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sábado, 5 de maio de 2007

O xiquexique na caatinga

A foto

Nesta foto podemos observar uma área de caatinga com predominância do xiquexique. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE em agosto de 2002.

O fato


O xiquexique é da Família das Cactaceaes, do Gênero: Pilosocereus e da Espécie: Pilosocereus gounellei. É uma planta arbustiva de ampla distribuição em toda região semi-árida do Nordeste. Seu porte apresenta variação de 2,5 a 3,7 m de altura, com copa medindo de 1,5 a 4,5 m. Os frutos são bagas arredondadas, achatadas vermelho-escuro com 5 a 6 cm de comprimento e 6 a 6,5 cm de diâmetro com 25,3 a 97,4 g. Os frutos do xiquexique são bastante consumidos por animais silvestres, principalmente os pássaros. Esta planta tem apresentado um bom desenvolvimento em áreas de solos degradados e de irregularidades na distribuição das chuvas. Assim, pode-se considerar que o xiquexique, como outras cactáceas do semi-árido é uma opção para o repovoamento de áreas onde não mais é possível o cultivo de lavouras tradicionais como milho, feijão, etc. Contudo, o xiquexique ainda possibilita seu aproveitamento na alimentação dos rebanhos e na culinária com alguns doces e geléias.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

O corte e queima do mandacaru para alimentação dos caprinos na caatinga


A foto


Nesta foto, podemos observar os agricultores cortando e queimando mandacaru para alimentação dos animais na seca. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato

O mandacaru é uma das plantas da caatinga nordestina de maior utilização pelos agricultores na seca como suplementação alimentar dos animais. No período de seca que ocorre, geralmente nos meses de agosto a janeiro, os pequenos agricultores que tem rebanhos de caprinos e ovinos, cortam o mandacaru, queimam os espinhos e ofertam para os animais. Segundo dados de experimentos realizados em algumas comunidades da Bahia e Pernambuco, os animais que recebem suplementação de mandacaru, conseguem superar o período de seca e em alguns casos, ainda aumentam um pouco de peso. Todavia, os animais que buscam alimentos apenas na caatinga, perdem até 25% do peso e muitos morrem. O mandacaru (Cereus jamacaru P. DC.), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Cereus; Espécie: Cereus jamacaru P. DC. É uma planta arbustiva, ampla distribuição. Porte variando de 2,5 a 12,0 m de altura, copa medindo de 3,5 a 6,5 m de diâmetro. Os frutos são bagas vermelho-vivo com 5 a 15 cm de comprimento e 25 a 37 g. Sua composição é de: Matéria seca (13,92%); Proteína bruta (7,89%); Fibra bruta (14,56%); FDN (50,49%); FDA (42,82%); e DIVMS (76,44%).

O consumo da coroa-de-frade pelos caprinos na caatinga


A foto



Nesta foto, podemos observar um agricultor ofertando coroa-de-frade para os caprinos. A fotografia foi obtida no mês de agosto de 2003 na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE.


O fato



No período de seca que ocorre na região semi-árida do Nordeste, os pequenos agricultores enfrentam muitas dificuldades para alimentar seus rebanhos. Em anos de chuvas irregulares, já no mês de agosto os animais não encontram mais comida suficiente para sua sustentação na caatinga. Para agravar esta situação, a falta de água é outro fator de preocupação para os pequenos criadores. Contudo, algumas plantas da caatinga, com destaque para o mandacaru, a coroa-de-frade, o facheiro e o xiquexique, entre outras, são utilizadas de forma regular na suplementação dos animais. A coroa-de-frade (Melocactus bahiensis Britton & Rose), pertence a Família: Cactaceae; Gênero: Melocactus. Espécie: Melocactus bahiensis. É uma planta de caule globoso, cônico de ampla distribuição no semi-árido é muito utilizada pelos agricultores. Porte variando de 5,7 a 26,57 cm de altura e diâmetro de 12,5 a 24,5 cm. Frutos são bagas vermelho-claro com 1,6 a 2,5 cm de comprimento e 0,5 a 0,8 cm de diâmetro com peso de 0,52 a 1,23 g. Esta cactácea contém bastante água e uma porção significativa de proteína que contribui na alimentação dos animais. Sua composição é de matéria seca (12,41%); proteína bruta (7,69%); fibra bruta (27,23%); FDN (51,27%); FDA (38,59%); e DIVMS (78,42%).

quarta-feira, 2 de maio de 2007

A sobra do mandacaru consumido pelos animais


A foto



Nesta foto, podemos observar o que sobra do mandacaru após o consumo pelos animais. A foto foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE em outubro de 2004.

O fato



O mandacaru é cortado pelos agricultores e queimado para retirada dos espinhos. Após este procedimento é ofertado livremente aos animais. Os animais consomem a parte tenra do mandacaru deixando como sobra a parte lenhosa. Quando a planta é nova, o consumo é bem maior, todavia, em plantas mais velhas, onde o caule é mais fibroso, há uma sobra considerável do mandacaru. Alguns agricultores que dispõem de máquina forrageira, trituram o mandacaru e aproveitam totalmente. Contudo, a melhor forma de evitar os espinhos é a queima ou sua retirada com faca, pois, mesmo triturado, os espinhos podem causar danos aos animais. Em nossas observações, registramos alguns acidentes com animais que consumiram mandacaru triturado sem a retirada ou queima dos espinhos.

A retirada dos espinhos do mandacaru


A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor cortando os espinhos do mandacaru para ser ofertado aos bovinos. A foto foi obtida no município de Riachão do Jacuípe, Bahia em outubro de 2005.


O fato



Tradicionalmente, o mandacaru é queimado para retirada dos espinhos antes de ser ofertado aos animais. A prática da queima do mandacaru é secular na região seca do semi-árido nordestino, contudo a queima tem causado diversos transtornos, tanto para os agricultores, quanto para os animais. Em algumas comunidades do sertão baiano, os agricultores desenvolveram uma técnica de retirar os espinhos do mandacaru sem a queima. Eles utilizam uma faca e cortam de forma superficial a camada dos espinhos. Desta forma, o aproveitamento do mandacaru poder ser feito mais racionalmente e sem danos para os homens e animais.

As ameaças de extinção do mandacaru


As fotos



Nestas fotografias, podemos observar o corte do mandacaru para alimentar os animais na seca. As fotos foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos


Embora o mandacaru seja uma das cactáceas mais utilizadas pelos agricultores para alimentação de seus rebanhos em períodos de seca, esta planta não apresenta condições de sustentação para grandes animais, tipo bovino. O mandacaru é uma alternativa utilizada para suplementação de pequenos rebanhos de caprinos e ovinos na caatinga seca, animais com pouca exigência alimentar que consome um volume bem menor do que um bovino de 150 a 200 kg de peso vivo. A utilização do mandacaru para este fim, pode contribuir de forma positiva para sua extinção. No município de Riachão do Jacuípe, observamos em levantamentos realizados no período de 1996 a 2006 que a densidade do mandacaru foi reduzida em mais de 75%. No período de observação, não foi registrada nenhuma atividade de plantio do mandacaru por parte dos agricultores, contudo, observou-se um ligeiro aumento nos rebanhos, principalmente de bovinos. Como alguns agricultores utilizam máquinas forrageiras para trituração do mandacaru, cada dia mais, esta cactácea esta diminuindo na região.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O consumo da favela pelos caprinos na caatinga


As fotos


Nestas fotografias, podemos observar caprinos consumindo brotos e casca da favela no período de seca. A fotografia foi obtida na comunidade de Xiquexique no município de Curaçá, BA, em 2005.






