidade. No final da safra, quando têm início o período de queda das folhas maduras, os animais novamente voltam a consumir todas as folhas que caem ao chão embaixo da copa do imbuzeiro.
As folhas verdes do imbuzeiro apresentam teores de proteína na ordem de 18% e quando caem maduras, ainda contém até 13% de proteína, sendo uma boa alternativa deste nutriente para os animais.
Autor: Nilton de Brito Cavalcanti

O extrativismo do fruto do imbuzeiro

A foto

Nesta foto, podem-se observar um grupo de agricultores realizando o extrativismo do fruto do imbuzeiro na caatinga. Para obter esta foto, foram realizados contatos com os agricultores para o acompanhamento dos mesmos durante a colheita de imbu. Normalmente, os agricultores saem de suas casas às 05h00min horas da manhã e deslocam-se até as áreas de ocorrência do imbuzeiro. A colheita é realizada até as 11h00min horas, quando o imbu colhido é levado para as margens das estradas onde é vendido para os atravessadores.
O fato
O fruto do imbuzeiro é uma fonte de alimento e renda para muitas famílias da região semi-árida do Nordeste. Os agricultores colhem os frutos no estádio de maturação "de vez", quando o fruto está no início da maturação. Algumas famílias utilizam o fruto do imbuzeiro para consumo próprio na forma de imbuzada ou produzem doces em massa e geléias. Contudo, a maioria dos agricultores colhem os frutos para venda. Os frutos são colhidos um a um e colocados em sacolas ou sacos com capacidade para 50 kg. Após a colheita os frutos são vendidos para atravessadores que transportam estes para os grandes centros urbanos da região, principalmente, para Feira de São Joaquim, em Salvador.
O extrativismo do fruto do imbuzeiro é praticado em toda região semi-árida do Nordeste, com destaque para o estado da Bahia, cuja produção de 8.252 ton/frutos, corresponde a 85% do total da produção brasileira, estimada em 9.613 ton/frutos na safra de 2004. O estado de Pernambuco é o segundo maior produtor com 767 ton/frutos, seguido pelos estados do Rio Grande do Norte com 257 ton/frutos, Piauí com 112 ton/frutos e da Paraíba com 93 ton/frutos. Na Bahia, esta atividade envolve em cada safra uma média de 10.427 famílias com recursos na ordem de 3,8 milhões de reais em cada safra. São 166 municípios da Bahia que produzem imbu, sendo o de Juazeiro o de maior produção (653 ton/frutos) imbu 2006. Todavia, a produção de Juazeiro, envolve parte da colheita de outros municípios do entorno, tais como, Jaguarari, Uauá e Curaçá.
Autor: Nilton de Brito Cavalcanti

quarta-feira, 28 de março de 2007

O imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda)

A foto

Nesta foto, podem-se observar uma planta de imbuzeiro no período de seca. No detalhe, observa-se que o capim em volta da planta esta seco, enquanto que o imbuzeiro esta com suas folhas verdes. Essa capacidade de sobrevivência em períodos de seca ocorre devido ao fato de que o imbuzeiro retira água e nutrientes de suas batatas ou xilopódios.
O fato

O imbuzeiro é uma fruteira nativa da caatinga de grande importância para região. Pertençe a Família das Anacardiaceaes, xerófila e endêmica do Semi-árido Nordestino. Seu porte pode alcançar mais de 7 m de altura com copa medindo até 22 m de diâmetro. Seu tronco é atrofiado e retorcido com diâmetro de 0,30 a 1,39 m.
Os frutos do imbuzeiro são drupas lisas ou levemente pilosas e arredondados, com peso variando de 5,5 a 130g. O fruto mais pesado atualmente foi colhido na safra de 2006 no município de Mucugé, BA. Segundo relatos dos agricultores, já foi colhido fruto com até 240 g.
A produção média de frutos de uma planta adulta, apresenta grande variação, podendo alcançat até 640 kg/ano/safra. Contudo, diversos estudos registram uma média de 300 kg/frutos/planta/ano.
As raízes do imbuzeiro são compostas de órgãos de reservas denominados xilopódios ou túberas.






Autor: Nilton de Brito Cavalcanti