Os fatos


A favela (Cnidoscolus phyllacanthus (Muell. Arg.) Pax. Et K. Hoffman) é uma forrageira nativa das caatingas do Nordeste com sua distribuição geográfica nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, muito consumida pelos animais, principalmente no período de seca. A favela é arbusto de grande porte da família das EUPHORBIACEAE com ramos lenhosos e crassos, com porte variando de 3,5 a 7,8 m, esgalhada irregularmente e armada com espinhos nas folhas. Quando os ramos são cortados, exsudam látex branco. Suas folhas são simples, alternas, espessas, lanceoladas, nervuras com espinhos urticantes. As flores são alvas, hermafroditas. Os animais consomem as folhas maduras quando estas caem no chão no final do período de chuvas. Na seca, alimentam-se dos brotos e casca da favela. Suas sementes são consumidas por animais silvestres e pelos caprinos que regurgitam as cascas nos apriscos. Em uma pesquisa para se verificar o consumo de favela pelos animais na caatinga no período de seca nas comunidades de Xiquexique, Pedreira e Pirajá no município de Curaçá – BA, no período de setembro a outubro de 2005. Foi observado o consumo da favela pelos caprinos nas três comunidades. Os animais ramoneiam a favela no período entre as 8 e 10 horas da manhã, consumindo, principalmente os brotos e a casca. Os agricultores informaram que no período de maio a julho quando as folhas maduras da faveleira caem os animais dão preferência a este tipo de alimentos. Na comunidade de Xiquexique os agricultores estão evitando o corte da favela para garantir alimentos para os animais na seca. Quanto à ocorrência da favela nas comunidades, observou-se uma variação de 12 a 68 plantas/ha, sendo de 11 a 68 plantas/ha na comunidade do Xique-xique, 10 a 41 plantas/ha em Pedreira e de 37 a 58 plantas/ha na comunidade de Pirajá.

terça-feira, 24 de abril de 2007

A coleta de xilopódios do imbuzeiro para produção de doce



A foto


Nesta foto, podemos observar um agricultor retirando xilopódios de uma planta de imbuzeiro para produção de doce. A foto foi obtida na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE no ano de 2003.


O fato



Na região semi-árida do Nordeste, muitos agricultores retiram os xilopódios de plantas adultas de imbuzeiro para produção de doce em massa, o chamado “doce de cuca de imbu”. Este tipo de doce é encontrado na maioria das feiras-livres da região e, também é levado para São Paulo, onde é bastante consumido. Essa atividade, embora seja uma alternativa de geração de renda para os agricultores, pode ser uma causa da degradação do meio ambiente e levar o imbuzeiro a extinção. Os xilopódios do imbuzeiro são órgãos de reserva do sistema radicular que armazenam água e substâncias nutritivas que são utilizados pelas plantas nos períodos de estiagem, com isso, a retirada dos xilopódios pode causar sérios danos as plantas. Em um estudo realizado durante 10 anos numa área de 197 hectares de caatinga do município de Lagoa Grande, PE, onde os agricultores retiravam xilopódios para produção de doce de 1182 plantas, foram encontradas menos de 5% de plantas mortas atribuídas a retirada de xilopódios. A maioria das plantas mortas (16,5%) foi cortada pelos agricultores para retirada de mel de abelha e 3,87% das plantas mortas foram atacadas por brocas e cupins que destruíram seus caules.

domingo, 22 de abril de 2007

Consumo de xiquexique pelos caprinos na seca


A foto


Nesta foto, podemos observar um caprino consumindo o xiquexique no campo. A fotografia foi obtida na comunidade de São Pedro no município de Jaguarari, BA no período de seca de 2005.

O fato


O xiquexique (Pilocereus gounellei K. Schum) é uma Cactaceae utilizada, pelos agricultores, como uma alternativa para alimentação dos animais em períodos de longa estiagem nas caatingas do Nordeste brasileiro. Esta planta é a última alternativa dos agricultores para salvar seus animais, devido a grande dificuldade de sua utilização. Realizamos um trabalho de pesquisa que teve como objetivo verificar o consumo de xique-xique pelos animais na caatinga e a sua utilização pelos agricultores das comunidades de Ouricuri e Caldeirãozinho (Uauá - BA) e Passagem de São Pedro (Jaguarari - BA). O levantamento foi realizado, no período de agosto a setembro de 2005, com a aplicação de um questionário junto aos agricultores das comunidades sobre a utilização do xique-xique na alimentação dos animais e a observação do consumo desta planta diretamente no campo pelos animais. Os resultados demonstraram que o xique-xique é utilizado por 36,54% dos agricultores da comunidade de Ouricuri, por 54,27% dos agricultores de Passagem de São Pedro e por 48,32% dos agricultores de Caldeirãozinho. Quanto ao consumo das plantas no campo, em média, cada planta é visitada por 4 a 6 caprinos no intervalo de 5 dias.

sábado, 21 de abril de 2007

O xilopódio do mamãozinho-de-veado


A foto


Nesta foto, podemos observar uma túbera ou xilopódio do mamãozinho-de-veado. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, em agosto de 2005.


O fato


O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze - CARICACEAE) é um arbusto da caatinga do Nordeste, cujo sistema radicular é constituído de xilopódios que pode alcançar até 350 kg. Esta planta é chamada de mamãozinho-de-veado, porque no período da safra, o veado catingueiro consome seus frutos. O xilopódio é utilizado pelos agricultores no período de seca para alimentar os animais. Os agricultores escavam o solo, cortam a planta e retiram o xilopódio. Em algumas comunidades o xilopódio também é utilizado para produção de doce em massa. Todavia, esta atividade pode colocar esta planta em risco de extinção, visto que, poucos agricultores colhem os frutos e retiram as sementes para o plantio. Em nossas pesquisas com o mamãozinho-de-veado em uma área de caatinga da Embrapa Semi-Árido, obtivemos plantas com xilopódio pesando até 12,47 kg aos 3 anos de crescimento, indicando que o cultivo desta planta pode ser uma boa alternativa para os agricultores alimentarem seus animais na seca.

O mito da germinação das sementes do imbuzeiro nos apriscos

A foto


Nesta foto, podemos observar uma grande quantidade de sementes de imbuzeiro no chão de um aprisco. Cada ponto branco é uma semente regurgitada pelos caprinos. A fotografia foi obtida na Comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE na safra do imbuzeiro de 2006.


O fato


Os estudos sobre a germinação da semente do imbuzeiro têm apresentado muitas controversas, principalmente referente à sua dormência. Diversos autores realizaram alguns estudos que indicaram a existência de dormência na semente do imbuzeiro. Esta dormência poderia ser motivada pela presença de uma proteção extra do embrião, visto que o embrião da semente encontra-se protegido por um endocarpo secundário. Outros concluíram que a dificuldade de penetração de água no embrião seria a causa fundamental da dormência das sementes. Outros trabalhos concluíram que a ação dos ácidos gástricos dos caprinos nas sementes regurgitadas seria uma forma de quebra da dormência, e consequentemente do aceleramento da germinação. Com os resultados de nossas pesquisas com a semente do imbuzeiro nos últimos 10 anos, podemos observar uma série de fatores que contribuem ou não com a germinação das sementes do imbuzeiro. Em uma pesquisa com 17 plantas, colhemos os frutos, retiramos as sementes e plantamos no mesmo dia. Foi observado um percentual de germinação de 8 a 13% das sementes de 8 plantas, indicando que a dormência não é generalizada para todas as plantas. Neste mesmo estudo, observamos que o maior índice de germinação foi obtido com sementes armazenadas até 180 dias. Neste estudo, concluímos que a semente precisa alcançar sua maturidade fisiológica para poder germinar. Em outra pesquisa, estudamos os efeitos dos ácidos gástricos na germinação das sementes. Para tanto, coletamos nos apriscos sementes regurgitadas imediatamente e sementes após 8 dias no solo. Nas sementes regurgitadas imediatamente, não foi encontrado resíduos da ação dos ácidos gástricos dos caprinos. Estes resultados foram confirmados com as necropsias de animais abatidos, onde observamos que os frutos depois de ingeridos pelos animais, alojavam-se no retículo e parte do rúmen. Assim, as sementes não sofriam qualquer ação dos ácidos, pois esta só ocorre no quarto compartimento do estômago, o abomaso. Porém, nas sementes coletadas aos 8 dias no solo, detectamos uma grande quantidade de nitrogênio proveniente das fezes e urina dos animais e este nitrogênio na razão de 13,33 mg/litros é responsável pelos elevados índices de germinação das sementes regurgitadas pelos animais.

terça-feira, 17 de abril de 2007

O consumo do mandacaru pelos caprinos na seca

As fotos

Nestas fotografias, podemos observar os caprinos consumindo partes do mandacaru queimado na seca. As fotografias foram obtidas no município de Petrolina, PE.






Os fatos

O mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.) a planta de maior importância para os pequenos agricultores da região semi-árida do Nordeste no período de seca. Os agricultores também utilizam o facheiro (Pilosocereus pachycladus F. RITTER), o xiquexique (Pilosocereus gounellei K. Schum) e a coroa-de-frande (Melocactus bahiensis Britton & Rose) como alternativas para salvarem seus animais da fome causada pela seca. O mandacaru é cortado e seus espinhos queimados para facilitar seu consumo pelos animais. No período de seca que a maioria dos agricultores utiliza o mandacaru que dispõem em suas propriedades. Contudo, a utilização massiva desta cactácea em períodos de secas sucessivas, tem reduzido significativamente a densidades do mandacaru na caatinga.

O consumo do faheiro pelos caprinos na caatinga

A foto

Nesta foto, podemos observar dois caprinos consumindo partes do facheiro na caatinga. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE no período de estiagem de 2003.

O fato

No período de seca que ocorre na caatinga nordestina, os agricultores têm muita dificuldade para alimentar seus rebanhos, devido à baixa oferta de alimentos para os animais. O período de seca que tem início no final do período de chuvas, em alguns anos começa nos meses de julho ou agosto e prolonga-se até o início das chuvas que pode ocorrer na segunda quinzena de novembro ou em janeiro. Neste período, a maior parte dos animais que sobrevivem da vegetação da caatinga, paca por grande restrição alimentar. Em algumas comunidades, a maior parte dos rebanhos morre de fome e sede. Contudo, as cactáceas da caatinga, entre elas, o mandacaru (Cereus jamacaru P.DC.), o facheiro (Pilosocereus pachycladus F. RITTER), o xiquexique (Pilosocereus gounellei K. Schum) e a coroa-de-frande (Melocactus bahiensis Britton & Rose) são as únicas alternativas encontradas pelos agricultores para salvarem seus animais.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

A produção de frutos do imbuzeiro



A foto
Nesta foto, podemos observar a quantidade de frutos do imbuzeiro colhidos de uma única planta na caatinga. A foto foi obtida na Estação Experimental da Caatinga na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE na safra de 2006.
O fato


Os primeiros estudos visando medir a produção de frutos do imbuzeiro foram realizados em 1938, com plantas nativas da Serra da Borborema, que produziram uma média de 15.680 frutos (frutos verdes e maduros), com uma produtividade de 153 kg de frutos por planta. A produtividade estimada desta planta foi de 300 a 400 kg de frutos na safra anual. Outros estudos indicam que uma planta adulta de imbuzeiro pode produzir mais de 300 kg de frutos por safra. Em alguns trabalhos de pesquisa realizados com plantas nativas de comunidades da região semi-árida do Estado da Bahia, obtivemos uma produtividade estimada de 239,25 a 316,01 kg para plantas com altura média variando de 5,50 m a 5,76 m e o diâmetro médio da copa foi de 12,54 m a 12,57 m. O número médio de frutos colhidos por planta, variou de 18.853 a 21.366 frutos e o peso dos frutos apresentou uma média variando de 162,30 a 176,88 kg por planta.

Os diferentes tipos de doce de imbu

A foto

Nesta foto podemos observar quatro tipos de doce obtidos com o fruto do imbuzeiro em diferentes estádios de maturação. A foto foi obtida com doces processados de frutos colhidos na caatinga de Petrolina, PE, na safra de 2006.
O fato

Do fruto do imbuzeiro podem ser obtidos diversos produtos, principalmente, doces em massa, geléias, suco, licor, compota, mouse, imbuzada, entre outros. O principal derivado do fruto do imbuzeiro é o doce em massa. Este produto é obtido da polpa dos frutos, adicionada a certa quantidade de açúcar. A quantidade de água na polpa e a porcentagem de açúcar vão determinar a qualidade do doce. Outro fator de muita importância é o estádio de maturação dos frutos. De modo geral, os frutos do tipo 1 (frutos no estádio de maturação entre o verde e o maduro) são os mais utilizados pelos agricultores que processam o doce em massa de imbu. O fruto do tipo 2 (fruto após a queda ao solo que pode ser “d’vez” ou inchado), fruto do tipo 3 (fruto maduro) e o fruto do tipo 4 (fruto após a maturação plena). Os frutos alcançam a maturação plena, após 2 a 3 dias após a queda ao solo. Este estádio também pode ser obtido após a colheita e o armazenamento dos frutos por 2 a 3 dias. Em trabalhos de análise sensorial por meio de diversos teste de degustação com uma escala hedônica de 9 pontos, o doce processado com os frutos do tipo 4, obtiveram o atributo “gostei muitíssimo) por 88% dos provadores.

sábado, 14 de abril de 2007

A defesa do imbuzeiro para propagação de suas sementes



A foto


Nesta foto podemos observar uma semente de imbuzeiro com um espinho. A foto foi obtida de uma planta localizada na caatinga da comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE, na safra de 2005.


O fato
O fruto do imbuzeiro é um dos mais consumido pelos animais da caatinga, com destaque para o caititu, o veado catingueiro, a cotia, o tatu-peba, a raposa, o guará, entre outros. Todavia, os caprinos e ovinos são os maiores consumidores dos frutos do imbuzeiro e, consequentemente, os maiores dispersores das sementes do imbuzeiro. A dispersão pelos caprinos e ovinos pode ser considerada não positiva, pois os animais retiram os frutos da caatinga e regurgitam as sementes nos apriscos e chiqueiros, onde as sementes são transportadas junto com o esterco para áreas de cultivo como adubação orgânica e as possíveis plântulas que nascem são eliminadas. Em pesquisas realizadas na Comunidade do Alto do Angico no município de Petrolina, PE, foi observado que existia uma planta de imbuzeiro, cujos frutos eram muito pouco consumidos pelos caprinos e ovinos, como sabíamos que os animais consumiam bastantes frutos de outras plantas de imbuzeiro, procuramos identificar as razões da rejeição dos frutos desta planta. Para tanto, realizamos observações no período de três anos de um grupo de 123 caprinos que consumiam os frutos de outras plantas circunvizinhas e observamos que os animais, dificilmente, procuravam os frutos da planta selecionada. Estudamos o fruto e a semente e observamos que na semente havia algumas protuberâncias na forma de espinhos que poderiam ser o motivo do não consumo destes frutos pelos animais. Para confirmarmos as observações, realizamos experimentos com alguns animais que tinham frutos de diversas plantas para consumir e os mesmos após consumirem alguns frutos com as protuberâncias, evitavam os comedores com estes frutos. Com esses resultados, concluímos que estas protuberâncias era um sistema de defesa que aquela planta de imbuzeiro desenvolveu para evitar que suas sementes fossem consumidas e/ou destruídas por animais.

O gorgulho da semente do imbu


A foto


Nesta foto podemos observar algumas sementes do imbuzeiro perfuradas pelo gorgulho (Amblycerus) e um inseto adulto após a emergência da semente. A fotografia foi obtida na Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE na safra de 2005.

O fato

A baixa ocorrência de plantas novas de imbuzeiro na caatinga pode ser atribuída a diversos fatores, principalmente ao desmatamento e o consumo de plântulas pelos animais. Contudo, as sementes das Spondias, de modo geral são danificadas por um pequeno coleóptero que causa sérios danos as sementes. No caso da semente do imbuzeiro, o inseto adulto colocar seus ovos nos frutos ainda pequenos e após o nascimento das larvas, esta emigram para a semente onde completam seu ciclo destruindo o embrião das sementes. Quando o inseto está completamente desenvolvido, este perfura as paredes das sementes e voa. Em pesquisas realizadas com as sementes de diversas plantas de imbuzeiro localizadas no Campo Experimental da Embrapa Semi-Árido no município de Petrolina, PE, foi constatado que mais de 80% das sementes que ficam no solo embaixo das plantas, estão danificadas pelos insetos e não germinam. Para evitar estes danos, temos que coletar os frutos tão logo eles caem maduros e retirar a polpa, com isso, a larva não penetra na semente.

Produção de frutos por plantas de imbuzeiro aos 6 meses


A foto

Nesta foto, podemos observar uma muda de imbuzeiro aos seis meses de idade com um pequeno fruto. A foto foi obtida na casa de vegetação da Embrapa Semi-Árido em Petrolina, PE no ano de 2004.

O fato

O imbuzeiro é uma planta que sobrevive por mais de 100 anos. Assim, o início da produção de frutos apresenta uma grande variabilidade. Normalmente, as plantas iniciam sua produção aos 6 anos com um a três frutos, porém, em algumas plantas o início da produção ocorre aos 10 ou 13 anos. Em pesquisas desenvolvidas nos últimos 10 anos na Embrapa Semi-Árido, foram obtidos resultados muitos significativos em relação ao início da produção de frutos pelas mudas de imbuzeiro. Observamos que há uma variabilidade genética muito forte entre as plantas nativas quanto o início da produção. Esta variabilidade, também é influenciada pelas condições climáticas da região, principalmente pelo solo e o volume de precipitação no período inicial de desenvolvimento das mudas. Em uma pesquisa com 140 plantas de imbuzeiro, foi semeado em 10 anos, um total de 120.000 sementes que produziram mudas com alto grau de variabilidade genética. Das 120 plantas, duas apresentaram mudas que iniciaram a produção aos 5 e 6 meses. As plantas provenientes destas mudas encontram-se em observação e já produziram frutos em três anos consecutivos.

domingo, 8 de abril de 2007

O nome correto do imbuzeiro: imbu ou umbu?


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro na caatinga. Pelas suas características é muito fácil de ser identificada. Existe regiões onde a planta é chamada de umbuzeiro e outras em que a maioria das pessoas conhecem como imbuzeiro. A foto foi obtida na caatinga da comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE, em 2005.


O fato




Segundo o nosso grande Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu dicionário da língua portuguesa, o nome correto do imbuzeiro é “imbuzeiro”. Ele a definiu assim: arvoreta muito copada da família das anacardiáceas (Spondias tuberosa), própria da caatinga, de folhas penadas, flores minutas, e cujas raízes têm grandes tubérculos reservadores de água, sendo os frutos (imbu) bagas comestíveis, bastante apreciadas. O nome umbu é uma variação de imbuzeiro. Portanto, a palavra correta é imbuzeiro, embora se pronunciando umbu, não vai dificultar sua identificação.

A composição nutricional do xilopódio do imbuzeiro


A foto

Nesta foto podemos observar os detalhes da parte interna do xilopódio do imbuzeiro. A fotografia foi obtida em agosto de 2003 na caatinga do município de Petrolina, PE. Foram coletados diversos xilopódios de plantas adultas para observações.

O fato

Na analise bromatológica e mineral do xilopódio do imbuzeiro foi encontrado os seguintes elementos: matéria seca (%) 89,83; cinza (%) 11,27; proteína bruta (%) 4,11; fibra bruta (%) 11,44; Extrato etéreo (%) 1,37; tanino (%) 0,05; enxofre (%) 0,11; fósforo (%) 0,05; cálcio (%) 2,38 e magnésio (%) 0,47. Podemos observar na imagem que a parte central do xilopódio apresenta a formação de círculos concêntricos. Esta área é formada por uma camada de células esponjosas cuja solução nutritiva já foi absorvida pela planta. Após a retirada de toda reserva nutritiva do xilopódio pela planta, o xilopódio seca e em seu lugar inicia-se a formação de novos xilopódios dando continuidade ao ciclo de formação e reserva de nutrientes.


Crescimento do xilopódio do imbuzeiro


A foto

Nesta foto podemos observar diferentes tamanhos do xilopódio do imbuzeiro. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, em agosto de 2002. Para obtenção da fotografia, foram coletadas plantas jovens do imbuzeiro e retirado os xilopódios de plantas adultas.

O fato

A formação do xilopódios em plantas de imbuzeiro é muito variável. Algumas plantas iniciam a formação das túberas aos 5 dias após a germinação, outras iniciam entre o 8 e 13 dia. O crescimento xilopódio é lento nos primeiros 12 meses. Da esquerda para direita, temos a primeira planta aos 365 dias após o plantio com um xilopódio principal e outro secundário desenvolvendo-se. Normalmente, o xilopódio principal torna-se a raiz maior da planta e forma novas raízes secundárias, onde se desenvolve novos xilopódios. A segunda planta estava com 120 dias de crescimento e a terceira planta com 90 dias. A quarta planta foi coletada aos 30 dias após a germinação com um pequeno xilopódio. O xilopódio na parte de cima da fotografia foi retirado de uma planta adulta e pesou 27,56 kg, sendo o maior xilopódio colhido até agora, após mais de 20 anos de pesquisas com o imbuzeiro.


sábado, 7 de abril de 2007

Planta de imbuzeiro com 5 anos de crescimento


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro aos 5 anos de crescimento. A foto foi obtida em maio de 2003 na caatinga da Embrapa Semi-Árdio em um experimento de avaliação do crescimento do imbuzeiro.


O fato


Esta planta de imbuzeiro faz parte de um grupo de 10 plantas coletadas aos 5 anos de crescimento. As observações realizadas demonstraram que, em média, as características das plantas são: Altura da planta: 1,10 m; Diâmetro do caule ao nível do solo: 4,64 cm; Circunferência ao nível do solo: 15,76 cm; Maior diâmetro da copa: 2,12 m; Menor diâmetro da copa: 50,87 cm; Altura da copa: 80,75 cm; Altura do fuste: 23,76 cm; Peso dos galhos e folhas: 7,175 kg; Peso das folhas: 1,365 kg; Maior comprimento lateral da raiz: 1,85 m; Maior comprimento vertical da raiz: 1,16 m; Número de xilopódios: 22; Peso total dos xilopódios: 3,486 kg; Peso médio dos xilopódios: 158,49 g.

O tronco do imbuzeiro


A foto
Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com um tronco muito grande. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE no ano de 2004.
O fato

Esta planta de imbuzeiro é uma das maiores que já encontramos na caatinga. Sua altura é de 8,7 m com um diâmetro do caule ao nível do solo de 1,39 m. O diâmetro de sua copa é de 22 m². Considerando-se que em algumas pesquisas nós obtivemos plantas de imbuzeiro aos 365 dias após o plantio com um diâmetro do caule ao nível do solo de 0,912 cm, para alcançar este tamanho são necessários muitos anos de crescimento. Uma amostra do caule desta planta revelou a existência de 347 anéis de crescimento. Todavia, acreditamos que sua idade pode ser maior. Seu caule é muito desenvolvido para uma planta da caatinga cujo crescimento esta condicionado a escassez de chuvas que ocorre na região semi-árida.

Uma planta de imbuzeiro com 21 anos

A foto
Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com 21 anos de idade. Esta planta foi fotografada na caatinga da Embrapa Semi-Árido no município de Petrolina, PE em janeiro de 2003.

O fato
Esta planta foi obtida de sementes plantadas em janeiro de 1982 no BAG (Banco Ativo de Germoplasma) da Embrapa Semi-Árido na caatinga do município de Petrolina, PE. As sementes foram semeadas para avaliação do percentual de germinação. As plantas que sobraram dos experimentos foram deixadas para crescer e avaliar seu desenvolvimento. No período de observação, foram coletadas diversas plantas cada ano. Os primeiros frutos foram obtidos de plantas aos 4 anos de crescimento com uma média de 1 fruto por planta. Aos 10 anos, foram colhidos até 23 frutos, em média por planta e aos 21 anos foram colhidos, em média, 3.427 frutos por planta.

Detalhes dos xilopódios do imbuzeiro


A foto

Nesta foto podemos observar os detalhes da disposição dos xilopódios em uma planta de imbuzeiro. Para obtermos esta fotografia, foi realizado um trabalho de retirada de todo o solo na área de um metro quadrado. A foto é de uma planta localizada na comunidade de Alto do Angico no município de Petrolina, PE no ano de 2004.

O fato

Os xilopódios do imbuzeiro são raízes modificadas compostas de reservas nutritivas que as plantas utilizam no período de dormência vegetativa e na estiagem para sua sobrevivência. Há uma grande variabilidade entre as plantas quanto o número de xilopódios, apresentando uma variação de 46 xilopódios para plantas com 2 a 3 anos de idade até 2.075 túberas para planta com idade estimada de 70 a 100 anos. O que temos observado nos trabalhos é que o número de xilopódios vai aumentando com a idade da planta, contudo, em plantas muito velhas, há uma redução significativa do número de xilopódios. Este fato pode ocorrer devido o maior desenvolvimento do sistema radicular destas plantas. Os xilopódios são utilizados pelos agricultores para alimentação dos animais na seca, para produção de doce e muitas vezes como alimento na caatinga. Na história os xilopódios tem sido muito relatado, principalmente no Livro " Os sertões" que relata a querra de Canudos. Neste livro, Euclides da Cunha diz que"... Os soldados famintos, cavavam os imbuzeiros em redor, arrancando-lhes os tubérculos para iludir a fome e a sede" .... "...Na época da guerra, uma raiz de imbu valia ouro, muitos soldados trocavam partes de seus armamentos por cucas de imbuzeiro". Na remoção dos doentes e feridos da Quarta Expedição comandada pelo General Cláudio do Amaral Savaget em 1896 para Monte Santo, a fome e a sede dos soldados era aliviada pelos tubérculos dos imbuzeiros.


sexta-feira, 6 de abril de 2007

A composição nutricional do fruto do imbuzeiro


A foto
Nesta foto podemos observar frutos do imbuzeiro em diferentes estádios de maturação. O fruto verde claro é considerado "imbu de vez" ou "inchado" e o amarelo é o imbu maduro. Esta foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE na safra de 2006.
O fato
O fruto do imbuzeiro apresenta as seguintes características: umidade (%) 89,89; calorias (Kcal/100g)28,32; fibra alimentar 1,39g; proteína 0,65g; lipídeos 0,25g; vitamina A 30 mg; vitamina B1 0,04mg; cinzas (%) 0,35; glicose (%) 1,88; sacarose (%) 6,67; glicídios totais (%) 7,95; pH 2,45; brix 10,0 para o fruto maduro e 7,45 para o fruto de vez; acidez titulável total (ácido cítrico %) 1,23; vitamina C (ácido ascórbico mg/100g) 33,27; fósforo (mg) 15,97; cálcio (mg/100g) 26,33; ferro (mg/100g) 1,66; tanino (mg/100g) 126,27 e pectina (%) 2,12.

A germinação de sementes do imbuzeiro


A foto


Nesta foto, podemos observar as diversas etapas da germinação da semente do imbuzeiro. A foto foi realizada na casa de vegetação da Embrapa Semi-Árdio em Petrolina, PE.


O fato


O imbuzeiro apresenta propagação sexuada ou gâmica. A propagação sexuada é obtida por meio de enxertia e estaquia. A propagação gâmica ocorre por meio das sementes. Na caatinga, a principal forma de propagação do imbuzeiro é as sementes. As sementes do imbuzeiro apresentam uma dormência inicial que está relacionada diretamente com a maturidade fisiológica. Esta dormência pode prolonga-se de 15 a 180 dias, variando entre plantas. Todavia, em alguns casos, sementes plantadas no mesmo dia da colheita apresentam um baixo índice de germinação (1 a 3%). Já sementes plantadas aos 180 dias após a colheita apresentam índice de germinação de até 98%. A germinação tem início entre 5 e 8 dias após o plantio da semente, contudo, se houve falta de umidade no solo, as sementes só iniciam a germinação quando as condições estiverem adequadas, isto pode levar até mais de um ano.

Planta de imbuzeiro com 75 anos de crescimento


A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com idade estimada em 75 anos. A foto foi realizada na caatinga do município de Petrolina, PE.

O fato


Para realizarmos o trabalho de determinação da idade desta planta, a produção de frutos foi acompanhada por cinco anos e plantada 120 mudas provenientes das sementes na área de caatinga onde a planta se encontrava. A planta foi cortada e todas suas dimensões foram anotadas. A planta apresentava as seguintes medidas: Altura da planta: 6,78 m; Diâmetro do caule ao nível do solo: 72,33 cm; Circunferência do caule ao nível do solo: 1,66 m; Maior diâmetro copa: 13,32 m; Menor diâmetro copa: 7,74 m; Altura da copa: 4,77 m.; Altura do fuste: 1,16 m; Peso galhos e folhas: 391,88 kg; Peso das folhas verde: 78,36 kg; Maior comprimento raiz lateral: 15,65 m; Maior profundidade da raiz: 1,66 m; Número de xilopódios: 2.075; Peso total dos xilopódios: 4.049,50 kg.; Peso médio dos xilopódios: 1,95 kg.; Produção média de frutos em 5 anos: 397 kg.

Planta de imbuzeiro com um ano de crescimento

A foto

Nesta foto podemos observar uma planta de imbuzeiro com 1 ano de idade. A foto foi obtida em janeiro de 2005 na caatinga do município de Petrolina, PE.


O fato

Uma planta jovem de imbuzeiro com um ano de idade apresenta as seguintes características: Altura da planta: 87,25 cm; Diâmetro do caule ao nível do solo:0,912 cm; Circunferência do caule ao nível do solo: 6,54 cm; Maior diâmetro da copa: 38,27 cm; Menor diâmetro da copa:12,45 cm; Altura da copa: 68,54 cm; Altura do fuste: 18,71 cm; Peso dos galhos e folhas: 275,75 g; Peso das folhas: 36,5 g; Comprimento raiz lateral: 38,47cm; Profundidade da raiz: 68,56 m; Número de xilopódios: 4; Peso dos xilopódios: 22,45 g; Peso médio dos xilopódios: 5,61 g.

O consumo de folhas secas do imbuzeiro pelos caprinos


A foto
Nesta foto, podemos observar um rebanho de caprinos consumindo folhas secas e maduras caídas do imbuzeiro. A foto foi obtida no mês de julho de 2006 no município de Petrolina, PE.
O fato
Quando o imbuzeiro inicia a senescência folhiar nos meses de maio a julho, uma grande quantidade de folhas caem das plantas ao chão e são consumidas pelos caprinos, ovinos e bovinos. A importância das folhas do imbuzeiro neste período é que na caatinga tem início o período de estiagem que prolonga-se até o mês de novembro/dezembro e a oferta de alimentos para os animais é muito baixa. A folha seca e madura do imbuzeiro contém: 87,71% de matéria seca; 13,11% de proteína bruta; 35,15% de fibra em detergente neutro; 16,87% de fibra em detergente ácido e 39,56% de digestibilidade "in vitro" da matéria seca. Em média, uma planta de imbuzeiro fornece até 54 kg de folhas secas e maduras para os animais.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

A germinação de sementes de mamãozinho-de-veado


A foto
Nesta foto, podemos observar uma infloresçência do mamãozinho-de-veado e alguns frutos já desenvolvidos. A foto foi obtida na caatinga do município de Petrolina, PE, na safra de 2006.

O fato
O mamãozinho-de-veado (Jacaratia corumbensis O. Kuntze - CARICACEAE) é um arbusto da caatinga do Nordeste, cujos frutos são consumidos pelos animais silvestres. O sistema radicular é constituído de xilopódios que pode alcançar até 350 kg. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do período de armazenamento no vigor das sementes do mamãozinho-de-veado. O trabalho foi realizado no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2005 em uma área sob telado na Embrapa Semi-Árido em Petrolina – PE. As sementes foram obtidas de frutos maduros em uma única planta. O teor de água inicial foi obtido de uma amostra pelo método de secagem em estufa a 105 ± 3°C por 24 horas. O lote das sementes foi dividido em três sublotes e armazenado sob temperatura de 26°C ± 2°C e 65% UR até o período da semeadura que ocorreu até 6, 12 e 24 meses. O delineamento estatístico foi de blocos ao acaso, com três tratamentos e quatro repetições. A semeadura foi efetuada em caixas de zinco medindo 34 cm x 27 cm x 9 cm, em substrato de areia lavada em profundidade média de 1,5 cm e irrigadas diariamente. Efetuou-se a contagem diária do número de plântulas emergidas durante o período de avaliação. O peso médio das sementes na colheita foi de 2,39 mg. Na semeadura o lote 1 apresentava 59,36% de teor de água. Os demais lotes apresentavam teores de água de 52,34% e 43,85%, respectivamente. A emergência e o índice de velocidade de emergência das sementes armazenadas até 6 meses foi de 87,54% e 4,89, respectivamente. A emergência e o índice de velocidade de emergência decresceram para as sementes armazenadas até 12 meses (36,54% e 1,87). Aos 24 meses, houve perda total do vigor das sementes. Pelas características observadas, as sementes do mamãozinho-de-veado podem ser classificadas como recalcitrantes.

A renda obtida pelos agricultores com a venda do imbu


As fotos

Nestas fotografias, podemos observar um grupo de agricultoras vendendo frutos do imbuzeiro às margens da BR. As fotografias foram obtidas no município de Jaguarari, BA.





Os fatos

A agricultura familiar da região semi-árida do Nordeste brasileiro tem sua sustentabilidade na exploração de culturas de subsistência como milho, feijão e mandioca e a criação de caprinos e ovinos. Por outro lado, há outras fontes de renda e de absorção de mão-de-obra, bastante significativas, como o extrativismo vegetal, de modo especial, o fruto do imbuzeiro. O negócio com o umbu na região semi-árida do Nordeste, que vai da colheita, comercialização, processamento de doces e polpas, chegam a rende cerca de US$ 6 milhões ao ano para economia regional. O imbuzeiro tem grande importância socioeconômica para as populações rurais da região semi-árida do Nordeste, no fornecimento de frutos saborosos, nutritivos e túberas, radicular doce e rica em água. O extrativismo do fruto do imbuzeiro é praticado nos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia e na parte semi-árida de Minas Gerais, sendo o Estado da Bahia o maior produtor com uma média 10.000 toneladas colhidas por ano. O objetivo de trabalho foi estudar a participação do extrativismo do fruto do imbuzeiro na absorção de mão-de-obra e geração de renda dos pequenos agricultores de 5 comunidades localizadas na região semi-árida do estado da Bahia. O trabalho foi realizado em 5 comunidades de pequenos agricultores localizada na região semi-árida do estado da Bahia, cuja tradição é o extrativismo vegetal do fruto do imbuzeiro. A investigação ocorreu em duas etapas. A primeira ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2001, quando foram realizadas visitas as comunidades para o levantamento das famílias que tinham pessoas envolvidas no extrativismo do fruto do imbuzeiro. A segunda etapa do trabalho aconteceu durante a safra do imbuzeiro nos meses de janeiro a março de 2002, quando foi realizado um acompanhamento junto aos agricultores de cada comunidade que participaram da colheita do imbu. Nas comunidades onde foi realizado o acompanhamento da safra do imbuzeiro em 2002, observou-se que esta atividade teve uma contribuição significativa na absorção de mão-de-obra e na geração de renda para os pequenos agricultores. Um total de 293 agricultores participaram da colheita em 2002 nas 5 comunidades, com uma média de 58 agricultores envolvidos nesta atividade por comunidade. Na comunidade de Fazendinha, 58 agricultores colheram imbu em 2002 num período médio de 69 dias de colheita. Essa atividade proporcionou uma renda média de R$ 396,03 para cada agricultor, seguidos pelos agricultores da comunidade de Favela, cuja renda média foi de R$ 350,14 equivalentes a 1,95 salários mínimos vigentes na época. No entanto, a comunidade onde o maior número de agricultores participaram da colheita do fruto do imbuzeiro na safra de 2002 foi a de Barracão com 87 pessoas. Os recursos provenientes do extrativismo do fruto do imbuzeiro têm uma participação bastante significativa na composição da renda familiar dos pequenos agricultores das comunidades analisadas, principalmente, como renda disponível no período de entressafra.
posted by O

A regeneração natural e dispersão de sementes de imbuzeiro na caatinga

A foto
Nesta foto, podemos observar uma plântulas de imbuzeiro na caatinga nativa aos 12 dias após a emergência. A foto foi obtida em uma área de caatinga nativa do município de Petrolina, PE.

O fato

O imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) é uma fruteira nativa do Nordeste, cujos frutos servem de alimento para as populações rurais, animais domésticos e silvestres. Contudo, tem-se observado à ausência de plantas jovens em seu ambiente natural, cuja causa tem sido atribuída em sua maioria à dificuldade que as sementes do imbuzeiro apresentam para germinar, ao desmatamento desordenado e aos danos causados as plântulas que emergem pelos insetos, animais silvestres e, principalmente, pela irregularidade das chuvas na região. Foi realizado um levantamento da regeneração natural e da dispersão do imbuzeiro nas condições da caatinga nativa e degradada. O trabalho foi realizado no período de outubro de 2002 a dezembro de 2005 em área de 12 hectares de caatinga degradada da comunidade de Alto do Angico e 12 hectares de caatinga nativa na Estação Experimental da Embrapa Semi-Árido no município de Petrolina, PE. A vegetação da comunidade é caracterizada como caatinga hiperxerófila arbustiva-arbórea com o estrato herbáceo bastante degradado pelo pastejo intensivo de caprinos. Na Estação Experimental a vegetação é composta por caatinga hiperxerófila arbustiva-arbórea com o estrato herbáceo composto por uma grande densidade de espécies. Em outubro de 2002, antes do início da queda de frutos maduros da safra de 2002/2003 foram selecionadas ao acaso, 16 plantas nativas de imbuzeiro, sendo oito plantas localizadas na área de caatinga nativa e oito plantas na área de caatinga degradada. Em cada planta foram demarcados doze transectos de 1 m de largura por 25 m de comprimento, partindo da base do caule no sentido norte/sul e leste/oeste. Em cada transecto foram demarcadas cinco unidades amostrais com 1 m² a cada 5 m de distância, totalizando-se 60 unidades amostrais por transectos/planta com 60 m² de área amostrada por planta, onde foram mensuradas as sementes encontradas no solo e as plântulas de imbuzeiro. Foram realizadas observações em quatro transectos por ano, sendo que no segundo e terceiro ano, foram demarcados novos transectos, deslocados 30º no sentido anti-horário. As observações foram realizadas a cada 15 dias na estação chuvosa e 30 dias na estação seca dos anos de 2003, 2004 e 2005.O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da observação de sementes e plântulas em cada unidade amostral dos transectos, sendo: 1) unidade amostral 1 sob a projeção da copa; 2) unidade amostral 2, afastada a 5 m da copa da planta; 3) unidade amostral 3, afastada a 10 m da copa da planta; 4) unidade amostral 4, afastada a 15 m da copa da planta; 5) unidade amostral 5, afastada a 20 m da copa da planta; 6) unidade amostral 6, afastada a 25 m da copa da planta; e dois tipos de vegetação (área de caatinga nativa e área de caatinga degradada). As variáveis analisadas foram: a) número de sementes/m2 em cada unidade amostral; b) número de plântulas e c) agentes dispersores das sementes. Os resultados obtidos demonstraram que o principal mecanismo de dispersão das sementes do imbuzeiro na caatinga nativa tem sido por pequenos animais com destaque para o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha), o caititu (Tayassu tajacu), a raposa (Dusicyon thous), o teiú (Tupinambis merianae), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e na caatinga degradada o caprino (Capra hircus). Contudo foi registrada a ocorrência, embora pequena, da dispersão hidrocória em riachos temporários formados logo após as chuvas na caatinga, principalmente na área degradada. A unidade de dispersão do imbuzeiro é um fruto de forma globosa a elipsóide, apresentando epicarpo (casca), com uma grande diversidade de espessura, glabo ou piloso, de cor verde quando imaturo e amarelo a brancacento quando maduro. O fruto apresenta comprimento variando de 2,6 a 4,2 cm e diâmetro de 2,2 a 4,0 cm. O peso do fruto do imbuzeiro varia de 5 a 42,8 g. O mesocarpo (polpa) é mole, suculenta, de cor amarelo-esverdeada a branco-esverdeada, de sabor agridoce. O endocarpo lenhoso envolve a semente que constitui o caroço. O caroço do imbuzeiro apresenta comprimento variando de 1,5 a 2,5 cm e diâmetro de 1,1 a 1,6 cm. O peso do caroço varia de 1,16 a 3,0 g.No primeiro ano de observação foi encontrada na caatinga nativa, uma média de 1003,5 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos localizadas a 5 m do tronco da planta-mãe. Desse total, 56,85% correspondiam a sementes de safras anteriores e 43,15% a sementes da safra atual. Das sementes das safras anteriores, 89,29% estavam danificadas, principalmente com o embrião destruído e 10,71% consideradas como sementes normais, possíveis de germinação. Observaram-se, em média, 173,25 sementes/m2 nas segundas unidades amostrais nos transectos. Nas demais unidades amostrais o número de sementes não foi significativo. As sementes da safra anterior encontradas no solo com condições de germinação confirmam a formação de um banco de sementes no solo pelo imbuzeiro, ao contrário de outras espécies lenhosas da caatinga como Anadenantera colubrina que não forma banco no solo. As sementes da safra atual, reconhecidas pelo aspecto brilhante do tegumento, apresentavam 78,82% danificadas.Na área degradada, observou-se, em média, 31,25 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos, sendo 78,57% de safras anteriores e 21,43% da safra atual. Quanto à ocorrência de plantas jovens, na área de caatinga nativa foram registradas 2,5 plantas.m-2 durante a estação chuvosa nas primeiras unidades amostrais e 1,5 plantas.m-2 nas segundas unidades amostrais dos transectos. Contudo, nenhuma das plantas jovens da área de caatinga nativa sobreviveu ao período de estiagem. Na área de caatinga degradada foram registradas a presença de plantas jovens nas primeiras unidades amostrais, com apenas 2 plantas.m-2 na quarta unidade amostral do terceiro transecto e 1 plantas.m-2 na segunda unidade amostral do quarto transecto no período chuvoso. Todavia, as plantas jovens encontradas não resistiram a estiagem do período seco e morreram, confirmando a hipótese de Araújo (1998) de que ao final da estação chuvosa, plântulas ou morrem ou são recrutadas para o estádio juvenil na estação chuvosa subseqüente. No segundo ano quando os transectos foram deslocados 30º no sentido anti-horário foi encontrada na caatinga nativa, uma média de 850,75 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos. As sementes de safras anteriores representavam 57,48% e 42,36% das sementes eram da safra atual. Do total das sementes, 87,32% estavam danificadas e 12,68% normais, possíveis de germinação. Nas observações realizadas nas segundas unidades amostrais dos transectos no segundo ano, foram registradas, em média, 80,5 sementes/m2, sendo encotradas algumas sementes nas terceiras e quartas unidades amostrais. Na área de caatinga degradada, foram registradas, em média, 36 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos, sendo 79,86% de safras anteriores e 20,14% da safra atual. No segundo ano foram registradas à ocorrência de plantas jovens, na área de caatinga nativa com média de 2 plantas.m-2 na estação chuvosa nas primeiras unidades amostrais, com algumas plantas também nas segundas unidades amostrais dos transectos 1, 2 e 3. Na área de caatinga degradada foi registrada a presença de 1 plantas.m-2 na segunda unidade amostral do quarto transecto.Os resultados das observações realizadas nos transectos deslocados 60º do local onde foi realizado o levantamento no primeiro ano estão demonstrados na Tabela 5 onde foi registrada na caatinga nativa, uma média de 927 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos. As sementes de safras anteriores representavam 57,07% e 42,93% eram sementes da safra atual. Das sementes da safra anterior 86,39% estavam danificadas. Nas sementes da safra atual, 77,89% encontravam-se com o embrião danificado. Dessas sementes, 82,24%, em média continham larvas de insetos. Na caatinga degradada foram encontradas, em média, 23 sementes/m2 nas primeiras unidades amostrais dos transectos deslocados a 60º. Dessas sementes, 82,61% eram de safras anteriores e 17,39% da safra atual. O grau de sementes danificadas na área de caatinga degradada foi semelhante ao da caatinga nativa. Nas observações realizadas nas segundas unidades amostrais nos transectos do terceiro ano, foram registradas, em média, 846 sementes/m2 na caatinga nativa e 23 sementes/m2 na caatinga degradada. No terceiro ano de observação não foi registrada à ocorrência de plantas jovens em nenhuma unidade de observação na área de caatinga degradada. Contudo, foram encontradas algumas plantas jovens nas unidades amostrais da caatinga nativa. Os dispersores das sementes de imbuzeiro observados na área de catinga nativa foram o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira)(G. Fischer, 1814), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha)(Lichtesnstein, 1823), o caititu (Tayassu tajacu)(Link, 1795), a raposa (Dusicyon thous)(Linnaeus, 1766), o teiú (Tupinambis merianae)(Linnaeus, 1758), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus)(Linnaeus, 1758) e o guará ou guaxinim (Procyon cancrivous)(G. Cuvier, 1798) e na área de caatinga degradada o caprino (Capra hircus). O veado-catingueiro e o caititu são os principais dispersores de sementes do imbuzeiro na área de caatinga nativa. O veado consome os frutos maduros caídos ao solo embaixo das plantas de imbuzeiro percorrendo trilhas de até 8 km na caatinga no período de safra e regurgita parte das sementes dos frutos consumidos em seus locais de pousio. Embora, o caititu apresente hábitos alimentares mais generalizados, alimentando-se igualmente de raízes, tubérculos e sementes, no período da safra do imbuzeiro, os frutos são muito importantes na dieta desses animais na caatinga. O caititu alimenta-se dos frutos do imbuzeiro em manadas de 6 a 12 animais e percorre trilhas de até 13 km na caatinga, dispersando as sementes. O tatu-peba alimenta-se dos frutos caídos no solo embaixo das plantas de imbuzeiro no período da safra e dispersas as sementes nas fezes em diferentes pontos da caatinga. Contudo, o tatu-peba tem causado a morte de muitas plantas jovens pelo consumo de seu xilopódio na estação seca. O teiú é um dispersor de sementes de muitos frutos em toda área de seu habitat. Na área de caatinga nativa, o teiú visita as plantas de imbuzeiro no período entre as 10:45 às 15:30 horas e consome os frutos maduros caídos no chão embaixo das plantas e dispersa as sementes nas fezes. A raposa e o guará visitam as plantas do imbuzeiro, principalmente à noite e consomem a polpa dos frutos embaixo das plantas e dispersa as sementes nas proximidades. A uma concorrência forte entre o guará e a raposa pelos frutos do imbuzeiro e quando um está embaixo de uma planta o outro faz ameaças até que este se retire e o outro inicia o consumo dos frutos. Quando a raposa ou o guará saem procurando outra planta, eles seguem mastigando alguns frutos e dispersando suas sementes no caminho. A presença de frutos na dieta das raposas. A cotia é um dispersor e predador de sementes do imbuzeiro na caatinga, principalmente em áreas nativas. Durante o período da safra a cotia consume a polpa dos frutos e a amêndoa das sementes secas, como também dispersa as sementes na área próxima a seu habitat enterrando-as no solo para consumi-las posteriormente. Todavia, parte destas sementes é esquecida pelos animais e germinam, transformando-se em novas plantas.Nas áreas de caatinga degradada o principal dispersor das sementes do imbuzeiro são os caprinos. Com esses resultados pode-se concluir que na caatinga nativa o banco de sementes das plantas de imbuzeiro, apresenta um número de sementes bastante significativo no solo embaixo da copa, tanto de sementes das safras anteriores, quanto da safra atual. Contudo, a maior parte das sementes apresenta danos que impossibilitam sua germinação. Na caatinga degradada o banco de sementes é muito pequeno e praticamente sem sementes das safras anteriores. A dispersão das sementes na caatinga nativa encontra-se concentrada nas duas primeiras unidades amostrais. Quanto à ocorrência de plantas jovens, há predominância nas primeiras unidades amostrais da caatinga nativa com média de 2,5 plantas.m-2 durante a estação chuvosa. Os dispersores das sementes de imbuzeiro observados na área de catinga nativa foram o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), a cotia (Dasyprocta cf. prymnolopha), o caititu (Tayassu tajacu), a raposa (Dusicyon thous), o teiú (Tupinambis merianae), o tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e o guará ou guaxinim (Procyon cancrivous) e na área de caatinga degradada o caprino (Capra hircus).

As fabriquetas de doce do fruto do imbuzeiro


A foto
Nesta foto, podemos ver agricultoras da comunidade de Fazenda Brandão no município de Curaçá, BA, processando doce, geléia e suco de imbu. A foto foi obtida na safra de 2004.

O fato

As fabriquetas são núcleos de produção de tecnologias populares, com características e funções comunitárias, que visam o fortalecimento da renda familiar. No interior da região semi-árida do Nordeste as fabriquetas estão sendo cada vez mais implementadas para o aproveitamento dos produtos regionais, com destaque para a produção de derivados de leite no estado de Sergipe, de castanha do caju no Ceará e Rio Grande do Norte e do fruto do imbuzeiro no estado da Bahia. A COOPERCUC, Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos Uauá e Curaçá coordena a ação de 13 fabriquetas de derivados do fruto do imbuzeiro no Estado da Bahia. O agronegócio do imbu movimenta, anualmente mais de US$ 6 milhões. Mais recentemente, parte da produção de derivados do fruto do imbuzeiro como doces e geléias foram exportadas para a França, seguindo os caminhos já traçados pela castanha do caju e outros produtos provenientes de fruteiras nativas da região semi-árida do Nordeste. A produção extrativista do imbuzeiro na região foi de 9.237 toneladas em 2004. O Estado da Bahia é o maior produtor de frutos do imbuzeiro e o maior consumidor. Contudo, considerando que esse volume indicado pelo IBGE não incluem os frutos utilizados nas dezenas de fabriquetas da região, a potencialidade do imbuzeiro é muito além do que se conhece. O objetivo deste estudo foi identificar as fabriquetas de processamento de doce do fruto do imbuzeiro em comunidades da região semi-árida do Nordeste. O trabalho foi realizado de janeiro a dezembro de 2005. Foram realizadas viagens às comunidades dos municípios de Casa Nova, Juazeiro, Curaçá, Uauá, Jaguarari e Canudos no Estado da Bahia para identificação das comunidades onde os agricultores realizaram o extrativismo do fruto do imbuzeiro. Foram visitadas 28 comunidades. As informações obtidas foram submetidas a análises estatísticas. No levantamento realizado nas 28 comunidades dos municípios de Curaçá, Uauá, Canudos, Jaguarari, Juazeiro e Casa Nova no Estado da Bahia foram contados 361 famílias que tiveram pessoas envolvidas no extrativismo do fruto do imbuzeiro na safra de 2005. Desse total, apenas 107 famílias tiveram pessoas que participaram do processamento do fruto do imbuzeiro em 15 comunidades que possuem fabriquetas de doce. As demais famílias que colheram imbu em 2005 venderam os frutos para atravessadores, nas margens das rodovias que cruzam a região e nas feiras livres das cidades mais próximas, principalmente em Juazeiro da Bahia e Petrolina, PE. Os frutos adquiridos pelos atravessadores foram distribuídos, principalmente na Feira de São Joaquim em Salvador. As famílias que participaram das fabriquetas obtiveram uma renda média de R$ 3.896,16 com a comercialização dos produtos. Já para as famílias que venderam os frutos in natura, a renda média foi de R$ 819,68. Em algumas comunidades as pequenas fabriquetas já possuem estruturas que dão melhores condições para o trabalho de preparação de doces, sucos e geléias. Todavia, nas comunidades onde esta atividade está iniciando, a condição de processamento são mínimas. A colheita de frutos do imbuzeiro realizada pelos agricultores das comunidades acompanhadas na região semi-árida do Estado da Bahia é de grande importância para a absorção de mão-de-obra e geração de renda da maioria das famílias rurais da região. Essa atividade contribui para fixação do homem no campo por meio da renda disponível na entressafra do imbuzeiro. As fabriquetas têm demonstrado que o processamento mínimo possível dado ao fruto do imbuzeiro pode ser um diferencial na composição da renda dos agricultores, além de garantir trabalho nos demais meses do ano.

O cascudo da flor do imbuzeiro


A foto

Nesta fotografia podemos observar uma inflorescência do imbuzeiro após o ataque do cascudo. A fotografia foi obtida na caatinga do município de Jaguarari, BA, no mês de setembro de 2005.

O fato

O imbuzeiro perde as folhas logo depois do inverno, e assim evita a transpiração e perda de água. Esse processo ocorre num período, médio de 43 dias, que corresponde ao início do verão, ficando as plantas em estado de dormência vegetativa, contudo seus os xilopódios estão cheios de reservas nutritivas o que garante a sobrevivência da planta e sua floração e frutificação. Na primeira quinzena de agosto a setembro, quando ocorrem as primeiras chuvas de verão, modificam-se a temperatura e a umidade relativa do ar, acelerando o metabolismo da planta com o aparecimento das primeiras flores e folhas. É neste período que ocorre o ataque de pragas, causando a queda das flores, das folhas novas e dos frutos em formação. Este ataque acontece normalmente à noite, quando ocorre a abertura das flores do imbuzeiro, o que, se dá durante a madrugada, da hora zero às quatro, ocorrendo o pico de abertura às duas horas da madrugada. Para o acompanhamento dos danos provocados pelos insetos as plantas, as observações devem ter início antes do nascer do sol, por volta das 4 horas da manhã, pois, com os primeiros raios do sol, os insetos se alojavam no solo e embaixo de pedras e troncos, por serem insetos de hábitos noturnos. O cascudo é um pequeno coleóptero da família Scarabaeidae, gênero Philoclaenia sp., medindo, aproximadamente 8,89 mm de comprimento e 3,24 mm de largura, de coloração marrom clara que voa, em geral, ao crepúsculo ou durante a noite, e causa danos aos ramos novos e inflorescências de algumas plantas. O cascudo (Philoclaenia sp.)  ataca os ramos novos dos imbuzeiros, destruindo-lhes as inflorescências e as folhas novas, e, em algumas plantas, provocando a queda dos pequenos frutos recém-formados, ou causando lesões em sua casca. Em Lagoa do Imbu, 88% das plantas de imbuzeiro foram atacadas pelo cascudo na safra de 2005.  Os danos causados à floração do imbuzeiro pelo cascudo estão relacionados diretamente com os botões florais, flores, primeiros frutos e as folhas novas, os quais são totalmente destruídas pelo inseto. O cascudo causa danos na floração e na frutificação do imbuzeiro, retardando a safra em decorrência da queda da floração inicial e uma diminuição significativa na produção.
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